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Atonia uterina: quadro pode acontecer logo após o parto

Caracteriza pela dificuldade de contração do útero após p parto, a condição pode levar a complicações sérias

Por Raquel RibeiroPublicado em 06/03/2025, às 11:10 - Atualizado em 06/03/2025, às 16:54

atonia uterina

Atonia uterina é uma das principais causas de hemorragia pós-parto, uma complicação que pode colocar a vida da mulher em risco.  Apesar de grave, a condição pode ser parcialmente prevenida e controlada com medidas adequadas durante o pré-natal, no momento do parto e no pós-parto.

O que é atonia uterina? 

A atonia uterina é uma condição médica que ocorre quando o útero não se contrai de forma adequada após o parto, sendo uma das principais causas de hemorragia pós-parto.  

Após o nascimento do bebê, os vasos sanguíneos que conectam a placenta ao útero se rompem, e é necessário que o útero se contraia para fechar esses vasos. Caso as contrações não sejam eficazes, pode haver um fluxo de sangue excessivo, levando a sangramento intenso. 

O que causa atonia uterina? 

A atonia uterina pode ser desencadeada por diversos fatores que dificultam a contração adequada do útero após o parto. Entre os principais riscos estão a gestação múltipla, como gêmeos ou trigêmeos, e o nascimento de bebês maiores que a média, condição conhecida como macrossomia fetal e aderência placentária anômala (acretismo placentário)

Além disso, mulheres acima de 35 anos, com excesso de líquido amniótico (polidrâmnio), partos excessivamente prolongados, obesidade ou presença de miomas uterinos, têm maior probabilidade de desenvolver essa complicação.

Quais são os sintomas de atonia uterina? 

A atonia uterina é uma condição que ocorre após o parto e se caracteriza pela perda do tônus muscular do útero, o que pode levar a um sangramento vaginal excessivo e prolongado. Este é o sinal mais evidente.

Ao exame físico, o médico também pode perceber que o útero está mais mole e aumentado do que o normal, indicando a falta de contração. A presença de coágulos grandes no sangramento vaginal também é um sinal de alerta. 

Além disso, outros sintomas comuns são pressão arterial baixa (a perda de sangue pode levar a uma queda na pressão), taquicardia, já que o coração pode acelerar para tentar compensar a perda de sangue, e sensação de tontura. 

Em casos mais graves, podem ocorrer desmaios, palidez acentuada, perda de consciência e dores nas costas. 

Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico da atonia uterina é realizado por meio de um exame físico feito pelo profissional de saúde logo após o parto. Durante a avaliação, o especialista observa o tamanho e a consistência do útero. Em casos de atonia, o útero permanece grande, mole e sem firmeza, enquanto em situações normais ele se contrai e endurece, retomando sua forma. Essa análise é crucial para identificar a condição e iniciar o tratamento rapidamente.

Quais as possíveis implicações? 

A atonia uterina pode levar a várias complicações graves que comprometem a saúde da mulher. Entre as possíveis implicações estão: 

  • Choque hipovolêmico, causado pela perda significativa de sangue, que pode afetar órgãos vitais; 
  • Anemia, decorrente da redução no volume sanguíneo, causando fraqueza e fadiga;  
  • Coagulação vascular disseminada, uma condição em que o sistema de coagulação é sobrecarregado, resultando em sangramentos descontrolados; 

Em casos mais graves, pode ocorrer falência de órgãos, como insuficiência renal, hepática ou cardíaca. Sendo assim, diante da gravidade dessas possíveis consequências, o tratamento da atonia uterina deve ser iniciado imediatamente, com a mulher permanecendo internada para monitoramento constante e prevenção de riscos maiores. 

Qual é o tratamento para atonia uterina? 

A atonia uterina é uma emergência médica que exige intervenção imediata para conter o sangramento e evitar complicações graves. O tratamento foca em interromper a hemorragia e restaurar os fluidos perdidos, muitas vezes recorrendo à transfusão de sangue. Medidas simples como a massagem externa ou interna do útero podem ser suficientes para melhorar a contratilidade uterina. Medicamentos são amplamente utilizados para estimular as contrações do útero e ajudar no controle da hemorragia. Entre os principais estão: 

  • Ocitocina: administrada por via intravenosa ou intramuscular, promove contrações uterinas eficazes. 
  • Metilergonovina: aplicada via intramuscular, em doses a cada 2 a 4 horas. 
  • Misoprostol: utilizado por via retal para facilitar a absorção e estimular o útero. 

Se essas medidas não forem suficientes, uma medida altamente eficiente (taxa de sucesso de 75-91%) de introdução recente em nosso meio é a utilização de um balão de Bakri.  Trata-se de procedimento minimamente invasivo que envolve a colocação de um cateter com balão (pela vagina ou durante a cesárea), que é insuflado no interior do útero, onde permanece por 12-24 horas, reduzindo o sangramento e preservando o futuro reprodutivo da mulher. 

Se nada disso for suficiente procedimentos cirúrgicos podem ser necessários. Entre eles estão a curetagem uterina, a ligadura ou embolização das artérias uterinas, e, em casos mais graves, a histerectomia, que consiste na remoção do útero. 

Como prevenir a condição? 

A prevenção da atonia uterina começa ainda no pré-natal, com o obstetra avaliando os fatores de risco da gestante para essa complicação. Durante a ultrassonografia é de suma importância afastar sinais de aderência anômala placentária (acretismo placentário), sobretudo nas pacientes com maior risco para essa complicação, como aquelas com placenta prévia e cesárea ou cicatriz uterina anterior. Se houver sinais dessa complicação alguns cuidados especiais durante o parto fazem toda a diferença. 

Uma das estratégias preventivas é a realização de massagem uterina para estimular as contrações. Além disso, a administração de ocitocina logo após a saída da placenta ajuda a garantir que o útero se contraia adequadamente, prevenindo hemorragias pós-parto. Essas ações são essenciais para minimizar os riscos e garantir a segurança da mãe. 

Durante o parto, especialmente na terceira fase, que corresponde à expulsão da placenta, algumas medidas podem ser tomadas para reduzir as chances de atonia.

Uma das estratégias preventivas é a realização de massagem uterina para estimular as contrações. Além disso, a administração de ocitocina logo após a saída da placenta ajuda a garantir que o útero se contraia adequadamente, prevenindo hemorragias pós-parto. Essas ações são essenciais para minimizar os riscos e garantir a segurança da mãe.

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Quem teve atonia uterina pode engravidar de novo? 

Sim, mulheres que já tiveram atonia uterina podem engravidar novamente, embora exista um risco aumentado de que a condição ocorra outra vez. A possibilidade de recorrência é considerada a principal complicação futura associada a esse quadro.

Apesar disso, a reprodução do quadro não é garantida em todas as gestações seguintes. Muitas mulheres que já enfrentaram atonia uterina podem passar por gestações subsequentes sem apresentar o mesmo problema. No entanto, é essencial que toda a jornada da maternidade seja acompanhada de perto pelos profissionais de saúde para garantir maior segurança. 

Importância do pré-natal 

O pré-natal desempenha um papel essencial na saúde da mulher e do bebê, sendo um dos cuidados mais fundamentais na gravidez para prevenir complicações como a atonia uterina. Durante esse acompanhamento, conforme explicamos anteriormente, o obstetra avalia o estado geral da gestante, identifica fatores de risco e toma medidas preventivas que podem reduzir significativamente a probabilidade de problemas no parto e no pós-parto.

No caso específico da atonia uterina, o pré-natal permite ao médico monitorar condições que aumentam o risco, como gestações múltiplas, presença de miomas, excesso de líquido amniótico ou histórico de complicações em partos anteriores e a avaliação da placenta. Pelo menos uma ultrassonografia detalhada em cada trimestre da gestação é fundamental para detectar fatores de risco com base nessas informações, o profissional pode planejar estratégias para minimizar os riscos, como o uso de medicamentos preventivos ou maior vigilância durante o parto.

Além disso, trata-se de uma oportunidade para orientar a gestante sobre sinais de alerta e a importância do acompanhamento contínuo. A detecção precoce de fatores de risco e a adoção de cuidados específicos garantem um parto mais seguro e um melhor prognóstico para a saúde da mãe, reduzindo significativamente a chance de complicações graves.

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Fonte: Dr. Javier Miguelez, Head da Medicina Fetal na Dasa Genômica

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