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    Câncer de mama: tudo que você precisa saber sobre a doença

    Veja os sintomas, principais formas de tratamento e fatores de risco 

    Por Samantha CerquetaniPublicado em 30/12/2022, às 17:30 - Atualizado em 25/04/2024, às 15:59

    Tudo sobre câncer de mama

    O Outubro Rosa é momento de conscientização e prevenção contra o câncer de mama. Contudo, temos que ficar alertas o ano todo.

    Especialistas e sociedades médicas reforçam a importância do diagnóstico precoce para tratamento da doença – o que é fundamental para melhora a qualidade de vida das mulheres e, em muitos casos, amplia as chances de cura.  O diagnóstico precoce é como ter um “spoiler” da saúde. E receber a informação de um câncer logo no início pode salvar muitas vidas.

    A detecção dos tumores de mama de forma precoce é fundamental para o tratamento adequado. Além de diminuir os procedimentos considerados mais invasivos”, explica Hézio Jadir Fernandes Junior, oncologista e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro. 

    E é importante ficar atenta: o INCA (Instituto Nacional de Câncer) estima que, durante o triênio 2020/2022, serão diagnosticados cerca de 66 mil novos casos de câncer de mama por ano.

    Para combater o câncer de mama, o primeiro passo é saber quais são os sintomas, formas de prevenção, tipos e os tratamentos mais modernos disponíveis. A seguir, continue acompanhando para conferir detalhes deste tipo de câncer e as histórias de quem venceu esta batalha. 

    O que é câncer de mama?

    O câncer de mama acontece quando surge um crescimento descontrolado das células da região. Vale aqui destacar que pode atingir diferentes partes da mama. E ela é  composta de três partes principais: lóbulos, ductos e tecido conjuntivo. 

    • Os lóbulos são as glândulas que produzem leite. 
    • Os ductos são tubos que levam o leite até o mamilo. 
    • O tecido conjuntivo envolve toda a estrutura das mamas. 

    A maioria dos cânceres de mama começa nos ductos (carcinoma ductal invasivo) ou lóbulos (carcinoma lobular invasivo). 

    Geralmente, as células anormais se dividem rapidamente e se acumulam formando um nódulo ou massa. Podem também se espalhar da mama para os gânglios linfáticos, ou para outras partes do corpo como ossos, pulmão, fígado e cérebro. Essa condição é conhecida como metástase. 

    Estima-se que cerca de 30% dos casos de câncer de mama, mesmo quando são detectados precocemente, se tornam metastáticos, o que aumenta o risco de morte. 

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    Sintomas do câncer de mama

    Muitas vezes, o câncer de mama é assintomático, ou seja, não apresenta sintomas e é detectado em exames de rotina. No entanto, algumas mulheres podem apresentar alguns sinais e sintomas.

    É importante que a mulher conheça seu corpo e, ao perceber qualquer alteração, procure um médico. Uma lesão palpável já significa um câncer em estágio avançado, o que dificulta o tratamento”, explica Mariana Scaranti, oncologista clínica especialista em tumores ginecológicos do Hospital Nove de Julho.

    A seguir, você confere os principais sintomas que merecem atenção: 

    • Nódulo endurecido no seio;
    • Mamilo invertido;
    • Vermelhidão na região;
    • Secreções pelos mamilos;
    • Inchaço nas mamas;
    • linfonodos aumentados (nódulos nas axilas);
    • Espessamento ou retração da pele ou do mamilo;
    • Irritação;
    • Dor na mama ou no mamilo.

    Fatores de risco para Câncer de Mama

    Diversos fatores podem causar o câncer de mama. A questão hormonal e estilo de vida menos saudável, por exemplo, aumentam o risco da doença.  Entre as causas do câncer de mama, estão: 

    Ser mulher

    Você sabia que os homens também podem ter câncer de mama? No entanto, as mulheres são muito mais propensas a ter a doença. Estima-se que os casos masculinos da doença representam de 0,5 a 1%, apenas. 

    Idade avançada

    Mulheres acima de 50 anos têm o risco aumentado de desenvolver câncer de mama.

    Histórico familiar

    Se a mãe, irmã ou filha foi diagnosticada com câncer de mama, principalmente em uma idade jovem, amplia-se o risco de desenvolver a doença.

    Questão genética

    Algumas mutações genéticas que aumentam o risco de câncer de mama podem ser passadas de pais para filhos. Os mais conhecidos são BRCA1 e BRCA2. Vale destacar que todas as pessoas têm esses genes, mas algumas herdaram a forma alterada (mutação) de um deles.

    Geralmente, é comum que o câncer de mama apareça mais cedo, por volta dos 30 anos. E pode ainda ser mais agressivo e atingir as duas mamas. 

    Nesses casos, ter um risco genético não é um fator modificável. No entanto, a hereditariedade deve ser levada em conta. É importante que a mulher conheça seu histórico familiar, faça testes genéticos, exames a cada seis meses e avalie-se a necessidade de cirurgia redutora de riscos”, complementa Scaranti. 

    Mulheres que apresentam maior risco genético devem começar a realizar a mamografia de rastreamento antes dos 40 anos, por volta dos 25 anos. 

    Obesidade

    Estar acima do peso faz com que o organismo fique mais inflamado, já que há maior secreção de hormônios como estrogênio. Por conta disso, há maior proliferação celular, predispondo o corpo ao câncer. 

    Menarca precoce e menopausa tardia

    Os pesquisadores já sabem que as mulheres que menstruam antes dos 12 anos estão mais suscetíveis à doença. O mesmo acontece com mulheres que entram em menopausa em uma idade mais avançada. 

    Gravidez tardia

    As mulheres que engravidam de seu primeiro filho após os 30 anos podem ter um risco aumentado de câncer de mama. E aquelas que nunca engravidaram também. 

    Reposição hormonal

    Algumas mulheres que estão entrando na menopausa podem tomar medicamentos que combinam hormônios para diminuir os sintomas desagradáveis do período. Chamada de reposição hormonal, essa estratégia, quando usada por um longo período, pode ser um fator de risco para o câncer de mama. 

    Mas, os especialistas reforçam que cada caso deve ser avaliado individualmente, já que a reposição hormonal é uma medida benéfica para diminuir os desconfortos da menopausa.   

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    Uso de bebidas alcoólicas e tabagismo

    O consumo de álcool e o uso de cigarro também são considerados fatores de risco para o câncer de mama. Isso porque podem danificar o DNA das células e causar estresse oxidativo, o que facilita a penetração de carcinogênicos (algo que estimula o aparecimento de carcinomas ou câncer em um organismo) ambientais nas células. Além disso, alteram o metabolismo hormonal do corpo. 

    Estádios do câncer de mama

    Para determinar quais são os melhores tratamentos e as taxas de sobrevida do indivíduo, o câncer de mama é classificado em estádios. Dessa forma, os especialistas determinam se a doença está apenas nas mamas, ou se já se estendeu para outros órgãos. A seguir, veja detalhes:

    • Câncer de mama estádio I: são cânceres relativamente pequenos e não se disseminaram para os linfonodos.
    • Câncer de mama estádio II: são cânceres maiores e se disseminaram para alguns linfonodos próximos.
    • Câncer de mama estádio III: o tumor é maior ou está crescendo nos tecidos próximos ou se disseminou para vários linfonodos.
    • Câncer de mama estádio IV: é o câncer de mama avançado, ou seja, já se espalhou para outros órgãos.

    Diagnóstico precoce do câncer de mama

    Mesmo com a correria do dia a dia, é importante observar qualquer alteração nas mamas. E, em seguida, procurar um ginecologista ou mastologista. Esse passo pode ser fundamental para a detecção precoce do câncer da mama.

    Vale reforçar que, se o câncer for detectado em fases iniciais, aumentam-se as chances de tratamentos menos agressivos e com maiores taxas de cura.

    Por conta disso, a recomendação da SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) é que mulheres a partir dos 40 anos realizem a mamografia de rastreamento, anualmente. Sendo assim, elas fazem o exame antes mesmo de surgirem os sintomas.

    Mamografia no diagnóstico precoce do câncer de mama

    A mamografia é um tipo de radiografia das mamas, que identifica alterações suspeitas de câncer. Além disso, para chegar a um diagnóstico, o especialista pode solicitar a ultrassonografia e/ou ressonância magnética.

    Agendar mamografia

    Quando a mamografia é realizada preventivamente em mulheres a partir dos 40 anos, é possível diagnosticar lesões muito pequenas, que ainda não são palpáveis e que podem estar em uma fase pré-maligna”, afirma Ana Cristina Herrera, oncologista, professora do curso de Medicina da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). 

    mamografia

    O que é Bi-Rads?

    Para avaliar se o nódulo é câncer segue-se um sistema de padronização de laudos e exames de imagem da mama chamado de Bi-Rads (Breast Imaging Reporting and Data System).

    A escala não corresponde a um diagnóstico, mas a uma descrição que representa o risco de o achado ser um câncer de mama, orientando a conduta médica após o exame.

    O sistema Bi-RADS classifica o exame em categorias de 0 a 6:

    • BI-RADS 0: há um achado, mas não foi possível caracterizar, sendo então exigida uma avaliação adicional para maiores esclarecimentos por meio de outros exames;
    • BI-RADS 1: não há nenhum achado, o exame é considerado normal e recomenda-se manter o rastreamento de rotina;
    • BI-RADS 2: há um achado benigno, sendo necessária somente a continuação dos exames de rastreio normalmente;
    • BI-RADS 3: provavelmente trata-se de um achado benigno. Nesse caso, é recomendado manter o controle por 3 anos (no primeiro, fazendo o exame de rastreio de seis em seis meses; nos outros dois, fazendo uma vez);
    • BI-RADS 4: achado suspeito e que, portanto, merece uma biópsia;
    • BI-RADS 5: achado altamente suspeito e característico de câncer (com 95% de chance de ser um tumor), devendo ser submetido a biópsia;
    • BI-RADS 6: nesse caso, já há um diagnóstico de câncer. O BI-RADS 6 é definido  quando a paciente ainda não operou, mas realiza o exame para conferir, por exemplo, se o tumor diminuiu após sessões de quimioterapia ou para que a cirurgia seja planejada

    No entanto, a confirmação do câncer de mama só é realizada após uma biópsia, ou seja, quando se retira um fragmento do nódulo ou lesão por meio de uma extração por agulha. Em seguida, esse material é analisado para concluir se é realmente um câncer.

    Tipos de tratamento para o câncer de mama

    Como vimos, o tratamento do câncer de mama varia de acordo com o estadiamento da doença. E a boa notícia é que a forma de tratar tem avançado cada vez mais. No passado, era bastante comum que a mulher, logo após o diagnóstico, já fosse submetida a uma cirurgia de retirada total das mamas (mastectomia radical).

    Hoje em dia, há diversas medidas terapêuticas, que visam a qualidade de vida e a preservação da mama, quando for possível.

    E também há testes que definem com maior precisão a necessidade de alguns tratamentos, como a quimioterapia. É o caso do teste Endopredict®, que prevê a chance de recorrência precoce do câncer de mama.

    De acordo com Bruna Zucchetti, oncologista do Hospital Nove de Julho e da Dasa, trata-se de um teste genômico que analisa a expressão de 12 genes do tumor. O resultado desse teste é acrescido da informação de dados clínicos (tamanho do tumor, presença de linfonodos com metástase) da paciente, o que gera um escore importante no tratamento e acompanhamento da paciente. 

    Geralmente, é realizado após a cirurgia e é um teste bastante acurado. É possível detectar o risco de desenvolver metástase em dez anos. Também aponta se há a possibilidade de dispensar a quimioterapia e suas eventuais complicações, permanecendo apenas com a terapia endócrina. Dessa forma, aumenta bastante a qualidade de vida dessas mulheres”, completa.

    Abaixo, você confere de forma bastante resumida como funciona o tratamento para quem tem câncer de mama:

    Cirurgias: nas fases iniciais do câncer de mama, pode ser indicada a cirurgia para retirada apenas do tumor ou a mastectomia (retirada parcial ou total da mama).

    Quimioterapia: é o tratamento realizado com medicamentos para destruir o câncer, que são administrados por via intravenosa (injeção numa veia) ou por via oral.

    Radioterapia: são usadas radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais que formam o tumor. Geralmente é indicada após cirurgia para evitar que o câncer volte.

    Terapia alvo: são aplicadas drogas para bloquear as alterações moleculares que podem surgir em alguns tumores.

    Imunoterapia: os medicamentos ajudam o sistema imunológico a identificar o tumor como um inimigo e o atacam.

    Ao final do tratamento e cura do câncer, a mulher precisará realizar consultas frequentes com o oncologista. E também serão solicitados exames de acompanhamento, como sangue ou mamografia. Isso é necessário para evitar possíveis recidivas, ou seja, quando o câncer volta.

    Como prevenir a doença?

    Os fatores hereditários e os associados ao ciclo reprodutivo da mulher não são modificáveis. Porém, algumas mudanças na rotina já contribuem com a prevenção do câncer de mama. São eles:

    • Controlar o excesso de peso corporal
    • Realizar atividade física regular (mínimo de 150 minutos por semana)
    • Não beber ou fumar
    • Fazer acompanhamento ao realizar a reposição hormonal
    • Manter uma alimentação saudável: consumir mais alimentos naturais e menos processados e embutidos
    • Amamentar, se for possível

    prevenção do câncer de mama

    Novas tecnologias e estudos

    A cada dia, surgem novas pesquisas que visam aumentar as chances de cura e tratamentos mais eficazes contra o câncer de mama. 

    Recentemente, um estudo apresentado na Asco, maior congresso de oncologia do mundo, mostrou um medicamento que reduziu a progressão do câncer. Conhecido como trastuzumab deruxtecan, o fármaco diminuiu o tamanho do tumor e estendeu a vida do indivíduo em cerca de seis meses.

    O medicamento, de aplicação intravenosa, age bloqueando a proteína HER2 nas células cancerosas. E também consegue liberar uma substância que elimina o câncer de dentro dessas células.

    Injeção em estudo

    Em outro estudo, pesquisadores propuseram um novo tipo de terapia: aplicação de uma injeção com a droga imunotoxina pelo duto mamário. O estudo, ainda está em em fase pré-clínica, ou seja, não foi testado em humanos, mas se mostrou promissor no tratamento do câncer de mama em estágio inicial. 

    A medicação usada “matou” todas as lesões cancerosas presentes naquele ducto mamário. E, além disso, o tratamento não apresentou efeitos colaterais graves ou de alta toxicidade. 

    O estudo ainda é bastante preliminar, mas, se as pesquisas avançarem, a expectativa é que, em breve, possa surgir uma injeção específica para o tratamento de câncer de mama. 

    Depoimentos de pessoas diagnosticadas com câncer de mama

    Confira os depoimentos de mulheres que foram diagnosticadas com a doença.

    Elide Souza - depoimento

    Élide Souza, 50 anos, jornalista

    “Em 2014, quando completei 50 anos, recebi um diagnóstico de câncer de mama. Foi a pior notícia que recebi na vida. Tinha certeza que morreria. Foi um momento que revi todos meus planos, chorei por dias e depois escolhi superar e viver.  O meu tumor era na mama esquerda e foi diagnosticado em fase inicial. Por isso, pouco tempo depois, passei por uma cirurgia. Mas, felizmente, não precisei retirar a mama.

    Depois disso,  foram quatro sessões de quimioterapia e mais 30 de radioterapia. Sofri muito, perdi o cabelo, tinha mal-estar e cansaço extremo. Também fiquei bastante inchada. Mas recebi alta em novembro de 2019. Atualmente, estou curada do câncer e faço acompanhamento com o mastologista. 

    Depoimento - Giovana

    Giovana Mara Manzari Pascoal, 39 anos, médica

    Em uma noite em 2017, senti um caroço no seio direito. Naquela época, como estudante de medicina, um filme passou pela minha cabeça, mesmo não tendo nenhum caso de câncer na família.

    Na manhã seguinte, fui imediatamente para o Hospital Escola da minha faculdade. Lá foi constatado um nódulo e fiz um ultrassom de mamas e biópsia. Para a minha surpresa, fui diagnosticada com câncer de mama, aos 33 anos de idade, durante o quarto ano de Medicina.

    Foi assustador, além de muito desconcertante. Perder os cabelos é apenas o primeiro passo de uma longa transformação física e emocional. A quimioterapia muda todo o nosso organismo. Durante 9 meses eu usei uma peruca como uma forma de me blindar dessa cara do câncer.

    Por seis meses, eu trocava meu jaleco de futura médica por um avental de paciente. Hoje entendo muito mais o outro lado, sei como eles se sentem ao receber um diagnóstico.

    Realizei mastectomia bilateral e fui considerada curada da doença. Mas ainda sigo fazendo o tratamento, que tem um protocolo de 10 anos. Hoje valorizo cada pequena conquista.

    Consegui me formar e durante a pandemia fui para a linha de frente no hospital que trabalho. Já se passaram cinco anos e estou na metade do caminho. Ainda tenho medo que tudo isso volte, mas continuo me cuidando e espalhando um fiozinho de esperança para todos que estão por perto”.

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