Agosto Branco alerta para câncer de pulmão
Silencioso, câncer de pulmão é mais comum em fumantes, mas também pode acometer quem não fuma
Caracterizado pelo crescimento anormal de células no pulmão e tendo 85% dos diagnósticos associados ao consumo de derivados do tabaco, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de mortes que poderiam ser evitadas no fim do século 20.
Neste artigo, você vai ler:
É o que apontam dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer). De acordo com a entidade, para cada ano do triênio 2020-2022, estimam-se 17.760 novos casos de câncer de pulmão em homens e 12.440 em mulheres, somente no Brasil.
Pensando nesse cenário, foi criada a campanha “Agosto Branco”, que tem como principal objetivo conscientizar a população sobre a importância da prevenção da doença. Quando diagnosticado em estágio inicial, a taxa de sobrevida pode chegar a 56%.
“É um câncer geralmente de crescimento lento e como não sentimos dor no pulmão, ele vai evoluindo praticamente sem sintomas”, explica Elie Fiss, pneumologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC. “Só passa a apresentar sinais após aumento de tamanho ou por seu estágio avançado”, afirma.
Acompanhe a seguir mais informações sobre a doença.
Tipos de câncer de pulmão
O câncer de pulmão pode ser dividido em dois tipos: Câncer de Pulmão de Não Pequenas Células, que corresponde a cerca de 85% dos casos; e Câncer de Pulmão de Pequenas Células, que acomete cerca de 15% dos pacientes.
O Câncer de Pulmão de Não Pequenas Células pode ser dividido em três tipos, de acordo com a célula da qual se originou:
Adenocarcinoma:
fumantes e ex-fumantes têm maior risco de desenvolver, mas é o tipo de câncer mais comum entre os não fumantes também. Além disso, é mais frequente em mulheres e em pessoas mais jovens. Normalmente é encontrado nas áreas externas do pulmão, sendo um tipo de câncer que cresce mais lentamente e que geralmente é diagnosticado antes de se disseminar.
Carcinoma espinocelular:
tumor relacionado ao tabagismo, que começa nas células localizadas no interior das vias aéreas e é, geralmente localizado no centro dos pulmões.
Carcinoma de grandes células:
pode aparecer em qualquer parte do pulmão e se dissemina com velocidade, dificultando o tratamento.
Ainda existem outros subtipos de câncer de pulmão de não pequenas células, como o carcinoma adenoescamoso e o carcinoma sarcomatoide, mas de ocorrência menos comum.
Já o Câncer de Pulmão de Pequenas Células tende a se disseminar rapidamente. Estima-se que 70% dos pacientes com esse tipo já terão metástases, ou seja, células cancerosas espalhadas por outras partes do corpo, no momento do diagnóstico. Além disso, é muito comum que os pacientes tenham recidiva, ou seja, que o tumor retorne em algum momento da vida.
Prevenção
Em primeiro lugar, embora não seja uma tarefa fácil para algumas pessoas, deve-se deixar de lado o hábito de fumar.
Em segundo lugar, evitar também o tabagismo passivo, uma situação em que a pessoa inala fumaça cheia de substâncias a partir do fumo realizado por outra pessoa.
Além disso, tomar cuidado com a exposição a agentes químicos que podem ser encontrados em determinados locais de trabalho. Alguns exemplos dessas substâncias são: arsênico, urânio e níquel, entre outros.
Para pessoas de idade avançada, os especialistas recomendam uma tomografia uma vez ao ano. “Para fumantes acima de 50 anos, a indicação é que façam uma tomografia de baixa dosagem anualmente. Com isso, consegue-se diagnosticar o câncer de pulmão ainda em estágio precoce, aumentando muito a chance de cura”, lembra o pneumologista.
+ LEIA TAMBÉM: Diagnóstico precoce evita doenças e complicações
Sinais e sintomas
Geralmente, o câncer de pulmão passa a apresentar sintomas somente em estágio avançado. No entanto, alguns indivíduos podem ter ainda na fase inicial:
Fatores de risco
“Sem dúvida, a principal causa do câncer de pulmão é o tabagismo. Então, a melhor forma de se evitar esse tipo de câncer é não fumar. É claro que muitos casos também acometem os não fumantes, mas a incidência da doença é muito maior entre os que fumam”, ressalta Fiss.
Outros fatores de risco são:
- Exposição a agentes químicos ou físicos: poluição do ar, água com arsênico, urânio, radônio, entre outros.
- Fatores genéticos: histórico da doença na família.
- Idade avançada: pessoas entre 50 e 70 anos;
- Trabalhadores expostos a agentes nocivos: trabalhadores rurais, da indústria (alumínio, borracha, têxtil, nuclear, metal, vidro, fertilizantes, cimento, gesso, eletroeletrônicos, entre outras), construção civil, mineração, encanadores, eletricistas, bombeiros, mecânicos, pintores e metalúrgicos.
Diagnóstico
O diagnóstico do câncer de pulmão passa por algumas etapas até que a suspeita seja confirmada. Depois, é hora de checar o estágio em que a doença se encontra para então definir o melhor tratamento. Alguns exames utilizados são:
Raio-X do tórax e tomografia computadorizada:
são os primeiros exames a serem realizados para a investigação do câncer de pulmão. Geralmente, são realizados em indivíduos que apresentam sintomas precoces como tosse persistente ou emagrecimento e até em pessoas sem sintomas aparentes, mas que têm um risco elevado de ter a doença.
Broncoscopia:
com esse procedimento é possível realizar, por meio de um aparelho com uma microcâmera, a visualização de órgãos como traqueia, brônquios e pulmões. Em caso de eventuais alterações ou lesões, a broncoscopia permite a biópsia, ou seja, a retirada de um pedaço do tumor para realização de exame.
Biópsia pulmonar guiada por tomografia, biópsia por broncoscopia, tomografia de tórax, PET-CT, entre outros:
são utilizados para avaliar o estágio da doença após a confirmação do diagnóstico.
“Esses exames são fundamentais, pois auxiliam no diagnóstico e também no que chamamos de ‘estadiamento’. Ou seja, nos ajudam a verificar se o câncer está somente no pulmão ou se já se disseminou para outras partes do corpo”, explica Fiss.
Tratamento
O tratamento irá depender do tipo de câncer e do estágio da doença de cada indivíduo. Pode ser cirúrgico, quimioterápico, radioterápico ou uma combinação entre eles.
Cirurgia:
costuma ser o tratamento com o melhor resultado. “Quando é possível realizar o tratamento cirúrgico, com a retirada de um pedaço do pulmão ou até mesmo a retirada total de um dos pulmões, as possibilidades de cura são mais elevadas”, afirma o pneumologista.
No entanto, em apenas cerca de 20% dos casos sua realização é possível devido à condição clínica da pessoa e ao estágio em que o câncer de pulmão é encontrado. Existem três tipos de cirurgias, sendo elas:
- Segmentectomia e ressecção em cunha: consiste na retirada de uma pequena parte do pulmão, ou seja, da área especificamente atingida pelo tumor. É realizada em indivíduos que não têm capacidades físicas para cirurgias maiores por conta da idade avançada, por exemplo.
- Lobectomia: neste tipo de cirurgia, todo o lobo pulmonar (partes do pulmão) em que o tumor está localizado é retirado. Por ser possível remover toda a doença, é o tratamento mais adequado para casos em que é possível ser feito.
Outros tratamentos:
Quimioterapia:
consiste em destruir as células cancerígenas por meio do uso de medicamentos que afetam o funcionamento celular. Além disso, atua para reduzir o crescimento do tumor, bem como suavizar os sintomas do câncer.
Radioterapia:
por meio da radiação, destrói as células cancerígenas. Esse tratamento pode ser feito antes ou após a cirurgia.
Terapia-alvo:
o tratamento baseia-se na ação de medicamentos que atuam nas moléculas específicas das células tumorais, de modo a reduzir os danos que elas causam.
Referência: INCA