Eritrograma: o que o exame de sangue revela sobre anemia e oxigenação
Saiba como a análise dos glóbulos vermelhos, ou série vermelha, fornece pistas vitais sobre sua energia e saúde geral

O médico entrega o resultado do seu check-up e menciona a palavra “eritrograma“. O termo pode soar complexo, mas ele descreve uma das partes mais importantes do hemograma, o exame de sangue mais comum na rotina clínica. É como um relatório detalhado sobre as células responsáveis por uma função vital: transportar oxigênio para todo o corpo.
Ao analisar a quantidade, a forma e o funcionamento dos glóbulos vermelhos (as células que mantêm sua energia e vitalidade) o eritrograma ajuda médicos a investigar desde cansaço persistente até alterações no sistema cardiovascular.
Por isso, mesmo sendo apenas um dos itens do hemograma completo, ele se torna uma ferramenta poderosa para avaliar a saúde geral e identificar precocemente possíveis doenças.
Neste artigo, você vai ler:
O que é o eritrograma e por que ele é solicitado?
O eritrograma é a seção do hemograma completo dedicada à análise da série vermelha do sangue. Em outras palavras, ele avalia a quantidade e as características dos seus glóbulos vermelhos, também conhecidos como eritrócitos ou hemácias. Essas células contêm hemoglobina, uma proteína rica em ferro que se liga ao oxigênio nos pulmões e o distribui para todos os tecidos e órgãos.
É fundamental que essas células vermelhas sejam flexíveis e consigam se deformar facilmente. Se as hemácias estiverem rígidas ou aderindo umas às outras, o fluxo sanguíneo nos vasos menores fica prejudicado. Essa dificuldade de circulação impede a distribuição eficiente de oxigênio e pode ser um indicador de risco cardiovascular.
Assim, a principal função do eritrograma é investigar suspeitas de condições que afetam essa dinâmica. Médicos costumam solicitá-lo para diagnosticar e monitorar quadros de anemia, quando há diminuição de glóbulos vermelhos saudáveis, ou de policitemia, uma condição mais rara, caracterizada pelo excesso dessas células.
Como o eritrograma funciona na prática?
O exame é realizado a partir de uma amostra de sangue simples, geralmente coletada de uma veia do braço. Ele não é um teste isolado, mas sim uma parte integrante do hemograma, que também analisa a série branca (leucograma, células de defesa) e as plaquetas (envolvidas na coagulação).
No laboratório, a análise automatizada e microscópica do sangue permite quantificar e qualificar as células vermelhas, gerando um relatório com diversos parâmetros.
Quais parâmetros são analisados no eritrograma?
O resultado do eritrograma apresenta uma série de siglas e números. Embora a interpretação final seja sempre do médico, entender o que cada item significa pode ajudar a compreender melhor sua saúde. Os principais componentes são:
Contagem de eritrócitos (hemácias)
Este é o número total de glóbulos vermelhos por volume de sangue, em microlitros. Ele indica se a produção de células pela medula óssea está dentro do esperado.
Dosagem de hemoglobina (Hb) e hematócrito (Ht)
A hemoglobina (Hb) mede a quantidade da proteína transportadora de oxigênio. Já o hematócrito (Ht) representa a porcentagem do volume do sangue que é ocupada pelos glóbulos vermelhos. Ambos são elementos cruciais para o diagnóstico de anemia.
É importante notar que o processo natural de envelhecimento impacta esses parâmetros. Com o passar dos anos, ocorre uma queda na contagem de hemácias e nos níveis de hemoglobina e hematócrito. Essa mudança também reduz a capacidade do sangue de liberar oxigênio, o que pode contribuir para uma hipóxia (falta de oxigênio) crônica nos tecidos.
O que um resultado alterado no eritrograma pode significar?
Quando os números do eritrograma fogem do intervalo considerado normal, é comum surgir interesse em investigar melhor. Afinal, esse exame analisa os glóbulos vermelhos, essenciais para transportar oxigênio pelo corpo. No entanto, é importante lembrar que nenhum resultado de exame laboratorial deve ser interpretado isoladamente.
Somente um profissional de saúde pode avaliar o que essas alterações realmente significam, considerando seu histórico clínico, sintomas e outros exames complementares.
Fatores como idade, sexo, estilo de vida e até a altitude do local onde a pessoa vive podem influenciar os intervalos de referência.
A suplementação ou o tratamento com testosterona exógena tem relação causal bem estabelecida com policitemia secundária. Hoje é considerado o evento adverso mais frequente da terapia de reposição de testosterona (TRT), inclusive em homens trans.
Por isso, mais do que “bom” ou “ruim”, o exame funciona como uma pista valiosa para entender como está sua saúde e investigar possíveis desequilíbrios no organismo.
Eritrograma com valores baixos: um sinal de alerta para anemia
Quando parâmetros como a contagem de hemácias, hemoglobina e hematócrito estão abaixo do intervalo de referência, geralmente há um diagnóstico de anemia. Os sintomas mais comuns, como:
- cansaço;
- palidez;
- falta de ar e;
- tontura
Ocorrem justamente porque o transporte de oxigênio para os tecidos está deficiente.
As causas podem ser variadas, desde carências nutricionais (ferro, vitamina B12, folato) e sangramentos crônicos até doenças renais ou condições que afetam a medula óssea.
Condições metabólicas, como o excesso de glicose (açúcar) no sangue, também alteram a função das hemácias. Quando a glicose se liga às células vermelhas de forma excessiva (processo chamado glicação), elas se tornam menos deformáveis e mais rígidas. Essa rigidez compromete a capacidade da hemácia de passar por vasos estreitos, prejudicando a oxigenação.
As hemácias danificadas por esse excesso de açúcar também perdem uma parte do ferro de sua composição. A perda de ferro diminui o carregamento de oxigênio pelo corpo, sendo um fator contribuinte para o acometimento vascular.
Eritrograma com valores altos: o que é policitemia?
O aumento no número de glóbulos vermelhos, chamado de policitemia ou eritrocitose, torna o sangue mais viscoso. Isso pode aumentar o risco de formação de coágulos e de sobrecarga do coração.
As causas incluem desde desidratação e tabagismo até doenças pulmonares crônicas ou problemas na medula óssea.
Como a interpretação do eritrograma ajuda no diagnóstico?
O eritrograma não fornece um diagnóstico isolado, mas sim um caminho para a investigação médica. Por exemplo, ao identificar uma anemia, os índices hematimétricos (VCM, CHCM, RDW) guiam o médico sobre qual tipo de anemia investigar primeiro.
A partir desses dados, o profissional pode solicitar exames complementares, como dosagem de ferro, ferritina, vitamina B12 ou outros testes específicos para confirmar a causa do problema e definir o tratamento mais adequado.
Qual o preparo necessário para o exame?
Na maioria dos casos, o hemograma completo, que inclui o eritrograma, não exige jejum. No entanto, é sempre importante confirmar com o laboratório ou seguir a orientação médica, pois outros exames podem ser coletados na mesma amostra e exigir preparos específicos.
Beber água é permitido e recomendado. Além disso, informe ao profissional de saúde todos os medicamentos e suplementos, mesmo os que não exigem receita médica, que você utiliza, pois alguns podem interferir nos resultados.
Em resumo, o eritrograma oferece pistas fundamentais sobre o equilíbrio da produção de sangue e a eficiência do transporte de oxigênio. Alterações nos seus parâmetros podem indicar desde simples deficiências nutricionais até condições mais complexas que exigem acompanhamento especializado.
Por isso, ao receber seus resultados, o melhor caminho é sempre discuti-los com um profissional de saúde, que poderá interpretá-los corretamente e, se necessário, orientar os próximos passos.
Cuidar da sua saúde começa com informação, e o eritrograma é um importante aliado nessa missão.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.