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Os riscos da poluição por microplásticos

Pequenas partículas de plástico já foram detectadas, inclusive, no corpo humano

Por Tiemi OsatoPublicado em 13/07/2022, às 13:28 - Atualizado em 25/05/2023, às 14:28
Foto: Shutterstock

Em 2050, os oceanos terão mais plásticos do que peixes. Provavelmente você já ouviu isso. O que você talvez não imagine é que essa estimativa, divulgada no Fórum Econômico Mundial de Davos em 2016, não se restringe a canudos, sacolas, garrafas e embalagens. Ela inclui também os microplásticos.

Atualmente, o termo é utilizado para definir partículas de plástico com tamanho inferior a 1 milímetro. Mas há pesquisadores que ainda aceitam o limite de 5 milímetros, que era mais comum antigamente.

E como esses pedacinhos de plástico acabam no ambiente gerando poluição? Bom, um dos caminhos possíveis consiste no uso de mercadorias que contêm microplásticos. É o caso de produtos de higiene pessoal, cosméticos e abrasivos. Quando usamos um esfoliante no banho, por exemplo, as partículas vão para o esgoto e, depois, para os rios e mares.

Outra fonte da poluição são os plásticos maiores, como garrafas PET, celulares e vestimentas. Ao serem descartados de forma incorreta, esses materiais são expostos a intempéries (sol, chuva, vento) e passam pelo processo de degradação no meio ambiente, gerando microplásticos.

Além do descarte inadequado, uma simples tarefa do dia a dia pode agravar esse cenário: a lavagem de roupas. Isso porque várias peças do nosso armário são feitas de polímeros (ou seja, plástico) e, quando lavadas, liberam fibras que vão parar na rede de esgoto.

Por que os microplásticos são uma preocupação? 

Vindos de diversas fontes, os microplásticos são considerados onipresentes. Não há lugar no mundo que esteja livre deles. As pequenas partículas são transportadas tanto pela água quanto pelo vento e até mesmo no solo. Assim, alcançam diferentes ambientes — podendo chegar a locais bem distantes da origem da contaminação.

Do ponto de vista da toxicidade, os microplásticos, sozinhos, são relativamente inertes. O grande problema é que a superfície dessas partículas consegue se “conectar” (em um processo chamado de adsorção) a outros poluentes, como antibióticos, agrotóxicos e metais potencialmente tóxicos. 

Funcionando como uma “esponja” no meio ambiente, os microplásticos implicam poluição não somente plástica mas também química.

Fonte: Shutterstock

E, da mesma forma que os animais marinhos grandes confundem plásticos grandes com comida, os organismos menores (e fundamentais para a cadeia alimentar) são atraídos por microplásticos. Isso pode ser prejudicial no aspecto físico, caso gere algum entupimento ou obstrução, e também no aspecto químico, se a partícula estiver acompanhada de outro contaminante.

Em um segundo momento, essa problemática atinge os humanos. Sabe-se, inclusive, que inalamos e ingerimos microplásticos — o que resulta, por exemplo, da contaminação da água e dos peixes.

Um artigo publicado na edição de maio de 2022 da revista científica Environment International identificou microplásticos no sangue de 17 dos 22 voluntários que participaram da investigação. 

Outro trabalho, disponível na Nature Food, revela a presença dessas partículas em mamadeiras de polipropileno. Há ainda evidências de que os microplásticos chegaram até os nossos pulmões, conforme um estudo divulgado na Science of The Total Environment.

Apesar disso, os efeitos a longo prazo para a saúde humana ainda não são conhecidos. Os pesquisadores acreditam que as consequências (como eventuais disfunções no organismo) só serão vistas em análises de gerações.

Como a poluição por microplásticos pode ser minimizada?

A principal frente de atuação hoje está ligada às fontes da poluição. A ideia é evitar cada vez mais os descartáveis, e destinar o uso de plástico somente ao que é essencial.

Recolher os microplásticos que já estão por aí é bastante complicado. O que está ao nosso alcance é coletar os grandes plásticos para evitar que gerem microplásticos, e contar com sistemas adequados de saneamento.  

Enquanto isso, a ciência tenta encontrar metodologias eficazes para detecção, isolamento e remoção de microplásticos. 

Fontes: Cassiana Carolina Montagner, química e coordenadora do Laboratório de Química Ambiental da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Danila Soares Caixeta, bióloga docente do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental e do Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

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