Hipotensão é doença?
Saiba o que é a hipotensão, quando ela não é um problema e quando procurar ajuda médica

Você está em pé e, de repente, tudo escurece, vem uma tontura, o corpo amolece. Essa sensação, muito comum no calor, é o principal sinal da hipotensão, ou pressão baixa.
Muitas pessoas têm a pressão naturalmente baixa. Mas quando ela causa sintomas e eles são frequentes, ela pode sinalizar desde uma desidratação ou até mesmo algo mais sério.
Neste artigo, você vai ler:
Hipotensão (pressão baixa): o que é?
A hipotensão arterial é a pressão baixa, ou seja, quando a pressão do sangue nas artérias cai abaixo dos valores normais. Geralmente, considera-se pressão baixa um valor inferior a 9 por 6 (ou 90×60 mmHg), embora esse valor possa variar
Mas hipotensão não significa uma doença em si. Muitas pessoas saudáveis têm pressão baixa e vivem bem. O problema acontece quando a queda no fluxo sanguíneo dificulta a chegada de oxigênio ao cérebro e outros órgãos. E causa sintomas como mal-estar, tontura e até desmaio.
O que é a pressão arterial?
A pressão arterial é a força que o sangue faz contra a parede das artérias. Ela é medida enquanto o coração bombeia o sangue para o corpo, sendo vital para o sangue circular e levar oxigênio a todas as células.
O corpo tem mecanismos próprios para manter a pressão em equilíbrio. Ele ajusta a força do coração e o calibre dos vasos, garantindo o fluxo certo de sangue, seja quando no momento que você está dormindo ou praticando atividade física.
A pressão é registrada com dois números. O maior (sistólica) é a força quando o coração contrai e, o menor (diastólica), a força quando o coração relaxa.
Durante décadas, a meta era ficar nos 12 por 8 (120×80 mmHg). Mas, uma nova diretriz, apresentada no Congresso Europeu de Cardiologia do ano passado e no Congresso Brasileiro de Cardiologia de 2025, passou a incluir essa faixa no diagnóstico de pré-hipertensão.
Ou seja: a pressão só seria normal e estiver abaixo de 12 por 8. Mas, no caso da hipotensão, os critérios não foram alterados: ela segue sendo definida como abaixo de 90/60 mmHg.
Possíveis causas para a hipotensão
A causa mais comum para uma queda de pressão é a desidratação. Dias de calor excessivo, jejum prolongado e a chamada hipotensão postural – que acontece ao levantar-se rápido demais – também são causas frequentes.
Nestes casos, o corpo não consegue ajustar a pressão rápido o bastante. E o sangue “desce” para as pernas e falta no cérebro. Mas existem outras condições que podem estar por trás da pressão baixa:
- Uso de certos medicamentos (como diuréticos, ansiolíticos ou remédios para hipertensão arterial).
- Gravidez, pois os hormônios relaxam os vasos sanguíneos.
- Problemas cardíacos, como arritmias ou insuficiência cardíaca.
- Problemas endócrinos, como diabetes ou doenças da tireoide.
- Distúrbios hormonais, como a insuficiência adrenal, que afeta a produção de aldosterona.
- Exposição a substâncias que causam síndrome colinérgica (excesso de acetilcolina), o que derruba a pressão.
- Infecções graves (sepse) ou reações alérgicas (anafilaxia).
- Sangramentos ou hemorragias.
- Algumas doenças, como a dengue grave.
Quando procurar por um médico?
Você deve procurar um médico se as crises de pressão baixa forem frequentes. Uma queda de pressão isolada no calor, por exemplo, não costuma ser grave. Mas a repetição dos sintomas merece atenção médica. Tontura ao levantar que não passa rápido, por exemplo, não é normal.
A busca por ajuda médica deve ser imediata se a pressão baixa vier acompanhada de sinais como dor no peito, confusão mental ou sensação de desmaio iminente. Esses sintomas podem indicar problemas sérios, como um infarto.
Exames que auxiliam a identificar as causas para a hipotensão
Inicialmente, o médico fará uma avaliação clínica do paciente. Além de ouvir seu histórico de sintomas, vai medir sua pressão em diferentes posições (deitado e em pé). A avaliação médica é fundamnetal porque a hipotensão pode estar relacionada tanto a causas benignas, que podem ser investigadas ambulatorialmente, quanto a condições gravíssimas, como a sepse, que podem trazer risco de vida.
Se a suspeita for de hipotensão postural, o teste de inclinação (Tilt Test) pode ser usado. Mas, para investigar a fundo, ele pode pedir exames como:
- De sangue, para verificar anemia, diabetes ou problemas endócrinos.
- Eletrocardiograma (ECG), para avaliar a atividade elétrica do coração.
- Ecocardiograma, um ultrassom que vê a estrutura e o bombeamento do coração
- MAPA, para monitorar a pressão arterial. O paciente usa um aparelho por 24 horas, e ele registra a pressão durante as atividades normais do dia.
O que fazer durante uma crise de pressão baixa?
Se você ou alguém próximo sentir o mal-estar da pressão baixa, deite a pessoa imediatamente. O mais importante é evitar uma queda, deitando-se em um local seguro e confortável.
A pessoa deve elevar as pernas, colocando os pés acima do nível do coração e da cabeça. Isso ajuda o sangue a fluir de volta para o cérebro.
Ela deve ainda ingerir líquidos, como água ou suco, em pequenos goles. Se o mal-estar veio após jejum, um suco de fruta pode ajudar.
Uma crença comum é colocar sal debaixo da língua, mas isso não funciona. O sal demora a ser absorvido e não alivia a crise na hora.
Se os sintomas não melhorarem em 15 minutos, procure atendimento médico.
Tratamentos
Pessoas saudáveis sem sintomas não precisam de tratamento. Mas, na presença de sintomas, o tratamento deve focar na causa da hipotensão. Se a culpa é de um remédio, o médico pode ajustar a dose. Se for desidratação, será preciso aumentar a ingestão de líquidos.
Para quem tem crises frequentes, algumas mudanças de hábito podem ajudar:
- Beber bastante água ao longo do dia.
- Evitar ficar muito tempo em jejum.
- Levantar-se devagar, sem movimentos bruscos. Sente-se na cama antes de ficar em pé.
- Manter o travesseiro um pouco elevado ao dormir.
- Evitar ambientes muito quentes e úmidos.
- Praticar exercícios físicos regularmente, pois melhoram a circulação.
- Usar meias de compressão, se recomendado pelo médico.