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    Anticoncepcional masculino deve chegar em breve?

    Injeção local impede espermatozoides de fecundar o óvulo feminino

    Por Danielle SanchesPublicado em 09/11/2022, às 15:47 - Atualizado em 25/05/2023, às 13:47
    Imagem: Shutterstock

    Uma antiga demanda feminina pode finalmente estar em vias de ser lançada oficialmente no mercado: uma nova versão de anticoncepcional masculino menos invasiva e que pode ser facilmente revertida. 

    Esse é o caso da Risug, como é chamada a injeção desenvolvida pelo Instituto Indiano de Tecnologia. Em setembro de 2022, a empresa revelou que havia desenvolvido o produto – que ainda seria capaz de evitar a transmissão do HIV. 

    A injeção está na fase 3 de testes clínicos. A promessa do fabricante é que ela seja liberada para uso já em 2023 e se mostrou com eficácia de 97% durante os testes com voluntários. 

    Como funciona o anticoncepcional masculino?

    A injeção consiste em um gel que é aplicado na área dos ductos deferentes, por onde os espermatozóides (as células reprodutoras masculinas) são levadas até o líquido seminal antes da ejaculação. 

    De acordo com Mauro França, urologista e especialista em cirurgia robótica do Hospital São Lucas Copacabana, no Rio de Janeiro, a substância aplicada funciona tanto como uma barreira mecânica como química, alterando o ambiente dentro dos ductos e causando alterações nos espermatozóides que os deixam inutilizados.

    “A aplicação é local e pode ocorrer edema local, mas nenhuma outra complicação foi relatada”, diz o especialista. 

    O efeito do anticoncepcional tem duração de 10 anos e pode ser facilmente revertido com a aplicação de uma mistura de soro fisiológico. 

    Outra vantagem, de acordo com França, é que o método não utiliza nenhuma medicação hormonal em sua composição.

    Anticoncepcional masculino deve chegar logo?

    Provavelmente não. Embora os resultados sejam promissores, ainda são necessários mais testes para avaliar a segurança do produto e se de fato a injeção pode ser facilmente revertida como atesta o fabricante – que realizou os testes em uma amostra pequena de indivíduos (300 pessoas). 

    De acordo com o urologista Fabio Vicentini, médico da Divisão de Urologia do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e do Hospital Nove de Julho, um estudo americano mais recente, realizado em animais, mostrou que os espermatozóides podem ficar danificados mesmo após a desobstrução dos ductos deferentes. 

    “Embora seja um método fácil de ser realizado e revertido, precisamos avaliar melhor os efeitos dele na fertilidade masculina”, afirma. 

    Vicentini afirma ainda que a injeção também deve exigir do homem um acompanhamento com exames para checar se não houve uma reversão espontânea do anticoncepcional. “Por isso, é importante termos mais testes na ‘vida real’ para sabermos qual é a eficácia efetiva do método”, diz. 

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