Galactorreia: o que significa a produção de leite fora da gravidez?
Aumento do hormônio prolactina é a causa mais comum do sintoma. O diagnóstico envolve exames de sangue e de imagem

A saída de leite pelos mamilos pode ser um susto, especialmente quando não há um bebê a caminho. E esta condição tem nome: galactorreia. Embora seja mais associada às mulheres, ela também pode acontecer em homens e até mesmo em bebê. E vários fatores podem causar esse desequilíbrio.
Neste artigo, você vai ler:
Galactorreia: o que é?
Galactorreia é a produção de leite pelas mamas. Quando ocorre na gestação ou após o parto, trata-se de uma condição fisiológica e esperada. Quando fora do período de gestação ou lactação, deve-se pesquisar alguma causa patológica. Essa secreção pode vazar de forma espontânea ou apenas quando a mama é estimulada ou espremida. E pode acontecer em uma ou nas duas mamas.
A condição, que também pode afetar os homens, está quase sempre associada a altos níveis de prolactina. A função normal deste hormônio é estimular a produção de leite para a amamentação após o parto. Mas, quando ele está elevado em outras fases da vida, pode provocar a galactorreia.
Galactorreia é grave?
A galactorreia em si não é um sintoma é perigoso, mas a condição que o provoca pode exigir atenção médica. Por exemplo: se for causada por tumor benigno na hipófise, ele pode em casos mais raros crescer e comprimir áreas importantes do cérebro, levando a dores de cabeça ou problemas de visão.
Outro exemplo: se a causa for o uso de um medicamento, o problema tende a se resolver com a suspensão ou troca do remédio, sob orientação médica.
Portanto, a ocorrência de galactorreia inclui desde condições benignas, até doenças que que podem ser graves em alguns casos.
O que causa a galactorreia?
A causa mais frequente da galactorreia é o aumento da prolactina no sangue, uma condição chamada de hiperprolactinemia. E tumores benignos na hipófise (glândula na base do cérebro) podem ser responsáveis pela ocorrência dessa condição.
Mas outras situações que podem levar à produção de leite fora de hora:
- Uso de antidepressivos, anticoncepcionais, antipsicóticos, opioides e alguns remédios para pressão alta;
- Condições de saúde como hipotireoidismo, insuficiência renal crônica e doenças que afetam o hipotálamo (região do cérebro que controla a hipófise).
- Estímulo excessivo dos mamilos, que pode acontecer durante a relação sexual ou pelo atrito constante com a roupa.
- Ervas como erva-doce e funcho, que podem ter efeitos hormonais.
Há ainda relatos de galactorreia após mastoplastia de aumento, mais conhecida como cirurgia de implante de silicone.
Galactorreia em homens
Em homens, a galactorreia é menos comum, mas também acontece por conta do aumento da prolactina. Além da produção de leite, o excesso desse hormônio pode causar sintomas como a diminuição da libido (desejo sexual) e a disfunção erétil.
Outros possíveis efeitos incluem a infertilidade e a ginecomastia, que é o crescimento das mamas.
Galactorreia em mulheres
Em mulheres, a galactorreia é o sintoma mais evidente do excesso de prolactina. Mas a alteração hormonal pode vir acompanhada de outras mudanças, como irregularidade menstrual, com ciclos que podem se tornar mais longos ou até mesmo desaparecer (amenorreia).
A dificuldade para engravidar também é uma possível consequência, já que a prolactina alta interfere na ovulação.
Outros sintomas que podem aparecer são a diminuição da libido e a secura vaginal, que pode causar desconforto durante as relações sexuais.
Sintomas da galactorreia
O principal sintoma é a saída de uma secreção esbranquiçada e de aspecto leitoso por um ou ambos os mamilos. Essa secreção pode vazar sozinha ou apenas quando a pessoa aperta o mamilo.
Mas, conforme a causa do sintoma, outros sinais podem surgir:
- Em mulheres: alterações ou ausência de menstruação, infertilidade, diminuição do desejo sexual e secura vaginal.
- Em homens: disfunção erétil, diminuição do desejo sexual, infertilidade e aumento do volume das mamas (ginecomastia).
Se a causa for um tumor benigno, ele pode crescer e causar dores de cabeça frequentes e alterações na visão, como visão dupla ou perda de visão periférica.
Quando procurar por um médico?
Sempre que perceber uma produção de leite fora do período de gestação ou amamentação. Isso vale para qualquer quantidade de secreção, mesmo que seja mínima e só apareça ao espremer o mamilo.
O ginecologista costuma ser o profissional procurado pelas mulheres, enquanto homens podem consultar um endocrinologista ou um urologista.
Se for necessário, um mastologista, médico especialista na saúde das mamas, também pode avaliar a secreção e descartar outras condições mamárias.
Exames que auxiliam no diagnóstico
Depois da conversa com o médico e do exame físico, o primeiro exame solicitado costuma ser a dosagem dos níveis de prolactina e o beta-HCG, este último para excluir gestação. O médico também costuma pedir a dosagem de outros hormônios, como os da tireoide (TSH) e outros exames para identificar outras doenças.
Se o resultado do exame de sangue mostrar a prolactina elevada, e se a história clínica excluir a possibilidade de prolactina elevada secundária ao uso de medicamentos, o próximo passo costuma ser uma ressonância magnética do crânio. Ao visibilizar a hipófise, ela pode confirmar se existe um tumor na glândula, além de mostrar seu tamanho e localização exata.
Tratamentos para a galactorreia
Se a causa da galactorreia for a prolactina alta em decorrência de um tumor na hipófise, remédios como a cabergolina são muito eficazes para normalizar os níveis do hormônio, bem como para reduzir o tamanho do tumor. Por isso, a abordagem medicamentosa costuma ser a primeira opção dos médicos.
Mas, se a galactorreia for causada por um remédio que o paciente usa, o médico pode avaliar a possibilidade de trocá-lo ou ajustar a dose. Se o problema for hipotireoidismo ou outra doença, é preciso tratar essa condição.
A cirurgia só é recomendada em casos específicos. Por exemplo, quando um tumor na hipófise é muito grande, não responde bem aos medicamentos ou causa problemas de visão.
A radioterapia pode ser usada em algumas situações, geralmente associada às outras modalidades de tratamento.