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    Quais exames são indicados para rastrear diabetes?

    A doença crônica pode ser assintomática e após o diagnóstico precisa de acompanhamento médico

    Por Samantha CerquetaniPublicado em 01/09/2022, às 15:57 - Atualizado em 27/06/2023, às 20:57

    O diabetes tipo 2 ocorre quando as células do corpo não respondem à insulina, mas também já ocorre algum grau de deficiência de insulina. Geralmente, surge em indivíduos com idade acima dos 40 anos por conta de hábitos inadequados (alimentação, sedentarismo, tabagismo e sono irregular). Muitas vezes, pode ser assintomático, ou seja, não apresentar sinais.

    Muitas pessoas não fazem ideia de que têm diabetes ou pré-diabetes. De acordo com a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), cerca de 8% dos pacientes não sabem o tipo de diabetes que têm.

    Além disso, muitos ainda acreditam que é uma doença exclusivamente de idosos, revelando desconhecimento sobre o fato de que ela pode acometer, inclusive, crianças e jovens. E poucos sabem que o diabetes descompensado pode trazer sequelas graves e até o óbito.

    Exames que diagnosticam o diabetes

    Um simples exame de sangue pode identificar se a pessoa está com diabetes. Dessa forma, é possível verificar se há alguma alteração na taxa de glicemia.

    “O principal exame para rastrear o diabetes é a dosagem de glicose no sangue (glicemia de jejum). Em casos de resultados nos limites e indefinição diagnóstica, pode-se solicitar um exame de curva glicêmica para melhor definição diagnóstica e terapêutica”, explica Alexandre Bezerra, endocrinologista do Hospital Santa Paula.

    O exame de curva glicêmica ou teste de tolerância à glicose oral é realizado em diversas etapas, em que são coletadas amostras de sangue em tempos determinados, geralmente em jejum e após 120 minutos da ingestão de um xarope com 75 gramas de glicose. Há ainda o exame de hemoglobina glicada, que mostra a média da glicemia dos últimos três meses. A hemoglobina é o pigmento que dá ao sangue a cor vermelha. No sangue, o açúcar liga-se à hemoglobina, formando a hemoglobina glicada.

    Quanto maior for o nível de glicose na corrente sanguínea, maior será a ligação da glicose com a hemoglobina. E desta forma, maior será o nível de hemoglobina glicada.

    De acordo com o especialista, não há uma idade específica para realizar o monitoramento da glicose. “Na idade adulta, a avaliação deve ser iniciada em todos aqueles pacientes acima do peso, com histórico familiar de diabetes ou sintomatologia relacionada”, complementa Bezerra.
    Quando a glicose está alterada

    A análise da glicemia pode ser feita após um período de jejum ou após uma alimentação. Nesses casos, os valores esperados são diferentes. Vale destacar que é importante repetir os exames para garantir o diagnóstico preciso.

    Os valores de referência são:

    • Glicose ou glicemia em jejum de 8 a 12 horas: 70 a 99 mg/dL;
    • Glicemia após sobrecarga (alimentação ou sobrecarga de glicose): até 140 mg/dL;
    • A glicose de jejum entre 100 e 125 mg/ dL é chamada de glicemia de jejum alterada. Quando atinge 126 mg/dL já é considerado diabetes;
    • A glicose sem jejum, valores acima de 140 mg/dL mostram um diagnóstico de intolerância à glicose e acima de 200mg/dL também indica diabetes.

    Leia mais: Diabetes tem cura? Esclareça suas dúvidas.

    A importância do acompanhamento

    Depois do diagnóstico de diabetes, é importante ficar de olho nos níveis de glicose no sangue, para evitar complicações. Por isso, é fundamental mudar os hábitos alimentares, praticar atividade física e fazer uma consulta regular com os especialistas.

    A medição pode ser feita por meio de um monitor de glicemia, por sensores de glicose ou por exames laboratoriais. A depender da idade do paciente, a glicemia em jejum não deverá ultrapassar 100 a 130 mg/dL. E duas horas após uma refeição, a glicemia não deverá exceder 140 a 180 mg/dL.

    “Indivíduos com diabetes precisam realizar acompanhamento médico cerca de três a quatro vezes ao ano para ajuste da dose das medicações e avaliação do risco de desenvolver complicações crônicas da doença. Quanto mais precocemente for atingido o controle glicêmico adequado, menor o risco, por isso a importância do acompanhamento periódico”, explica Renata Liboni, endocrinologista e professora do curso de Medicina da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).

    Quem tem diabetes precisa realizar um acompanhamento multidisciplinar, com endocrinologista, nutricionista e educador físico. O tratamento passa por mudanças no estilo de vida que contribuem para melhor controle e menor risco de desenvolver as complicações da doença.

    O ideal é que as medidas, inclusive as medicamentosas, sejam implementadas o mais precocemente possível.

    Apesar disso, de acordo com a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), entre 40% e 90% das pessoas que apresentam diabetes não seguem adequadamente o tratamento proposto pelos profissionais de saúde, incluindo os jovens.

    Foto: shutterstock

    Possíveis complicações

    Vale destacar que a descompensação aguda do diabetes pode causar uma grave emergência clínica: a cetoacidose diabética ou o estado hiperosmolar não-cetótico, condições com potencial risco de vida e que necessitam de suporte médico intensivo e imediato.

    Além disso, o diabetes está relacionado a outras complicações agudas e crônicas, entre elas, o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral, além de cegueira, falência renal e alteração da sensibilidade, podendo causar amputações, em casos mais graves.

    “Estas complicações reduzem a qualidade de vida, podem levar ao afastamento precoce das atividades profissionais e aumentam a mortalidade. Por isso o controle e o acompanhamento médico são importantes”, diz Leboni.

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