Anticoncepcional masculino deve chegar em breve?
Injeção local impede espermatozoides de fecundar o óvulo feminino
Uma antiga demanda feminina pode finalmente estar em vias de ser lançada oficialmente no mercado: uma nova versão de anticoncepcional masculino menos invasiva e que pode ser facilmente revertida.
Neste artigo, você vai ler:
Esse é o caso da Risug, como é chamada a injeção desenvolvida pelo Instituto Indiano de Tecnologia. Em setembro de 2022, a empresa revelou que havia desenvolvido o produto – que ainda seria capaz de evitar a transmissão do HIV.
A injeção está na fase 3 de testes clínicos. A promessa do fabricante é que ela seja liberada para uso já em 2023 e se mostrou com eficácia de 97% durante os testes com voluntários.
Como funciona o anticoncepcional masculino?
A injeção consiste em um gel que é aplicado na área dos ductos deferentes, por onde os espermatozóides (as células reprodutoras masculinas) são levadas até o líquido seminal antes da ejaculação.
De acordo com Mauro França, urologista e especialista em cirurgia robótica do Hospital São Lucas Copacabana, no Rio de Janeiro, a substância aplicada funciona tanto como uma barreira mecânica como química, alterando o ambiente dentro dos ductos e causando alterações nos espermatozóides que os deixam inutilizados.
“A aplicação é local e pode ocorrer edema local, mas nenhuma outra complicação foi relatada”, diz o especialista.
O efeito do anticoncepcional tem duração de 10 anos e pode ser facilmente revertido com a aplicação de uma mistura de soro fisiológico.
Outra vantagem, de acordo com França, é que o método não utiliza nenhuma medicação hormonal em sua composição.
Anticoncepcional masculino deve chegar logo?
Provavelmente não. Embora os resultados sejam promissores, ainda são necessários mais testes para avaliar a segurança do produto e se de fato a injeção pode ser facilmente revertida como atesta o fabricante – que realizou os testes em uma amostra pequena de indivíduos (300 pessoas).
De acordo com o urologista Fabio Vicentini, médico da Divisão de Urologia do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e do Hospital Nove de Julho, um estudo americano mais recente, realizado em animais, mostrou que os espermatozóides podem ficar danificados mesmo após a desobstrução dos ductos deferentes.
“Embora seja um método fácil de ser realizado e revertido, precisamos avaliar melhor os efeitos dele na fertilidade masculina”, afirma.
Vicentini afirma ainda que a injeção também deve exigir do homem um acompanhamento com exames para checar se não houve uma reversão espontânea do anticoncepcional. “Por isso, é importante termos mais testes na ‘vida real’ para sabermos qual é a eficácia efetiva do método”, diz.