Onda de calor: altas temperaturas aumentam riscos de doenças
Períodos de calor intenso podem provocar desidratação, insolação e agravar problemas cardíacos
A onda de calor é um fenômeno climático que causa diversos efeitos prejudiciais à saúde, que vão desde desconfortos leves até condições que podem ser fatais. Estima-se que, no Brasil, entre 2000 e 2020, ocorreram cerca de 50 mil mortes associadas às ondas de calor.
Com as mudanças climáticas, a frequência e a intensidade dessas ondas têm aumentado, tornando esse evento climático cada vez mais comum em várias partes do mundo. Continue a leitura para saber detalhes dos sintomas, como evitar o mal-estar causado pelas altas temperaturas e a importância dos exames de rotina.
Neste artigo, você vai ler:
Onda de calor: o que é?
Uma onda de calor é um período prolongado de temperaturas anormalmente altas, que geralmente superam as médias sazonais de uma região específica.
Esse fenômeno pode durar de vários dias a semanas e é caracterizado por um calor intenso, no qual as temperaturas podem atingir níveis prejudiciais à saúde, com riscos aumentados para doenças relacionadas ao calor, como desidratação e exaustão térmica.
Além do aumento das temperaturas, ondas de calor muitas vezes vêm acompanhadas de baixa umidade, o que intensifica a sensação de calor no ambiente.
Segundo a Unicef, até 2050, quase todas as crianças no mundo — quase 2,2 bilhões de crianças — serão expostas a ondas de calor frequentes.
Época em que geralmente ocorrem as ondas de calor no Brasil
No Brasil, as ondas de calor costumam ocorrer entre os meses de outubro e março, período que abrange a primavera e o verão, quando as temperaturas são mais elevadas. Embora possam ocorrer em outras épocas do ano, a probabilidade de eventos extremos de calor é maior durante o verão.
Possíveis riscos para a saúde causados pela onda de calor
O calor intenso pode representar riscos à saúde, principalmente para grupos mais vulneráveis, como idosos, gestantes, crianças e pessoas com doenças pré-existentes, como diabetes, hipertensão e problemas respiratórios, além de atletas profissionais e amadores.
Entre os principais problemas de saúde causados pelo calor extremo, estão:
- Desidratação: quando o corpo perde mais líquidos do que é capaz de repor, provocando uma deficiência de água e eletrólitos necessários para o funcionamento adequado.
- Exaustão térmica: caracterizada por sintomas como suor excessivo, cansaço extremo, tontura e náuseas, devido ao esforço do corpo para manter sua temperatura interna.
- Insolação: a elevação da temperatura corporal para níveis acima de 40°C, podendo prejudicar funções vitais e, em casos graves, ser fatal. Seus sintomas incluem febre alta, pele seca, confusão e náusea. É uma emergência médica que exige resfriamento imediato e reposição de líquidos.
- Agravamento de doenças cardíacas: o calor intenso pode aumentar o risco de infartos e derrames, especialmente em pessoas com problemas cardíacos preexistentes.
- Comprometimento respiratório: intensifica condições respiratórias como asma e bronquite, em parte devido à poluição do ar associada às altas temperaturas.
- Prejuízo para a saúde mental: a exposição prolongada ao calor extremo pode piorar condições como ansiedade e depressão, além de aumentar o risco de violência e comportamentos agressivos.
Formas de prevenir esses riscos
Para evitar os riscos, é importante manter-se bem hidratado, consumindo água regularmente ao longo de todo o dia para repor os líquidos e eletrólitos perdidos.
A exposição direta ao sol deve ser evitada, especialmente entre as 10h e às 16h, quando a radiação solar é mais forte, buscando sempre permanecer em locais frescos e sombreados. A recomendação é especialmente importante durante a prática de atividade física, já que a perda de suor e eletrólitos se intensifica e o coração é ainda mais exigido.
No dia a dia e na prática esportiva, o uso de roupas leves, de cores claras e feitas de tecidos que permitem a respiração da pele também é fundamental. Assim como o uso de protetor solar, bonés ou viseiras e óculos para proteger a pele e os olhos dos raios UV.
Por fim, adotar uma alimentação leve, rica em frutas e saladas, ajuda a evitar o aumento da temperatura corporal causado pela digestão de alimentos pesados.
Sintomas de insolação
Entre os sintomas de insolação estão a temperatura corporal muito alta (acima de 40°C), pele quente e seca sem suor, confusão mental, desorientação, tontura, desmaio, náusea, vômito, dores de cabeça intensas, frequência cardíaca acelerada e respiração rápida.
Quando esses sinais aparecem, é fundamental buscar ajuda médica imediata, pois a insolação pode ser fatal, se não tratada rapidamente.
Sintomas de desidratação
Os sintomas de desidratação são sede intensa, boca seca, cansaço excessivo, urina escura e com pouco volume, tontura, pele seca e rachada, dor de cabeça, confusão mental e, em casos mais graves, desmaios.
Em bebês nota-se a moleira (fontanela) deprimida e irritabilidade ou sonolência. Além disso, os bebês desidratados podem apresentar elevação da temperatura, que é a hipertermia. Já nos idosos a única manifestação pode ser a confusão mental.
Por que o calor intenso traz riscos para a saúde cardíaca?
Com o aumento da temperatura corporal, o coração precisa bombear mais sangue para a pele, para dissipar o calor do corpo para o meio ambiente, para tentar regular a temperatura interna.
Além disso, quando há desidratação, ocorre redução do volume de sangue circulante por causa da perda de líquidos ou pela falta de ingestão. O calor intenso também provoca dilatação dos vasos sanguíneos, provocando a queda da pressão arterial.
Estas duas situações, desidratação e dilatação dos vasos, fazem com que o coração se acelere, bata mais rápido, para manter a pressão arterial dentro da normalidade.
Indivíduos que já tenham condições cardíacas pré-existentes podem experimentar piora dos sintomas, bem como aparecimento de novos sintomas, como dor no peito, falta de ar e desmaio. Pacientes com insuficiência cardíaca e passado de infarto são os que tem maior risco de complicações durante as altas temperaturas.
Arritmias e infartos, principalmente em pessoas que já têm doenças cardíacas ou pressão alta também podem ocorrer. O calor extremo pode tornar essas condições mais difíceis de controlar, elevando os riscos à saúde.
Importância dos exames de rotina
Os check-ups regulares são importantes para identificar condições de saúde que podem ser agravadas durante uma onda de calor, como problemas cardíacos, respiratórios e de pressão arterial.
Pessoas com doenças preexistentes, como hipertensão, diabetes ou problemas cardíacos, podem ser mais vulneráveis aos efeitos do calor extremo, e um check-up pode ajudar a ajustar tratamentos ou adotar precauções preventivas.
Exames como a medição da pressão arterial, testes de função renal, avaliação dos níveis de glicose e colesterol, além de exames de função pulmonar, ajudam a identificar doenças que podem tornar o corpo mais vulnerável ao calor extremo.
Além disso, esses exames permitem que o médico monitore sinais de desidratação, desequilíbrio eletrolítico e outros riscos associados ao calor, ajudando a evitar complicações graves durante períodos de altas temperaturas.
Fonte: Dra. Natasha Slhessarenko – patologista clínica