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    Diverticulite: o que é, sintomas e tratamento

    A dor intensa no baixo ventre é o sintoma clássico nesta inflamação que se torna mais comum a medida em que envelhecemos

    Fonte: Dr. Décio ChinzonGastroenterologistaPublicado em 22/08/2025, às 08:52 - Atualizado em 22/08/2025, às 08:52

    Diverticulite

    A parede do nosso intestino grosso pode, com o tempo, desenvolver pequenas bolsas ou sacos que se projetam para fora. Essas formações são chamadas de divertículos. Eles são comuns e, geralmente, inofensivos. Mas, quando uma ou mais dessas bolsas inflamam ou infeccionam, elas dão origem à diverticulite. 

    A condição aguda exige atenção médica e possui forte ligação com hábitos de vida, especialmente a alimentação. Conheça a seguir as causas, os sintomas e as opções de tratamento para a condição. 

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    Diverticulite: o que é? 

    A diverticulite é um quadro de inflamação dos divertículos. Você pode estar se perguntando: “Mas o que seriam divertículos?” Vamos lá: imagine a parede do nosso intestino grosso como um pneu. Com o tempo, podem surgir pequenas bolsas ou sacos nessa parede, parecidos com a ponta de um dedo de luva.  

    A presença desses divertículos é chamada de diverticulose. E ela faz parte do processo de envelhecimento de nosso intestino, sendo mais comum a partir dos 50 anos de idade. 

    A diverticulose em si não é uma doença e, na maioria das vezes, não provoca sintomas. Mas quando um ou mais desses divertículos inflamam ou infeccionam, temos a diverticulite. E é ela que causa a dor e os outros sintomas associados ao quadro. 

    Fatores de risco 

    A diverticulite ocorre quando fezes ficam aprisionadas dentro do divertículo permitindo, deste modo, a proliferação de bactérias que vão causar o processo inflamatório.  

    Geralmente, o que causa a formação dos divertículos é uma dieta pobre em fibras associada à baixa ingestão de água. Essa combinação pode levar à prisão de ventre crônica. E o esforço contínuo para evacuar aumenta a pressão no intestino, o que favorece o surgimento das pequenas bolsas. 

    Embora qualquer pessoa possa desenvolver o problema, alguns fatores aumentam o risco. São eles: 

    • Envelhecimento: a condição é muito mais frequente em pessoas mais velhas; 
    • Obesidade, um fator de risco em todas as idades. 
    • Sedentarismo, já que prejudica o funcionamento do intestino. 
    • Tabagismo: hábito ligado a um maior risco de inflamação.

    Sintomas da diverticulite 

    O principal sintoma da diverticulite é uma dor abdominal forte e persistente. Na maioria das pessoas, ela acontece na parte inferior esquerda da barriga. E pode ser acompanhada por febre, calafrios e uma sensação de mal-estar. 

    Outros sinais e sintomas comuns seriam: 

    • Náuseas e vômitos. 
    • Inchaço abdominal ou excesso de gases. 
    • Perda do apetite. 
    • Alteração no hábito intestinal, seja diarreia ou prisão de ventre. 
    • Sangramento, que nem sempre é visível. Por isso, o médico pode solicitar um exame de sangue oculto nas fezes. 

    Em caso de suspeita de diverticulite, é importante procurar um médico. A inflamação pode levar à formação de complicações como abscessos (bolsas de pus) e fístulas (comunicações anormais com outros órgãos, como a bexiga).  

    Em situações mais raras, pode causar uma obstrução intestinal, que impede a passagem de fezes e gases, ou até mesmo a perfuração do intestino, quadros que exigem tratamento de emergência. 

    A identificação e o tratamento precoces podem contribuir para uma evolução com menos risco de complicações. 

    Alimentos não indicados para quem tem diverticulite 

    A estratégia de alimentação muda completamente dependendo do momento: uma coisa é a dieta durante a crise, outra é a dieta para prevenir que ela aconteça. 

    Durante uma crise aguda

    Nesse momento, o intestino precisa de descanso máximo. Por isso, a recomendação médica é adotar uma dieta líquida ou muito leve. Isso inclui caldos, sopas e sucos coados, chás e água.  

    Alimentos sólidos e ricos em fibras são suspensos temporariamente até que a inflamação melhore. 

    Depois da crise

    Agora, o foco é outro. Para prevenir novos episódios, é preciso adotar uma dieta rica em fibras é essencial, mas aumentando aos poucos o consumo de frutas, verduras, legumes e grãos integrais.  

    Beber bastante água ao longo do dia também é fundamental, pois ajuda as fibras a formarem um bolo fecal macio e a facilitarem o trânsito intestinal. 

    Sementes e grãos são proibidos? 

    Por muito tempo, recomendou-se que pessoas com divertículos evitassem sementes e grãos. Havia um receio de que alimentos como milho, nozes, gergelim e sementes de tomate ou maracujá pudessem se alojar nos divertículos e causar uma inflamação. 

    Hoje, essa ideia é considerada um mito. Estudos e a prática clínica mostraram que não há evidências que sustentem essa proibição. Na verdade, muitos desses alimentos são excelentes fontes de fibras.  

    Qual médico procurar? 

    Diante de uma dor forte e súbita no abdômen, procure um serviço de pronto atendimento. Depois do diagnóstico e do tratamento na fase aguda, o acompanhamento pode ser feito com um gastroenterologista ou um coloproctologista, médicos especialistas em doenças do aparelho digestivo. 

    Diagnóstico da diverticulite 

    No exame físico feito no consultório, o médico vai apalpar o abdômen do paciente. Assim, pode identificar o ponto de maior sensibilidade, o que já levanta a suspeita. 

    Para confirmar a diverticulite e, principalmente, para avaliar sua gravidade, um dos exames úteis é a tomografia computadorizada do abdômen e da pelve. Ela mostra a inflamação na parede do intestino e se há complicações, como abscessos. Além disso, exames de sangue podem identificar a presença de infecção. 

    A colonoscopia, que examina o interior do intestino, não pode ser realizada durante a crise aguda pelo risco de perfuração. O médico costuma pedi-la algumas semanas após a recuperação completa do paciente, para avaliar a saúde do cólon e descartar outras doenças. 

    Tratamentos para a diverticulite 

    Na maioria das vezes, quando o quadro é leve e sem complicações, e o tratamento é feito em casa. Ele se baseia em repouso, dieta líquida nos primeiros dias e uso de antibióticos por via oral. 

    A internação hospitalar acontece em quadros mais graves, quando o paciente tem dor muito intensa, não consegue se alimentar, apresenta febre alta ou sinais de complicações. No hospital, o tratamento pode envolver: 

    • Antibióticos e hidratação aplicados na veia. 
    • Jejum para dar um descanso completo ao intestino. 
    • Drenagem de abscessos, geralmente guiada por tomografia.

    Já a cirurgia é reservada para as complicações ou para casos de crises de repetição que afetam a qualidade de vida. A cirurgia de emergência acontece em situações como perfuração do intestino ou obstrução. A eletiva, ou seja, programada, pode ser recomendada para quem sofre com episódios muito frequentes, para remover a parte do intestino mais afetada pelos divertículos. 

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