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Dor de cabeça na gravidez: o que pode ser e como tratar

O problema pode surgir em qualquer fase da gestação, mas deve ser observado com mais atenção quando aparecer no terceiro trimestre

Por Raquel RibeiroPublicado em 01/08/2023, às 11:00 - Atualizado em 12/04/2024, às 11:50

Mulher com dor de cabeça na gravidez

Dor de cabeça é uma das queixas mais comuns da população adulta. Nas mulheres, a dor de cabeça na gravidez pode ocorrer em qualquer fase da gestação e é desencadeada por diversos fatores.

Existem dois principais tipos de dor de cabeça, inclusive durante a gravidez: a cefaleia tensional e a enxaqueca, também chamada de migrânea. 

  • Cefaleia tensional: ocorre devido à contração da musculatura do pescoço e da região dorsal superior, resultando em compressão dos vasos sanguíneos e alterações no fluxo sanguíneo para a região envolvendo a cabeça e o pescoço. Essa tensão muscular pode levar a dores de cabeça tanto em mulheres não grávidas quanto em mulheres grávidas. 
  • Enxaqueca: de modo geral, a enxaqueca é descrita como uma dor de cabeça mais intensa, muitas vezes acompanhada de sintomas como sensibilidade à luz e ao som, náuseas e vômitos. 

Continue a leitura e saiba mais sobre a dor de cabeça na gravidez, suas principais causas e como tratar o problema. 

Dor de cabeça na gravidez é normal? 

Sim. Na verdade, é comum que as mulheres, mesmo que não estejam grávidas, apresentem episódios de dor de cabeça. Isso porque a flutuação hormonal, ou seja, as variações naturais dos níveis de hormônio, já contribui para a maior incidência desse tipo de dor nas mulheres. 

No período gestacional, apesar dos níveis hormonais não flutuarem, existe outro fator-chave com potencial para desencadear a dor de cabeça: a ansiedade. 

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As mulheres geralmente apresentam maior ansiedade nesta fase devido às inúmeras questões que envolvem a gravidez, como a mudança física e o medo de complicações durante a gestação, entre outros motivos. 

Portanto, é importante entender que a dor de cabeça é um sintoma comum durante a gravidez, especialmente devido ao aumento da ansiedade. No entanto, se a dor de cabeça for intensa, persistente ou estiver associada a outros sintomas preocupantes, é recomendável procurar orientação médica para avaliação e tratamento adequados. 

Dor de cabeça no 1º trimestre da gravidez 

A cefaleia no primeiro trimestre da gravidez está geralmente associada a alterações emocionais relacionadas à gestação, como: 

  • Ansiedade: especialmente se for a primeira gravidez. 
  • Distúrbios do sono: dificuldade para dormir. 
  • Medo: de sofrer um aborto ou de que o filho nasça com algum problema de saúde. 

Dor de cabeça no 2º trimestre da gravidez 

No segundo semestre da gestação, ocorrem mudanças significativas no corpo que podem estar relacionadas à cefaleia.  

Em primeiro lugar, uma das alterações é a mudança do eixo de equilíbrio devido ao crescimento da barriga. Para compensar essa mudança, o corpo passa por modificações musculoesqueléticas, permitindo que a mulher mantenha o equilíbrio e ande normalmente.  

Isso pode levar a uma curvatura acentuada da coluna lombar, conhecida como hiperlordose, e resultar em uma postura ligeiramente diferente em comparação a uma mulher não grávida, tudo para equilibrar o crescimento do volume abdominal e o peso do bebê e seus anexos gestacionais.  

Essas alterações posturais também podem gerar tensões musculares, causando desconforto na região lombar, musculatura inferior e pescoço, inclusive dor de cabeça.

Além disso, mudanças metabólicas durante a gravidez, como as causadas pela privação de sono podem estar relacionadas à cefaleia.  

Dor de cabeça no 3º trimestre da gravidez 

No terceiro trimestre da gestação, as dores de cabeça podem se tornar mais preocupantes se essas tiverem um caráter progressivo, ou seja, a intensidade aumenta ao longo do tempo ou se ela for acompanhada de outros sintomas como: 

  • Visão embaçada;  
  • Convulsões; 
  • Inchaço, especialmente nas mãos e no rosto; 
  • Dores de estômago. 

Essas dores podem estar associadas à pré-eclâmpsia, um quadro grave que pode evoluir para eclâmpsia, um aumento da pressão arterial que pode colocar em risco a vida da mãe e do feto. 

É importante estar atento a esses sinais de alerta no terceiro trimestre da gravidez e relatar qualquer dor de cabeça incomum ao profissional de saúde responsável pelo acompanhamento da gestação. 

Quando a dor de cabeça na gravidez é preocupante? 

Qualquer dor de cabeça incomum, ou seja, que não passa ou que é acompanhada de outros sintomas, deve ser relatada ao profissional de saúde responsável pela gestação para a devida avaliação e cuidados, especialmente no terceiro trimestre da gestação. 

Como tratar dor de cabeça na gravidez? 

O tratamento da cefaleia na gravidez envolve várias medidas, como: 

  • Ajustes na dieta: é importante optar por uma alimentação mais natural, evitando alimentos com conservantes e aditivos químicos. Uma dica relevante é evitar produtos que fiquem muito tempo nas prateleiras dos supermercados, principalmente aqueles fora da refrigeração e com longa validade. Priorizar alimentos frescos, como frangos, ovos e grãos, é essencial. Além disso, a gestante deve fazer uma dieta fracionada, com refeições menores e mais frequentes, para evitar períodos prolongados de jejum.
     
  • Qualidade do sono: cuidar do sono também é fundamental no tratamento da cefaleia. Ter uma rotina de sono adequada, dormindo cerca de 8 horas por dia e evitando ultrapassar o horário das 23 horas para dormir, ajuda a garantir uma boa produção de melatonina, um hormônio importante para a qualidade do sono.
     
  • Controle do estresse e da ansiedade: pode ser por meio de atividades relaxantes, como caminhar em um local tranquilo, assistir a um filme ou simplesmente se reunir com amigos, mas também pode passar por um acompanhando com um terapeuta e buscar uma rede de apoio para essa fase.
     
  • Atividade física: precisa ser adequada à gestação, com o devido acompanhamento para ajudar no bom funcionamento do corpo todo, inclusive no controle do peso.  
  • Medicamentos: geralmente analgésicos para alívio da dor. 

Contudo, vale ressaltar que cada gestante deve ser devidamente orientada pelo seu médico em relação às opções de tratamento adequadas para o seu caso, levando em consideração os possíveis riscos e benefícios. 

Grávida pode tomar remédio para dor de cabeça?  

No que diz respeito a medicamentos, é importante que a gestante consulte seu médico para obter orientações específicas. Geralmente, analgésicos podem ser utilizados para aliviar a dor de cabeça, porém, é necessário seguir a recomendação médica.  

No entanto, é fundamental evitar medicamentos vasoconstritores, ou seja, que contraem os vasos sanguíneos, pois podem causar problemas na placenta e no fluxo sanguíneo para o feto. 

Como prevenir? 

Um estilo de vida saudável é o melhor caminho para prevenir a dor de cabeça. Logo, alguns hábitos simples podem ajudar muito: 

  • Alimentação fracionada: não ficar longos períodos sem comer. Se alimentar a cada três horas, por exemplo, pode ser suficiente.   
  • Controle da ansiedade: pois é um dos principais fatores da dor de cabeça na gravidez. Contar com um acompanhamento psicológico e uma rede de apoio pode ajudar muito nesse sentido.  
  • Qualidade do sono: dormir ao menos oito horas por dia.  
  • Exercício físico: desempenha um papel crucial na compensação das mudanças físicas que a gravidez pode causar. O fortalecimento do tronco, por meio de exercícios acompanhados por um profissional de educação física ou fisioterapeuta, é altamente recomendado durante a gravidez.  

Essas práticas promovem melhorias metabólicas e minimizam as chances de desenvolver dor de cabeça. 

Qual médico procurar? 

Os médicos que podem tratar cefaleias em mulheres grávidas são o obstetra e o neurologista.  

O obstetra é o profissional que deve ser procurado inicialmente para uma primeira orientação, acompanhamento da gestação e avaliação de sintomas relacionados à gravidez. 

Agora, caso haja sintomas neurológicos mais graves ou se o obstetra considerar necessário, é indicado realizar uma avaliação conjunta com um neurologista. Geralmente, esses dois especialistas trabalham em conjunto para fornecer o melhor cuidado à dor de cabeça na gravidez. 

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Fonte: Danielle Harris, ginecologista do Hospital Nove de Julho (SP). 

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