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Monkeypox se torna emergência de saúde mundial

Aumento agudo no número de casos causa preocupação; vacina deve demorar a chegar

Por Danielle SanchesPublicado em 02/08/2022, às 18:40 - Atualizado em 25/05/2023, às 15:17
Foto: Shutterstock

O que é monkeypox?

Também conhecida como “varíola dos macacos”, a monkeypox alcançou o status de emergência de saúde dado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 23 de julho de 2022, depois do aumento crescente no número de casos reportados mundialmente desde maio de 2022.

No mundo todo, o número de infectados já ultrapassou a marca de 20 mil pessoas. No Brasil, mais de mil casos já foram detectados até final de julho deste ano. 

A doença, uma prima menos agressiva da varíola humana – erradicada do mundo desde 1980 – não é nem de longe tão transmissível como outros vírus (incluindo aí o Sars-CoV-2), nem provoca sintomas ou quadros tão graves como outros vírus da família Poxviridae.

“Ainda não está claro se pessoas com comorbidades, como imunossuprimidos, apresentarão uma forma mais grave da doença”, afirma Ligia Pierrotti, infectologista da Dasa e médica do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Em 29 de julho, o Brasil computou sua primeira morte pela doença. O paciente, de Minas Gerais, era portador de linfoma (um tipo de câncer), imunossuprimido e não resistiu às complicações causadas pelo vírus

Quais os principais sintomas da monkeypox?

O principal sintoma da monkeypox são as vesículas, pequenas bolhas com líquido em seu interior. As lesões podem surgir em todo o corpo e é comum que elas também apareçam na área íntima, na mucosa dos órgãos genitais e no ânus. Nesses casos, a dor pode ser bastante incômoda – nada que não seja facilmente manejado com analgésicos comuns.

Após alguns dias, as lesões secam e as crostas caem. O indivíduo é considerado não infectante após a resolução de todas as lesões crostosas.

As lesões cutâneas podem ser precedidas de sintomas gerais como febre, dores musculares, dor de cabeça e inchaço nos gânglios.

Normalmente, a doença não apresenta complicações e o desfecho de grande parte dos pacientes é bom. “Por isso, sabemos que haverá subnotificação dos casos, pois muitas pessoas não irão procurar os serviços de saúde”, afirma a especialista. 

Diferente do que acontece com os vírus respiratórios, a transmissão se dá na grande maioria das vezes por contato físico íntimo com pessoas que estejam com a doença.

A transmissão por meio de gotículas de saliva pode existir, mas é pouco frequente, afirma Alberto Chebabo, vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

Atualmente, mais de 90% dos casos de varíola dos macacos ocorrem em homens que fazem sexo com homens. No entanto, é importante frisar que esses indivíduos não são os únicos a estarem vulneráveis à contaminação e é esperado aumento do número de casos em outros grupos populacionais, incluindo mulheres e crianças.

“Esse vírus não escolhe gênero. Inicialmente, ele está se espalhando predominantemente nas comunidades de homens que fazem sexo com homens, mas isso não significa que outras pessoas não pertencentes a estes círculos estejam livres do risco de exposição”, alerta Pierrotti.

O receio é novamente estigmatizar um grupo social, como ocorreu com o início da AIDS na década de 1980. Na época, a doença foi chamada de “peste gay” e considerada uma exclusividade de pessoas homossexuais.

E, assim como as pessoas erraram naquela época, quem pensa assim está novamente equivocado. “Já temos casos de crianças e mulheres, o que indica que a transmissão independe do gênero da pessoa e tem sua origem no toque físico em lesões ativas”, reforça.

Foto: Shutterstock

Diagnóstico e tratamentos

Além dos exames clínicos, a melhor forma de diagnosticar a monkeypox é por meio do exame RT-PCR – aquele mesmo de que tanto se falou quando a pandemia do novo coronavírus começou.

O exame RT-PCR foi mais uma vez eleito para fazer diagnóstico por um motivo simples: atualmente, ele é o mais fácil de implementar para qualquer doença nova que apareça, com um custo considerado acessível.

Para o exame ser feito, é necessário realizar um swab da lesão cutânea– ou seja, coleta de material por meio daquele cotonete seco estéril – nas lesões cutâneas provocadas pela doença. 

Pode-se também coletar material tanto das vesículas (preferencialmente), quanto das crostas, embora as crostas tenham menos concentração viral do que as vesículas.

Não existe tratamento para a monkeypox, apenas medicamentos para aliviar os sintomas (analgésicos e antitérmicos). A pessoa deixa de transmitir a doença quando todas as crostas causadas pelas vesículas caírem e as lesões desaparecerem – o que pode levar até 40 dias, de acordo com o Ministério da Saúde. 

E a vacina contra a monkeypox?

O Ministério da Saúde divulgou que as primeiras doses da vacina contra a monkeypox devem chegar ao País em setembro.

Antes de arregaçar a manga para receber a sua dose, alto lá: nem a OMS nem o Ministério da Saúde recomendam a vacinação em massa neste momento.

Inicialmente, a expectativa é de que apenas os profissionais de saúde que manipulam amostras recolhidas de pacientes e pessoas que tiveram contato com doentes sejam vacinados.

O esquema de vacinação deve ser de duas doses, com intervalo de 30 dias entre elas. A aquisição foi feita por intermédio da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), já que a única empresa autorizada a fabricar uma vacina contra a varíola no mundo, a dinamarquesa Bavarian Nordic, não possui escritório no Brasil.

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