Microalbuminuria: um sinal de alerta para a saúde dos rins
Muitas vezes, só lembramos da saúde dos nossos rins quando algo já não vai bem, mas há maneiras de checar se eles funcionam corretamente antes de eventuais sintomas. Uma delas é a pesquisa de microalbuminúria na urina, exame capaz de […]
Muitas vezes, só lembramos da saúde dos nossos rins quando algo já não vai bem, mas há maneiras de checar se eles funcionam corretamente antes de eventuais sintomas. Uma delas é a pesquisa de microalbuminúria na urina, exame capaz de detectar quantidades mínimas da proteína albumina que não deveriam estar ali. Ele é um dos primeiros indícios de sobrecarga ou lesão nos filtros renais, e acaba sendo um achado especialmente relevante para quem convive com diabetes ou pressão alta.
Neste artigo, você vai ler:
O que é microalbuminúria?
A microalbuminúria (ou proteinúria) se refere à presença de quantidades pequenas, mas anormais, da proteína albumina na urina. Normalmente, os rins saudáveis impedem que proteínas maiores (como a albumina) passem do sangue para a urina; apenas resíduos e excesso de líquido são eliminados.
Mas, quando os filtros renais (chamados glomérulos) começam a sofrer danos, eles perdem parte dessa capacidade de filtragem seletiva, permitindo que pequenas quantidades de albumina “escapem” e sejam detectadas no exame de urina. Essa detecção de albumina em níveis ligeiramente elevados é considerada um marcador precoce de lesão renal (nefropatia).
Os valores de microalbuminúria variam entre 30 e 300 mg/dia (ou 20 a 200 mcg/min). Esses níveis são menores do que os detectados pelos testes de urina, que só se tornam positivos quando a excreção de proteína ultrapassa 300 a 500 mg/dia.
Microalbuminúria isolada: quando ocorre?
A microalbuminúria isolada ocorre quando há uma pequena quantidade de albumina na urina, que está ligeiramente acima dos níveis normais, mas não é suficiente para ser classificada como proteinúria. Trata-se de um indicativo precoce de possível dano nos rins e pode ser um sinal de doenças renais, especialmente em pessoas com diabetes ou outras condições de saúde relacionadas.
Causas da microalbuminúria
Não há uma única causa para a microalbuminúria. Entre os diversos fatores, os principais são quadros de diabetes (tipo 1 ou tipo 2), pressão alta e glomerulonefrite, condições que que afetam os glomérulos, os filtros dos rins. A obesidade também é uma causa relevante, pois sobrecarrega os rins e pode prejudicar sua função.
Além disso, exercícios físicos intensos, febre e desidratação podem causar um aumento momentâneo na albumina na urina, mas não indicam necessariamente problemas renais.
Sintomas associados à microalbuminúria
A microalbuminúria, na maioria das vezes, não apresenta sintomas, porque os níveis de albumina na urina são baixos. Porém, se a quantidade de albumina aumentar, é possível notar a urina ficar espumosa.
Agora, em casos mais graves, quando os rins estão bem danificados, é possível perceber inchaço no corpo, especialmente em áreas como tornozelos, mãos, barriga ou rosto.
Sendo assim, como se trata de uma condição que normalmente não apresenta sinais óbvios, é essencial fazer exames regulares, para detectar a doença precocemente, principalmente se o indivíduo tiver diabetes, pressão alta ou obesidade.
Exame de microalbuminúria: como é feito?
A detecção da microalbuminúria é feite por um teste chamado de Razão albumina/creatinina (RCA). Nele, é realizada a comparação da quantidade de albumina, uma proteína do sangue, com a creatinina, um resíduo produzido pelos músculos. Para realizar o teste, basta coletar uma amostra de urina, preferencialmente pela manhã, e enviá-la ao laboratório para análise.
Se o exame mostrar um aumento moderado na RCA, o médico pode solicitar a repetição do teste após três meses para verificar se o aumento é constante ou temporário. Como os níveis de RCA podem variar por diversos motivos, é importante realizar exames de rotina.
O médico usará os resultados do teste, assim como os de outros exames de urina (urinálise) – como o Exame de Urina Tipo 1 – para avaliar se há sinais de outras doenças renais.
Microalbuminúria alta ou baixa: o que significa?
A microalbuminúria baixa, com valores abaixo de 30 mg, é considerada dentro dos limites normais, indicando que não há presença significativa de albumina na urina e, portanto, não há sinais de danos renais.
Microalbuminúria alta, com valores entre 30 e 300 mg, indica a presença de uma quantidade moderada de albumina na urina, o que pode ser um sinal de problemas nos rins. Esse intervalo é utilizado para classificar a microalbuminúria, que é uma forma inicial de lesão renal.
Já valores acima de 300 mg indicam proteinúria ou macroalbuminúria, que pode indicar um estágio mais avançado de comprometimento renal.
Possíveis complicações
A presença de albumina na urina é um importante indicador de risco para o surgimento de complicações. Entre as principais, podemos destacar falência renal, doenças cardiovasculares (como insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio ou derrame) ou ainda a redução da expectativa de vida, com risco de morte precoce.
Microalbuminúria tem cura? Tratamentos disponíveis
A microalbuminúria, por si só, não tem uma cura definitiva, mas é possível controlar a condição e evitar que ela piore. O tratamento foca em prevenir danos adicionais aos rins e reduzir o risco de outras complicações, como doenças cardiovasculares.
Se a microalbuminúria for causada por uma doença renal crônica, o médico acompanhará sua evolução regularmente, com exames de urina anuais para verificar se há piora ou complicações. O principal objetivo do tratamento é retardar a progressão da doença, controlar fatores de risco como hipertensão e diabetes, e prevenir complicações, adiando ou evitando a necessidade de terapias como diálise ou transplante renal.
Para controlar a pressão arterial e proteger os rins, o médico pode prescrever inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) ou bloqueadores do receptor da angiotensina II (BRA). Se a microalbuminúria for causada por diabetes, esses medicamentos podem ser indicados mesmo que o paciente não tenha pressão alta, pois ajudam a evitar danos nos rins.
Além disso, se houver risco de complicações cardíacas, o médico pode prescrever estatinas, que ajudam a reduzir o colesterol e diminuem o risco de ataque cardíaco e derrame. Outro medicamento comum para quem tem diabetes ou níveis elevados de albumina na urina é o inibidor de SGLT2, que protege os rins e reduz o risco de doenças cardiovasculares.
Contudo, não são apenas os medicamentos que vão cooperar para o tratamento. Adotar mudanças no estilo de vida, como manter uma alimentação saudável, praticar exercícios regularmente e controlar o peso, são fundamentais.
Qual médico procurar em casos de microalbuminúria?
Em casos de microalbuminúria, o ideal é procurar um nefrologista, especialista em doenças renais. Se a condição estiver relacionada a diabetes ou hipertensão, um endocrinologista ou um cardiologista também podem contribuir para o tratamento.
Fonte: Dra. Clarisse Ponte – Endocrinologista