Trombose é capaz de acometer veias ou artérias
Diagnóstico pode ser feito com o auxílio de exames de imagem

Quadros de trombose prejudicam a circulação de sangue podendo acometer qualquer região do organismo. Esse problema pode surgir nos membros inferiores, como também atingir órgãos como o cérebro, coração, rins e pulmões, devendo ser tratado o quanto antes para evitar complicações.
Neste artigo, você vai ler:
Trombose: o que é?
A trombose é uma condição caracterizada pela formação de um coágulo (também conhecido como trombo) dentro de um vaso sanguíneo que pode ser uma veia ou uma artéria. Como consequência, o fluxo sanguíneo para o local que depende desse vaso fica prejudicado.
Tipos de trombose
As veias levam sangue de todos os órgãos para os pulmões, onde ocorre a troca do gás carbônico pelo oxigênio. As artérias, por sua vez, distribuem o sangue oxigenado para os demais tecidos do organismo. Quando o coágulo surge em uma artéria, o quadro é denominado trombose arterial e, quando aparece em uma veia, o nome é trombose venosa.
Trombose arterial
A trombose arterial pode ser consequência da aterosclerose, ou seja, do acúmulo de gordura nas artérias. As placas de gordura se acumulam ao longo da vida e, eventualmente, podem se romper e levar à formação de coágulos que obstruem o vaso em que estão localizadas.
Essa obstrução impede que o sangue oxigenado flua adequadamente pelo corpo, o que prejudica a função dos tecidos atingidos. Se a artéria afetada é a que leva sangue para o cérebro, por exemplo, o paciente pode ter um AVCI (acidente vascular cerebral isquêmico). Já se o vaso irriga o músculo do coração, a pessoa pode ter um infarto do miocárdio.
Trombose venosa
É mais comum que a trombose venosa acometa as pernas, mas ela também pode atingir outras partes do corpo. Em geral, a trombose venosa está associada a três causas principais:
- Lentidão no fluxo sanguíneo: quando uma pessoa trabalha sentada por muito tempo ou faz uma viagem mais longa, por exemplo, com mais de quatro horas de duração, o fluxo de sangue nas veias das pernas é reduzido, o que pode favorecer a formação de coágulos. Ou seja, quanto mais devagar o sangue corre, maiores são as chances de se formar um trombo;
- Lesão na parede do vaso: se alguém sofre um acidente de trânsito, faz um exercício muito pesado ou passa por qualquer situação que machuque uma veia, o incidente também pode favorecer o aparecimento de um coágulo;
- Consistência do sangue: desidratação, tabagismo, uso de anticoncepcionais para quem tem propensão à trombose, gravidez e trombofilia (condição genética que favorece a ocorrência de trombose) e doenças mieloproliferativas estão entre os fatores que tornam o sangue mais grosso, favorecendo a formação de coágulos.
Sintomas de trombose
Muitas vezes, quadros de trombose se desenvolvem silenciosamente. No caso da trombose arterial, geralmente o AVC e o infarto são as primeiras manifestações. Já no caso da trombose venosa, alguns pacientes podem apresentar inchaço, dor súbita e desconforto na região afetada.
Trombose na perna
A trombose na perna é um dos quadros mais comuns, porque há maior dificuldade para o sangue retornar ao coração devido à força da gravidade. A perna pode ficar inchada, pois a passagem do sangue fica obstruída, e o indivíduo pode sentir dor, caso o coágulo pressione a parede da veia.
Trombose no braço
Embora seja mais frequente em membros inferiores, a trombose pode surgir em membros superiores. Nos casos em que há sintomas, as principais manifestações são inchaço e dor no local acometido.
Trombose pulmonar
Em algumas situações, o coágulo sanguíneo pode se desprender da região dos membros inferiores onde foi formado e se deslocar até os pulmões, condição conhecida como embolia pulmonar. Essa condição costuma se manifestar por dor no peito, falta de ar e batimentos cardíacos acelerados, sendo considerada uma emergência médica e, portanto, requer atendimento imediato.
Trombose hemorroidária
A doença hemorroidária (conhecida popularmente como hemorroida) ocorre quando veias localizadas no canal anal inflamam e aumentam de tamanho. Se essa condição for acompanhada pela formação de trombos, caracteriza-se uma trombose hemorroidária.
Nesses casos, os pacientes podem sentir dor e apresentar um nódulo arroxeado e inchado, além de sangramentos ao evacuar e coceira.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco para trombose são:
- Idade avançada;
- Imobilização por longos períodos após lesões ou cirurgias;
- Falta de movimentação durante viagens extensas;
- Histórico familiar de trombose;
- Presença de algumas mutações relacionadas à trombose – trombofilia;
- Doenças que alteram a viscosidade do sangue;
- Trauma em algum vaso sanguíneo.
Quando procurar por um médico?
Recomenda-se procurar atendimento médico assim que surgirem sintomas suspeitos de trombose, pois a interrupção do fluxo sanguíneo para determinadas regiões do organismo é capaz de causar complicações graves.
O diagnóstico da trombose pode ser feito pelo médico já no pronto socorro através do histórico clínico do paciente, exame físico, exames laboratoriais específicos e de imagem. Quando comprovada a ocorrência da trombose, inicia-se o tratamento com a anticoagulação. Em alguns casos, especialistas como o cirurgião vascular poderão intervir.
Exames que auxiliam no diagnóstico da trombose
Além da avaliação clínica, são necessários exames para confirmar o diagnóstico de trombose. Em geral, recorre-se principalmente a exames de imagem.
A ultrassonografia eco doppler colorida ajuda a avaliar o fluxo sanguíneo e a identificar coágulos, sendo solicitada na suspeita de trombose venosa profunda, trombose hepática ou trombose renal.
A angiografia, um exame de imagem que através do uso de contraste permite visualizar os vasos sanguíneos (artérias, veias ou capilares), sendo útil na avaliação da migração de coágulos para outras regiões do organismo, como na suspeita de AVC isquêmico, por exemplo.
Também podem ser úteis a ressonância magnética e a tomografia, especialmente em casos suspeitos de infarto agudo do miocárdio.
Por fim, vale mencionar a dosagem de dímero-D. Ela é feita a partir de uma amostra de sangue e serve para excluir a presença do evento tromboembólico no paciente com baixa probabilidade pré-teste para trombose, indicando, portanto, que os sintomas apresentados pelo paciente têm outra causa que não a trombose.
Para o paciente idoso, oncológico, com história familiar de trombose, gestante, esse teste não se aplica, devendo-se ir direto para os exames de imagem.
Formas de tratamento
Em geral, quadros de trombose são tratados com o auxílio de anticoagulantes, que podem ser administrados por via parenteral ou oral. Tais medicamentos ajudam a evitar o crescimento do coágulo já existente e a diminuir o risco dele se desprender e se deslocar para outra região do organismo.
Em casos mais graves, podem ser necessárias outras abordagens, como utilização de trombolíticos (medicamentos capazes de dissolver coágulos) e intervenção cirúrgica para desobstruir os vasos sanguíneos atingidos.
Além disso, para minimizar o risco de formação de novos coágulos no futuro, é fundamental tratar condições que podem levar à trombose – como obesidade e colesterol alto, por exemplo.
Prevenção
A prevenção da trombose, tanto da venosa quanto da arterial, envolve um estilo de vida saudável. É fundamental praticar atividades físicas regularmente, manter-se bem hidratado, evitar o tabagismo e ter uma alimentação balanceada e diversificada, limitando principalmente o consumo de gordura, sódio e açúcar. Também é importante estar com os exames de rotina em dia, para acompanhar a saúde de forma geral.
Tais medidas ajudam a evitar a aterosclerose e a manter os vasos sanguíneos mais saudáveis e menos suscetíveis a danos.
Há ainda orientações para algumas situações específicas. Por exemplo, se for fazer uma viagem de avião, pode ser benéfico levantar-se para circular dentro da aeronave com certa frequência, para evitar ficar muitas horas sentado na mesma posição ou usar meias elásticas.
E, se houver histórico de trombose na família, é recomendável consultar um médico para prevenção da trombose antes de ser exposto a situações de risco, como imobilidade prolongada, hospitalar ou não, gravidez, entre outras.