Gene essencial para câncer colorretal é descoberto
O gene PDZK1IP1, importante para o crescimento do tumor, pode se tornar um novo alvo terapêutico
Pesquisadores do Tish Cancer Institute, em Nova York, fizeram descobertas capazes de aprimorar o tratamento do câncer colorretal. Elas estão descritas em um estudo publicado na revista Nature Communications, em outubro de 2022.
Os cientistas identificaram um novo gene essencial para o crescimento do tumor e constataram ainda que esse gene é influenciado pela inflamação que ocorre fora das células cancerosas.
Essa é, inclusive, a primeira vez que se observa o impacto dos arredores do tumor colorretal naquilo que é chamado de “super potencializador”. Esse termo é usado em referência a uma área complexa do DNA que controla se uma célula é maligna ou não.
O super potencializador, nesse caso, é ativado pela inflamação que cerca o tumor. Essa inflamação permite que as células cancerosas sobrevivam em um ambiente no qual elas normalmente não prosperariam.
“Isso evidencia a importância de entendermos o que podemos fazer para limitar os efeitos inflamatórios no cólon por meio da prevenção ou compreender quais efeitos a dieta pode ter nesse microambiente”, afirma, em nota, Ramon Parsons, diretor do Tish Cancer Institute.
Os pesquisadores descobriram também que o super potencializador regula o gene PDZK1IP1. Até então, ele não era relacionado ao avanço do câncer colorretal. Mas a investigação revelou que a ausência desse gene diminui o crescimento do tumor.
Isso indica, portanto, que o gene PDZK1IP1 e seu super potencializador podem ser novos alvos de terapias contra o câncer. “Em termos de tratamento, temos evidência genética de que mirar nesse gene realmente inibe tumores”, diz Parsons.
As descobertas são animadoras e podem beneficiar uma grande quantidade de pacientes no futuro. Basta olhar para alguns números: nos Estados Unidos, onde a pesquisa foi feita, o câncer colorretal é o terceiro tipo de câncer mais prevalente e o segundo mais mortal.
No Brasil, a incidência também é elevada. O Inca (Instituto Nacional de Câncer) estima que a cada ano, entre 2020 e 2022, surgirão 625 mil novos casos de câncer. O colorretal ocupa o quarto lugar, com 41 mil registros – ficando atrás dos cânceres de pele não melanoma, de mama e de próstata.
“Esse câncer depende de cirurgia para tratamento, e as imunoterapias que revolucionaram o tratamento de quadros avançados só funcionaram para um pequeno subconjunto de pacientes com câncer colorretal”, comenta Royce Zhou, primeiro autor do artigo. “É por isso que existe uma grande necessidade de identificarmos um novo alvo [para terapias]”, conclui.