Mudanças climáticas e a nossa saúde
Alterações feitas por humanos no meio ambiente provocam doenças e milhares de mortes
Você já parou para pensar que a nossa saúde depende da saúde do meio ambiente? As mudanças climáticas, por exemplo, oferecem riscos reais: estima-se que ocorram mais de 13 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano devido a causas ambientais evitáveis.
Neste artigo, você vai ler:
Não à toa, nesse ano, a OMS (Organização Mundial de Saúde) escolheu o tema “Nossa Planeta, Nossa Saúde” para o Dia Mundial da Saúde, celebrado em abril. A ação teve como objetivo divulgar as ações necessárias para manter os seres humanos e o planeta saudáveis.
Os relatórios desenvolvidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) mostraram que as ações diretas do homem em relação ao planeta já apresentam consequências irreversíveis, como é o caso do aquecimento global e do efeito estufa. E alertam que esses impactos podem afetar principalmente gestantes, idosos e crianças, que são mais vulneráveis.
Com a ajuda de especialistas no setor, destacamos abaixo os principais impactos das mudanças climáticas na nossa saúde.
Doenças cardiovasculares
O calor e a umidade excessiva podem provocar estresse no organismo, que passa a ter dificuldade para regulação da temperatura corpórea.
Já quando o tempo está muito seco, ou seja, com umidade do ar abaixo dos 30%, há um aumento do risco de desidratação.
Ambas as situações fazem mal para o coração, comprometendo o músculo cardíaco e a circulação sanguínea.
Doenças respiratórias
As mudanças climáticas também afetam e pioram a poluição do ar. Os poluentes em excesso na atmosfera dificultam a umidificação dos pulmões, agravando os quadros de doenças respiratórias já existentes, como asma e bronquite (condições em que as vias aéreas ficam inflamadas).
Pandemias
Algumas pesquisas apontam que as mudanças climáticas também podem ter contribuído para o surgimento da covid-19. E outras vão além: indicam que podem surgir outras pandemias por conta do agravamento da crise climática.
Um estudo apontou uma mudança de comportamento dos morcegos devido às alterações climáticas. Lembrando que a provável origem do coronavírus (SARS-CoV-1 e o SARS-CoV-2) derivou do contato desses animais com o homem.
Por conta disso, os pesquisadores acreditam que a interação entre algumas espécies pode causar novas pandemias no futuro. Isso porque esses animais, muitas vezes, precisam se locomover para sobreviver às mudanças climáticas.
Pesquisadores reforçam que muitos vírus (conhecidos e desconhecidos) vivem entre animais silvestres e que alguns podem ser capazes de chegar até os homens após transformações genéticas.
Diarreia
A falta de chuva e a consequente diminuição do nível dos reservatórios hídricos podem reduzir a quantidade de água potável disponível.
O acesso limitado à água pode levar ao uso de fontes alternativas sem o tratamento adequado, contendo impurezas ou até mesmo contaminadas. E o contato com a água poluída pode precipitar o surgimento de sintomas e doenças relacionadas ao trato gastrointestinal, como náuseas, vômitos e diarreia.
Aumento da mortalidade
O calor em excesso afeta a mortalidade de idosos. De acordo com a OMS, nos últimos anos, o aumento da temperatura ampliou em 50% a morte de pessoas com mais de 65 anos. Eles são mais suscetíveis à desidratação corporal e ao aumento da temperatura do corpo.
Doenças transmitidas por insetos
Com as alterações climáticas e do padrão das chuvas, alguns locais ficam suscetíveis a doenças transmitidas por insetos, como dengue, zika e malária, por exemplo.
Isso acontece porque o aumento da temperatura torna o ambiente mais propício para a disseminação desses vetores. Já o desmatamento faz com que eles se desloquem para outras regiões.
Doenças renais
Você já reparou que no calor sente mais sede? O organismo necessita de mais água para evitar a desidratação e isso pode comprometer os rins, que são os órgãos responsáveis pela filtragem de impurezas e outras substâncias.
Ainda dá tempo de mudar!
A conscientização de que a degradação do ambiente atinge o nosso organismo é o primeiro passo para a mudança. As ações que você pratica hoje já fazem a diferença na saúde do planeta (e na nossa!).
Os especialistas reforçam: precisamos nos reconectar com o planeta para entender como usar os recursos de uma forma mais sustentável.
O meio ambiente sempre foi visto como algo alheio ao homem. No entanto, a cada dia fica evidente a necessidade de mudar nosso olhar e notar a interdependência entre o bem-estar e o planeta. Vamos fazer nossa parte?
Fontes: José Roberto Machado, professor do Departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento do ICB – USP (Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo); Antonio Saraiva, coordenador do Grupo de Estudos em Saúde Planetária do IEA (Instituto de Estudos Avançados da USP); Felipe Seffrin, coordenador de comunicação do Instituto Akatu.