Sacroileíte: inflamação afeta a base da coluna e o quadril
Quadro pode ser causado por doenças reumáticas, como a espondilite anquilosante, mas também por traumas, sobrecarga ou infecções

Você já sentiu uma dor persistente na parte de baixo das costas ou nas nádegas? Muitas vezes, a causa não está nas costas em si, mas nas articulações sacroilíacas. A inflamação nessas estruturas tem nome: sacroileíte.
Essa condição é um dos sintomas de um grupo de doenças reumáticas chamado de espondiloartrites. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia, as espondiloartrites afetam entre 0,5% e 1,4% da população em geral.
Siga a leitura e saiba mais sobre a sacroileíte, seus sintomas e causas.
Neste artigo, você vai ler:
Sacroileíte: o que é?
A sacroileíte é a inflamação de uma ou das duas articulações sacroilíacas, que conectam o osso sacro – que fica na base da coluna vertebral – aos ossos ilíacos, os maiores da bacia. Elas também absorvem o impacto entre a parte de cima do corpo, as pernas e a pélvis. Quando essa região inflama, surge a dor.
A condição é um tipo de artrite, ou seja, uma inflamação articular. E pode acontecer de forma aguda, com uma dor súbita e intensa, ou se tornar crônica, com desconforto persistente. Ela impacta atividades rotineiras como caminhar ou simplesmente ficar em pé ou sentado muito tempo.
Sacroileíte bilateral
A sacroileíte bilateral acontece quando as duas articulações sacroilíacas inflamam ao mesmo tempo. Geralmente, ela está associada a doenças reumáticas sistêmicas. Ou seja: a inflamação não é localizada, mas parte de uma condição que afeta o corpo todo, como a espondilite anquilosante.
Já a sacroileíte unilateral, que atinge apenas um lado, é mais comum em casos de trauma direto na região ou infecções.
O que causa a sacroileíte?
As causas mais comuns de sacroileíte são as doenças inflamatórias sistêmicas, especialmente as espondiloartrites, como a espondilite anquilosante. Nelas, o próprio sistema imunológico ataca as articulações, causando a inflamação.
Mas outros fatores podem levar à sacroileíte:
- Artrite Psoriásica: doença que afeta a pele (psoríase) e as articulações.
- Artrite reativa: associada a infecções em outras regiões do corpo, mais comumente a urogenital.
- Doenças Inflamatórias Intestinais: condições como a Doença de Crohn e a retocolite ulcerativa podem ter a sacroileíte como uma manifestação fora do intestino.
- Artrose: também chamada de osteoartrite, é o desgaste da cartilagem da articulação, e acontece com o envelhecimento e o uso repetitivo.
- Trauma: uma queda, um acidente de carro ou qualquer impacto direto na região pélvica ou lombar pode lesionar a articulação sacroilíaca.
- Gravidez: durante a gestação, as articulações sacroilíacas se tornam mais flexíveis para permitir o parto. Isso, somado ao peso extra, pode sobrecarregá-las e causar inflamação.
Embora mais raro, bactérias podem infectar a articulação e causar uma sacroileíte infecciosa.
Sintomas da sacroileíte
O sintoma mais característico da sacroileíte é a dor lombar baixa, que pode se concentrar de um ou de ambos os lados da parte inferior das costas. Frequentemente, ela também é sentida nas nádegas e pode irradiar para a parte de trás da coxa, sendo às vezes confundida com a dor ciática.
Ficar em pé por muito tempo, subir escadas, correr ou colocar mais peso em uma perna só costumam aumentar o desconforto. Assim como levantar-se de uma cadeira e rolar na cama.
Há pacientes que também relatam uma rigidez na região lombar e no quadril, especialmente pela manhã ou depois que a pessoas fica parada por um tempo.
Em casos de origem infecciosa, pode haver febre.
Qual médico procurar?
Como a sacroileíte é bastante ligada a doenças reumáticas, como as espondiloartrites, o médico mais indicado seria o reumatologista. Ele é especialista em doenças inflamatórias que afetam as articulações, os músculos e os ossos.
Outros especialistas, como ortopedistas e fisiatras, também podem ser acionados, principalmente quando a causa é mecânica ou relacionada a traumas.
Exames que auxiliam no diagnóstico da sacroileíte
Na consulta, o médico deve movimentar e pressionar a região do quadril e das pernas para tentar reproduzir a dor e identificar sua origem na articulação sacroilíaca.
É importante destacar que, em casos de espondilite anquilosante (especialmente na sua forma axial), o exame físico pode ser limitado e apresentar baixa confiabilidade.
Por isso, a avaliação por meio de exames de imagem assume um papel fundamental, não apenas para o diagnóstico preciso, mas também para o seguimento da evolução da doença.
Para confirmar suas suspeitas, geralmente o raio-x é primeiro exame solicitado pelo médico, já que ele pode mostrar sinais de danos na articulação. Mas, se a intenção é detectar a sacroileíte no início, a ressonância magnética seria o exame mais sensível.
Ela mostra a inflamação ativa nos ossos e tecidos moles, mesmo antes de haver danos estruturais visíveis no raio-X.
Os exames de imagem também são importantes excluir outras doenças que causam dor lombar, como a espondilose (um desgaste na coluna) ou a espondilolistese (o escorregamento de uma vértebra).
Já os exames de sangue ajudam a detectar sinais de inflamação no corpo e a investigar a presença do marcador genético HLA-B27, associado à espondilite anquilosante.
Sacroileíte tem cura?
Isso depende da causa da sacroileíte. Se for algo pontual, como uma sobrecarga na gravidez ou um trauma leve, ela pode ser completamente curada com o tratamento adequado.
No entanto, quando a sacroileíte é uma manifestação de uma doença crônica, como a espondilite anquilosante ou a artrite psoriásica, não se fala em cura definitiva, mas em controle da doença. Ou seja: colocar a inflamação em remissão, aliviar os sintomas, prevenir danos nas articulações e manter a qualidade de vida e a mobilidade do paciente.
Tratamentos para a sacroileíte
É quase uma medida padrão: no começo, geralmente o médico prescreve anti-inflamatórios e analgésicos para controlar a dor e a inflamação e, sempre que possível, fisioterapia para melhorar a função da articulação.
Exercícios de fortalecimento e alongamento ajudam a estabilizar a articulação e melhorar a amplitude de movimento.
Já os medicamentos modificadores do curso da doença (DMARDs) são usados em casos de doenças reumáticas, como a artrite psoriásica, para controlar a resposta do sistema imunológico.
Os imunobiológicos são uma classe de medicamentos mais modernos indicados para casos de espondiloartrites. Eles agem em alvos específicos do sistema imune para controlar a inflamação.
Em alguns casos, a aplicação de medicamentos corticoides diretamente na articulação – as chamadas infiltrações – podem ser cogitadas para alívio rápido da dor.
Já naqueles casos crônicos que não respondem a outros tratamentos, um procedimento chamado denervação por radiofrequência pode ser usado. Com ele, é possível destruir as fibras nervosas que transmitem o sinal de dor da articulação.