Azoospermia: o que é e como tratar?
Doença causa infertilidade e, na maioria dos casos, não apresenta sintomas

Estima-se que 15% da população mundial enfrentam problemas de fertilidade. Entre os homens, uma das principais causas é a azoospermia, condição que afeta um em cada 100. O nome vem do grego e quer dizer ausência de espermatozoides, já que o paciente não tem espermatozoides no sêmen. As causas podem ser hormonais, genéticas ou fisiológicas, mas há tratamento para o problema.
Neste artigo, você vai ler:
Azoospermia: o que é?
Azoospermia é a ausência total de espermatozoides no sêmen. A condição pode ocorrer por problemas na produção dos gametas masculinos (azoospermia não obstrutiva) ou nos canais por onde eles deveriam passar (azoospermia obstrutiva). Entenda melhor as diferenças:
Azoospermia obstrutiva (AO)
Nesse tipo, que afeta 40% dos pacientes com a condição, os testículos, responsáveis pela produção de espermatozoides, funcionam normalmente, mas algum canal bloqueia a passagem deles.
Em condições normais, os espermatozoides são produzidos pelos testículos e vão para um lugar chamado epidídimo, onde amadurecem. Depois, se misturam com o líquido do sêmen, que é produzido por outras partes do corpo, como a próstata e as vesículas seminais.
Mas, quando há algum bloqueio nesse trajeto, os espermatozoides ficam presos antes de chegarem ao líquido que será ejaculado. E aí o sêmen sai, mas sem espermatozoides
Azoospermia não obstrutiva (ANO)
Aqui, o problema está no desenvolvimento dos espermatozoides, já que os testículos têm dificuldade de formá-los.
A produção de espermatozoides começa quando o cérebro envia comandos aos testículos por meio de hormônios (como o FSH e o LH). Ao receberem esses sinais, os testículos começam o trabalho dentro dos túbulos seminíferos. Quando há algum problema nessa comunicação ou no funcionamento dos testículos, a produção falha.
Possíveis causas para a azoospermia
As causas são muitas e vão depender do tipo de azoospermia. A obstrutiva pode acontecer por infecções, como clamídia, gonorreia ou caxumba, que causam inflamações e cicatrizes nos ductos.
Também pode ocorrer em casos de malformações congênitas, como a ausência dos ductos deferentes, condição frequentemente associada a mutações ligadas à fibrose cística.
Traumas na região genital e cirurgias, como a vasectomia ou procedimentos abdominais, também podem comprometer esses canais.
Já a não obstrutiva pode se dar por:
- Alterações hormonais que atrapalham os sinais enviados pelo cérebro para ativar a produção;
- Causas genéticas, como a síndrome de Klinefelter ou microdeleções no cromossomo Y;
- Exposição a substâncias tóxicas, como anabolizantes, quimioterapia, pesticidas e solventes industriais.
Outra causa comum é a varicocele, dilatação das veias nos testículos que aumenta a temperatura local e prejudica o ambiente necessário para a formação das células reprodutivas.
Azoospermia apresenta sintomas?
Na maioria dos casos, não. Em casos raros, podem surgir pistas indiretas, como volume seminal reduzido ou testículos menores que o normal. Mas mesmo esses sinais costumam passar despercebidos.
Na maioria das vezes o indivíduo procura avaliação médica no contexto do casal com problemas de fertilidade. Justamente por não apresentar sintomas nítidos, o diagnóstico depende de exames específicos.
Diagnóstico da azoospermia
O primeiro passo para diagnosticar a condição é fazer um espermograma, que analisa o sêmen no microscópio. Se não forem encontrados espermatozoides, o exame é repetido.
Outros exames comuns são:
- Exames de sangue hormonais (FSH, LH, testosterona, prolactina);
- Ultrassonografia dos testículos e próstata;
- Exames genéticos (cariótipo, microdeleções do cromossomo Y);
- Biópsia testicular, em casos de azoospermia não obstrutiva.
É possível ainda aliar ao diagnóstico o Painel Genético para Infertilidade Masculina, que investiga alterações genéticas ligadas a causas conhecidas de infertilidade.
O exame analisa genes cujas variantes já foram confirmadas como responsáveis por distúrbios reprodutivos, tanto em homens quanto em mulheres, ajudando a desvendar casos mais complexos
Azoospermia sempre causa infertilidade masculina?
Sim, a azoospermia dificulta a fertilização e, portanto, causa infertilidade (dificuldade de gerar uma criança). Mas isso não significa esterilidade, que é a impossibilidade definitiva de ter filhos. Felizmente, a condição tem tratamento.
Tratamentos para a azoospermia
O tratamento depende do tipo e da causa. Quando se trata de azoospermia obstrutiva, o foco está em remover o bloqueio. Em alguns casos, é possível fazer uma cirurgia para desobstruir os canais, como a reversão de uma vasectomia.
Outra opção é a aspiração dos espermatozoides diretamente dos testículos ou do epidídimo, para que eles sejam usados em técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI).
Já na azoospermia não obstrutiva, o tratamento é mais delicado. Se a causa for hormonal, pode-se tentar o uso de medicações que estimulem a produção de espermatozoides. Em outras situações, pode ser necessário recorrer à micro-TESE, um procedimento cirúrgico que busca localizar e extrair espermatozoides diretamente do tecido testicular, mesmo que em pequena quantidade.
Outros fatores que podem causar infertilidade masculina
É importante lembrar que a azoospermia não é a única condição associada à infertilidade masculina. Mesmo quando há espermatozoides, pode haver baixa contagem (oligozoospermia), alteração na forma (teratozoospermia) ou dificuldade de movimentação (astenozoospermia) das células reprodutivas; fragmentação do DNA espermático, além de disfunções sexuais e hormonais.
Mas como saber se sou infértil? O caminho é procurar um especialista em reprodução humana para o correto diagnóstico e o tratamento mais adequado ao seu caso. Lembrando ainda que muitas causas de infertilidade são completamente tratáveis quando corretamente diagnosticadas e tratadas.