Caquexia: muito além da perda de peso
O quadro pode ser uma consequência de diversas doenças, como câncer e insuficiência cardíaca
O quadro pode ser uma consequência de diversas doenças, como câncer e insuficiência cardíaca
A caquexia é uma síndrome caracterizada pela perda involuntária de peso associada a um aumento do gasto energético, geralmente causada por uma doença subjacente, como câncer ou condições crônicas, incluindo doenças cardíacas, pulmonares, renais e a AIDS.
Continue a leitura para entender suas causas, sintomas e abordagens para diagnóstico e tratamento.
Neste artigo, você vai ler:
Caquexia: o que é?
A caquexia é caracterizada pela perda involuntária de peso, com redução contínua de massa muscular e/ou massa gorda, que pode progredir mesmo com ingestão alimentar adequada. Mais comum em doenças crônicas graves, como câncer, insuficiência cardíaca, DPOC e AIDS, a caquexia está associada a inflamação e alterações metabólicas que aumentam o gasto energético, promovem a destruição de tecidos e desregulam o apetite. Esses fatores comprometem tanto a qualidade de vida quanto a resposta ao tratamento.
A condição é classificada conforme a porcentagem de peso perdida nos últimos 6 meses:
- Pré-caquexia: perda de peso menor que 5%.
- Caquexia: perda de peso maior que 5%.
- Caquexia refratária: perda de peso avançada sem possibilidade de resposta ao tratamento.
Causas para a caquexia
As doenças crônicas são as principais causas de caquexia, incluindo:
- Câncer: especialmente em estágios avançados.
- Doenças cardíacas: insuficiência cardíaca congestiva.
- Doenças hepáticas: hepatite e cirrose.
- Doenças renais: insuficiência renal crônica.
- Doenças pulmonares crônicas: DPOC e fibrose cística.
- Condições neurológicas: como AVC.
- Doenças inflamatórias: artrite reumatoide.
Condições agudas, como infecções graves (leishmaniose visceral, por exemplo) ou queimaduras severas, também podem causar caquexia devido à inflamação intensa, aumento do gasto energético e alterações hormonais.
Caquexia no câncer
Em 2022, a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC) estimou que 1 em cada 5 pessoas vão desenvolver algum tipo de câncer em algum momento da vida. Estima-se que cerca de 50-80% dos pacientes com câncer desenvolvem caquexia, sendo mais comum nos cânceres gástrico, esofágico, pancreático, pulmonar, hepático e de cólon, justamente pelo comprometimento da ingestão, digestão e absorção dos nutrientes devido à localização desses tumores.
Alguns fatores de risco para caquexia são o estágio em que o câncer se encontra, o tipo de tumor, o sexo (homens são mais susceptíveis que mulheres), a idade, fatores genéticos, a presença de múltiplas doenças previas e o tratamento empregado (alguns tratamentos quimioterápicos podem ser mais debilitantes que outros).
Embora sua prevalência seja elevada, principalmente durante os estágios finais de doença, a caquexia não é uma consequência inevitável, podendo ser prevenida se diagnosticada precocemente. A monitorização do peso, da ingesta alimentar, de força, e de alguns marcadores metabólicos e inflamatórios são formas de rastreio durante o seguimento médico.
Sintomas da caquexia
Os primeiros sinais geralmente percebidos pelos pacientes são perda de peso involuntária e perda de apetite. Mas eles ainda podem apresentar:
- Alteração de paladar e de olfato;
- Náuseas;
- Astenia (fraqueza)intensa;
- Fadiga;
- Apatia (falta de interesse ou motivação para as atividades diárias);
- Redução da imunidade (capacidade do sistema imunológico);
- Diminuição das habilidades motoras e físicas;
- Desequilíbrio de íons no organismo;
- Anemia e outras carências nutricionais e de vitaminas;
Como é o diagnóstico da caquexia?
O diagnóstico da caquexia é realizado pelo médico, por meio de sinais e sintomas apresentados pelo paciente, sendo considerada caquexia, quando há uma perda de peso de pelo menos 5% nos últimos 6 meses.
Além disso, podem ser levados em consideração alguns marcadores de inflamação como o aumento do fibrinogênio, transferrina e proteína C reativa e citocinas, queda da albumina (geralmente associada a problemas renais, hepáticos ou nutricionais), e anemia.
É fundamental que a avaliação seja realizada por um médico e um nutricionista para determinar o grau da síndrome e iniciar o tratamento adequado.
Formas de tratar a caquexia
Geralmente, tratamento da caquexia envolve uma abordagem multidisciplinar, incluindo:
Tratamento da doença de base: controlar a doença causadora da caquexia é fundamental para melhorar os sintomas.
Fisioterapia: para prevenir a perda excessiva de massa muscular e estimular os movimentos, mantendo a funcionalidade, especialmente quando há comprometimento das habilidades motoras.
Nutrição: embora a reposição de massa muscular seja desafiadora, o acompanhamento nutricional é essencial para evitar deficiências nutricionais adicionais. Em alguns casos, podem ser necessários suplementos de vitaminas, minerais e proteínas.
Medicação: eles podem ajudar a estimular o apetite, reduzir a inflamação e fortalecer os músculos.
Vale destacar que o tratamento deve ser personalizado, considerando as necessidades específicas de cada paciente e a doença subjacente que está causando a caquexia.