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Como cuidar da voz durante a Copa do Mundo?

A emoção dos jogos pode sobrecarregar garganta e cordas vocais; veja como se prevenir

Por Danielle SanchesPublicado em 24/11/2022, às 06:01 - Atualizado em 25/05/2023, às 15:36
Imagem: Shutterstock

Para quem é fã de futebol, assistir à própria seleção disputar um torneio como a Copa do Mundo pode ser um evento com muita emoção – e muito nervosismo também. 

Basta uma partida mais acirrada para liberar um palavrão em voz altíssima. Ou um golaço para liberar um grito preso na garganta. E talvez, numa derrota, também a voz se eleve para proferir xingamentos e palavras nada gentis. 

Ou seja: futebol, para quem gosta, nunca é apenas futebol e mexe, sim, com todo o nosso corpo. Basta ver, por exemplo, que assistir a um jogo aumenta o risco de eventos cardiológicos, como mostrou um estudo feito durante a Copa do Mundo de 2008, na Alemanha. 

No caso da voz, saiba que um grito pode chegar a ter 100 decibéis. Só para se ter uma ideia, é o equivalente ao som emitido por furadeira – e ainda chega perto de uma serra elétrica (que emite, em média, 110 decibéis).

Ou seja, um dia de jogo pode exigir um esforço enorme da sua garganta para extravasar a emoção do momento. Se você é dessa turma, continue a leitura para saber como prevenir danos – alguns graves! – a sua voz. 

Garganta e cordas vocais: os sofredores da vez

Uma das primeiras estruturas a sentir o impacto da emoção durante os jogos são as cordas vocais. Afinal, muita gente aproveita o dia da partida para encontrar os amigos em bares ou fazer um churrasco com a família, por exemplo. 

Só que o abuso de apenas um dia já pode, sim, fazer estragos à voz. “Quando falamos alto por muito tempo em ambientes barulhentos, como um bar, forçamos a musculatura da faringe e da laringe, que é onde ficam as cordas vocais”, explica Natália Pacheco Griné, otorrinolaringologista do Hospital Nove de Julho, em São Paulo. 

Segundo ela, esse abuso, mesmo que agudo – ou seja, que não ocorre todos os dias – já pode causar danos como inflamações (chama “cordite”) e o surgimento de lesões como pólipos e cistos. 

Além disso, o uso de bebida alcoólica também agrava a situação. “O álcool relaxa a musculatura da laringe e da faringe, causando um uso errado delas ao falar”, alerta a otorrino. 

O resultado é que precisamos fazer ainda mais esforço para falar corretamente. Outro ponto é que as bebidas alcoólicas, especialmente as muito geladas (alguém ouviu “cerveja” aí?), podem irritar a mucosa da garganta, agravando a inflamação. 

Já as comidas gordurosas aumentam o risco de episódios de refluxo gastroesofágico, especialmente em quem já tem tendência ao problema. 

“Como as regiões por onde o alimento passa e a voz é produzida são próximas, acaba havendo uma influência se ela tem uma demanda maior de fala”, explica Lívia Lima, coordenadora do Departamento de Voz da SBFa (Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia).

Salvando a própria voz

Sim, é verdade que a emoção em dias de jogos fala mais alto. Mas, nesse caso, é importante dar uma segurada na empolgação. 

Isso porque não tem jeito: a única forma de se preservar, neste caso, é mesmo evitar soltar gritos, elevar a voz ou mesmo ficar muito tempo em um ambiente em que seja necessário falar alto para ser ouvido e manter uma conversa – por mais difícil que isso seja em plena Copa do Mundo. 

“Também é importante evitar o exagero das bebidas alcoólicas e manter-se hidratado, além de ficar longe de fumaça de cigarro”, alerta Griné. 

Isso é especialmente importante para quem está com algum resfriado, dor de garganta ou alergia respiratória. “Aí é preciso redobrar o cuidado porque já existe um processo inflamatório que, com o esforço excessivo da voz, pode piorar”, diz a otorrino. 

Ok, mas e se o estrago já está feito? Bem, se o dia seguinte ao jogo for de muita rouquidão e dor de garganta pelo excesso de uso, o jeito é fazer repouso vocal. Isso mesmo: nada de falar ou falar apenas o mínimo necessário. 

“Procure reduzir o volume da voz e uso de frases mais curtas para reduzir o esforço, se for realmente necessário falar”, afirma Lima. A automedicação, como o uso de analgésicos e antiinflamatórios, não é recomendada.

E, se a rouquidão, a dor e o cansaço na hora de falar persistirem por mais de uma semana, é hora de buscar ajuda médica especializada para ver o que está acontecendo. 

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