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    O que você precisa saber sobre trombose

    Conheça os diferentes tipos, os principais sintomas e formas de tratá-la

    Por Lívia InácioPublicado em 16/09/2022, às 08:00 - Atualizado em 25/05/2023, às 21:20
    Imagem: Shutterstock

    A cada minuto do dia, seu coração bombeia em torno de 5 litros de sangue. As veias levam o fluxo de sangue de todos os órgãos para os pulmões, onde ocorre a troca do gás carbônico pelo oxigênio. As artérias, por sua vez, distribuem o sangue para os demais tecidos do organismo, numa dinâmica que nos mantém vivos.

    Agora, imagine se esses dutos tão movimentados são entupidos por algum coágulo. A obstrução desse fluxo pode afetar o corpo inteiro e esse temido problema é chamado trombose.  Ela tem consequências tão graves que, em 2012, o Brasil instituiu uma data para incentivar a sua prevenção, o dia 16 de setembro.

    Nav conversou com especialistas para explicar as principais causas e formas de tratamento desse problema. Veja a seguir!

    O que é trombose?

    A trombose decorre da formação de um coágulo (também conhecido como trombo) dentro de um vaso sanguíneo. Quando surge em uma artéria, é chamada de trombose arterial e, quando aparece em uma veia, o nome é trombose venosa, explica a médica angiologista Karolina Frauzino, que integra a Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular.

    Como as veias e artérias operam em fases diferentes da nossa circulação, a trombose venosa e a trombose arterial também têm causas e efeitos bem distintos. Entenda o que muda entre os dois tipos.

    Trombose arterial

    Ocorrência

    É comum que, ao longo da vida, as pessoas acumulem camadas ou placas de gordura nas artérias formando o que chamamos de aterosclerose. Essas placas podem se romper e levar a formação de coágulos que obstruem o vaso em que estão localizadas.

    Como a artéria é responsável por irrigar o corpo com sangue oxigenado, o tecido da região bloqueada sofre uma falta de oxigenação conhecida como isquemia. Mas as consequências não param por aí.

    Se a artéria afetada é a que leva sangue para o cérebro, o paciente pode ter um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Já se o vaso irriga o músculo do coração, a pessoa pode ter um infarto. E quando o trombo está em uma artéria que alimenta outra parte do corpo pode levar a gangrena e até a amputações.

    Grupos de risco

    Como o acúmulo de gordura acontece lentamente, esse tipo de trombose é mais comum em quem tem acima de 60 anos, especialmente homens. Também são fatores de risco a obesidade, a pressão alta, o tabagismo, o excesso de álcool e o colesterol alto.

    Sintomas

    Na maioria das vezes, o AVC e o infarto, duas das maiores causas de morte no mundo, são as primeiras manifestações da trombose. Por aí você entende por que os médicos batem na tecla da prevenção: exames de rotina, para acompanhar a pressão e o colesterol, por exemplo, aliados à prática de exercícios físicos e uma dieta balanceada, com pouca gordura, sódio e açúcar, vão fazer toda diferença lá na frente, reduzindo o risco desses eventos

    Tratamento

    Embora as taxas de mortalidade por infarto e AVC sejam grandes, dá para reverter quadros de trombose arterial: o tratamento pode contemplar o uso de anticoagulantes, medicamentos para restabelecer a circulação e angioplastia ou cirurgia de revascularização do miocárdio.

    Trombose venosa

    Foto: Shutterstock

    Ocorrência

    Mais comum nas pernas, por conta da força da gravidade que torna a subida do sangue mais lenta nessa região, a trombose venosa também pode aparecer em menor proporção em outras partes do corpo, como o cérebro (Trombose Venosa Cerebral) e os rins (Trombose Venosa Renal). Outra particularidade é o fato de ela ser mais comum em jovens do que a arterial.

    Quando ela surge na camada mais próxima da pele, em vasos de menor interferência na circulação geral do corpo, é chamada de tromboflebite. Se aparece em veias mais profundas, o nome é Trombose Venosa Profunda (TVP), detalha Frauzino.

    Causas

    A trombose nas veias está associada a três fatores principais:

    • Lentidão no fluxo sanguíneo: quando uma pessoa trabalha sentada por muito tempo ou faz uma viagem de avião com mais de três horas de duração, por exemplo, o fluxo de sangue nas veias das pernas é reduzido, o que pode favorecer a formação de coágulos. Ou seja, quanto mais devagar o sangue corre ali, maiores serão as chances de se formar um trombo.
    • Lesão na parede do vaso: se alguém sofre um acidente de trânsito, faz um exercício muito pesado ou passa por qualquer situação que machuque uma veia, o incidente também pode favorecer o aparecimento de um coágulo.
    • Consistência do sangue: desidratação, tabagismo, alguns anticoncepcionais, gravidez e trombofilia (condição genética que deixa o sangue mais espesso) estão entre os fatores que tornam o sangue mais grosso, possibilitando a formação de coágulos.

    Esses três aspectos foram mapeados há mais de um século, pelo médico polonês Rudolph Virchow, no que ficou conhecido como tríade de Virchow, explica o cirurgião vascular Flávio Henrique Duarte, coordenador da Equipe de Cirurgia Vascular e Endovascular do Hospital Santa Paula, em São Paulo. Se ao menos dois dos fatores acima aparecem juntos, é importante redobrar a atenção.

    Trombose venosa profunda

    Entre os trombos venosos, a TVP é especialmente crítica, tanto que merece um tópico especial aqui. Se um trombo venoso profundo não foi absorvido adequadamente pelo organismo, o problema pode causar a síndrome pós-trombótica, que acarreta em deficiência da drenagem venosa, aparecimento de úlceras, edema, sensação de peso na região afetada, além de feridas reincidentes e de difícil cicatrização.

    Mas a complicação da TVP mais temida pelos médicos é a embolia pulmonar, que atinge em torno de 20% dos pacientes com trombose nos membros inferiores.

    Como as veias levam o sangue do corpo todo para ser oxigenado nos pulmões, se um coágulo ou trombo localizado na perna se desprende, ele é levado até o pulmão, comprometendo a capacidade respiratória do indivíduo e levando à tosse, falta de ar e diminuição da oxigenação em casos graves.

    E aí, quando o diagnóstico e o tratamento não são feitos com a urgência necessária, a condição pode levar à parada cardíaca e morte.

    Entre os sintomas da embolia pulmonar estão:

    • Dores repentinas no tórax, que vão aumentando;
    • Respiração e batimentos cardíacos acelerados;
    • Falta de ar e palidez.

    Então começa uma corrida contra o tempo que pode envolver o uso de anticoagulantes, meias de compressão e até intervenção cirúrgica.

    Sintomas da trombose venosa

    Pesquisadores costumam destacar entre os sintomas típicos da trombose venosa inchaço, dor súbita e desconforto na região afetada. Entretanto, apenas 50% dos casos terão os sintomas dessa lista.

    É exatamente por ser tão silenciosa, que a trombose pode se apresentar como um um quadro leve e se curar espontaneamente. “O corpo tem um certo preparo para desfazer os coágulos mais simples”, explica Frauzino.

    A questão é que, em casos críticos, esse silêncio é um complicador, especialmente no caso da trombose venosa profunda. “Muitas vezes o paciente só descobre a trombose quando ela já virou uma embolia”, lamenta a médica.

    Nesse sentido, além de medidas de prevenção (atividade física regular, hidratação constante, alimentação saudável e distância do cigarro), a atenção à rotina recente é fundamental para se manter seguro.

    Vai fazer uma viagem longa? Circule dentro do avião com frequência. Tem histórico de trombose na família? Fique atento quando sofrer uma lesão capaz de afetar um vaso. E não se esqueça de fazer uma bateria periódica de testes. Os mais de 100 mil quilômetros de vasos sanguíneos que moram em você vão te agradecer um dia.

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