Sangue oculto nas fezes: para que serve o exame?
A pesquisa de sangue oculto é um exame laboratorial que identificar a presença de sangue nas fezes que não é visto a olho nu
Todos os anos são diagnosticados cerca de 40 mil novos casos de câncer colorretal no Brasil. Além disso, a doença provoca aproximadamente 20 mil mortes anualmente. É o segundo tipo de câncer mais prevalente tanto em homens quanto mulheres, ficando atrás apenas dos tumores de próstata e de mama.
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No entanto, quando o diagnóstico é realizado precocemente as chances de cura chegam até 90%. Neste cenário, entra em cena a importância do rastreamento, com a indicação do exame de sangue oculto nas fezes, por exemplo, além da colonoscopia.
A seguir, veja detalhes sobre o exame de sangue oculto nas fezes, como é feito e as contraindicações.
O que é o exame de sangue oculto nas fezes?
A pesquisa de sangue oculto é um exame laboratorial que tem o objetivo de identificar a presença de sangue nas fezes que não é visto a olho nu. Portanto, consegue detectar frações pequenas de sangue, que são difíceis de visualizar.
O que identifica e quando é indicado?
O exame de sangue oculto nas fezes ajuda no diagnóstico precoce de pequenos pólipos intestinais, quando ainda não há sintomas. Apesar de indicar a presença de sangue não mostra a causa do problema ou local do sangramento.
Por essa razão, muitas vezes, é preciso também realizar outros exames mais específicos, como exames de fezes (que permitem a identificação de possíveis agentes infecciosos) e exames de imagem e colonoscopia com biópsias (que permitem a avaliação do local do sangramento e sua causa).
Além disso, o exame é indicado quando a pessoa tem anemia e investiga-se algum indício de perda de sangue no organismo. Nesses casos, o exame de sangue oculto nas fezes demonstra se existe algum tipo de lesão em qualquer parte do trato gastrointestinal.
Também ajuda a identificar um úlcera no estômago, já que pode causar perdas mínimas de sangue, que não são vistas nas fezes, em coloração escurecida ou mesmo vermelha.
E também é usado teste de triagem de lesões da mucosa das porções baixas do trato digestivo que causam sangramentos, como colites, pólipos intestinais, diverticulite, além do câncer colorretal.
Como o exame de sangue oculto nas fezes é realizado?
O exame de sangue oculto nas fezes é feito a partir de uma amostra que a pessoa envia para o laboratório em coletores descartáveis – não precisa ser um volume muito grande. Mas as fezes precisam ser frescas e encaminhadas preferencialmente no mesmo dia para a análise.
É considerado um método simples, não invasivo e de baixo custo, podendo ser realizado por diversos métodos.
No laboratório, o exame de sangue oculto nas fezes é realizado ao se misturar as amostras com reagentes químicos específicos. Quando há presença de hemoglobina (ou seja, a proteína presente nos glóbulos vermelhos) nas fezes, a mistura muda de cor.
O resultado geralmente sai rapidamente, de um dia para o outro – como positivo ou negativo. No laudo deve constar a metodologia realizada para fazer o exame.
Geralmente, é solicitado a análise de três amostras para aumentar a sensibilidade do exame, já que alguns pólipos apresentam sangramento apenas de vez em quando.
Como se preparar para o exame
Na maioria das vezes, o exame de sangue oculto nas fezes não precisa de nenhum preparo específico. Mas, em alguns casos, dependendo do método, é importante se atentar para a dieta.
De acordo com a SBCP (Sociedade Brasileira de Coloproctologia), é preciso seguir as orientações do laboratório e, em alguns casos, alguns alimentos precisam ser evitados de três a cinco dias antes do exame. Entre eles, estão: carne vermelha, nabo, rabanete e nutrientes como ferro e vitamina C.
Porém, atualmente existem técnicas mais modernas (como testes imunológicos), que realizam o uso de anticorpos contra a hemoglobina humana. Nesses casos, além de ser mais sensível, não exige restrições alimentares.
O método imunocromatográfico, por exemplo, é específico para a detecção de hemoglobina humana nas fezes. Não há interferência do resultado com a presença de hemoglobina de outros animais.
Também não há interferência com corantes nas fezes, cafeína, ferro e vitamina C. Sendo assim, não há necessidade do uso de dieta específica para a realização do exame.
Se a pessoa estiver fazendo uso de aspirina ou anti-inflamatório, que são medicamentos que provocam irritação do estômago ou do intestino, a recomendação é evitar o uso ao menos por 48h antes do exame. Isso evita o risco de um falso positivo.
Quais são as contraindicações
O exame pode ser realizado em pessoas de qualquer idade. Existem algumas contraindicações para realizar o exame de sangue oculto que ajudam a evitar o falso positivo. São elas:
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Não deve ser realizado durante o período menstrual e precisa ser feito até três dias após o término;
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Não deve ser ser feito em pacientes com hemorroidas, fissuras anais ou na presença de urina com sangue;
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Em caso de uso de contraste radiológico por via oral, é necessário aguardar 72 horas para a coleta;
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Quem realizou exames radiológicos ou colonoscopia com laxantes deve aguardar pelo menos 72 horas para coletar as fezes.
Sangue oculto nas fezes positivo: o que pode ser
Se você realizou o exame de sangue oculto nas fezes e deu positivo, é importante se consultar com o médico para ter um diagnóstico correto.
Vale destacar que um resultado positivo não significa um câncer colorretal. Como vimos, a presença de sangue nas fezes indica vários problemas diferentes de saúde. Mas, nesses casos, será fundamental realizar a colonoscopia para descartar tumores na região intestinal.
O exame de sangue oculto nas fezes consegue detectar sangramentos mínimos, mas não substitui a colonoscopia, que é mais minuciosa, consegue verificar as lesões pré-cancerosas (que são os pólipos, que não costumam ter sangramento), o que é muito importante na prevenção da doença.
Também poderá ser solicitada a endoscopia para averiguar se há sangramentos no estômago ou esôfago.
Fontes: Clóvis Massato Kuwahara, gastroenterologista e professor do curso de Medicina da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e Bianca Velasque Pellacani, gastroenterologista e pediatra do Núcleo Assessoria Médica da Dasa.