Fertilidade: por que o tempo é um fator importante para a gravidez?
As técnicas de reprodução assistida permitem o nascimento de milhões de bebês

A idade é um fator importante, mas hoje a Medicina oferece caminhos para casais que sonham em ter filhos
Muitos optam por adiar a maternidade ou a paternidade, e a busca por estabilidade na carreira ou pelo momento certo são motivos comuns para essa escolha. Sabemos que fertilidade não acompanha esse planejamento, mas, ao menos, hoje temos opções para preservar a fertilidade, como pelo congelamento de óvulos.
Mas seria possível planejar uma gravidez futura com segurança? Quais as reais chances de engravidar? O que pode atrapalhar esse processo? Siga a leitura e saiba mais sobre fertilidade e planejamento familiar.
Neste artigo, você vai ler:
Fertilidade: o que é?
Fertilidade é a capacidade natural de gerar uma nova vida. Já a infertilidade é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a ausência de gravidez após um ano de relações sexuais regulares e sem uso de métodos contraceptivos.
No entanto, dependendo da idade, esse prazo pode ser menor. Para mulheres com mais de 35 anos, a infertilidade é determinada após um período de pelo menos seis meses de tentativas sem sucesso.
Embora o tema seja mais debatido entre elas, a infertilidade não é um problema exclusivo da mulher. Ela é uma condição do casal e afeta homens e mulheres em proporções semelhantes. Por isso, a investigação deve sempre incluir ambos.
Período fértil
O período fértil é a janela de tempo em que a mulher tem mais chances de engravidar. Ele acontece perto da ovulação, quando o ovário libera um óvulo maduro para uma possível fecundação.
Esse óvulo sobrevive por cerca de 24 horas, mas o período fértil não dura só um dia. Isso porque os espermatozoides podem sobreviver dentro do corpo da mulher por até cinco dias. Portanto, ter relações sexuais nos dias que antecedem a ovulação aumenta as chances de concepção.
Ciclo menstrual
O ciclo menstrual é o processo que prepara o corpo da mulher para a gravidez a cada mês. Ele é regulado por hormônios e dividido em quatro fases principais:
- Fase menstrual: o início do ciclo, marcado pela menstruação. Dura de 3 a 7 dias.
- Fase folicular: começa após a menstruação. Nela, os folículos dos ovários crescem e preparam um óvulo para ser liberado.
- Ovulação: acontece no meio do ciclo. Um óvulo maduro é liberado pelo ovário. É o auge do período fértil.
- Fase lútea: fase final do ciclo. O corpo se prepara para manter uma possível gestação. Se a gravidez não acontece, a menstruação começa e um novo ciclo se inicia.
É possível estimular a fertilidade?
Podemos dizer que é possível adotar medidas que favorecem a fertilidade natural. Pequenas mudanças no estilo de vida, tanto para homens quanto para mulheres que estão tentando engravidar. Vamos a algumas recomendações frequentes entre especialistas:
- Manter um peso corporal saudável;
- Ter uma alimentação nutritiva e variada, baseada em alimentos in natura ou minimamente processados;
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
- Não fumar;
- Praticar atividade física regularmente;
- Controlar o estresse;
- Investir em sono de qualidade.
Causas para a infertilidade masculina
Os fatores masculinos respondem por cerca de 30% dos casos de dificuldade de um casal para engravidar. E a causa mais comum para a infertilidade masculina é a varicocele. Na condição, a dilatação das veias dos testículos afeta a produção de espermatozoides.
Outros motivos importantes seriam a baixa qualidade ou quantidade de esperma e obstruções nos canais que transportam o sêmen. Lembrando que a idade avançada, considerada a partir dos 45 anos de idade, é um fator que pode impactar a qualidade do esperma.
Outras possíveis causas são:
- Infecções, como a caxumba na vida adulta;
- Questões genéticas;
- Alterações hormonais;
- Exposição a toxinas ou uso de certos medicamentos.
Causas para infertilidade feminina
Para as mulheres, a idade é o fator mais importante. Isso porque elas já nascem com uma quantidade definida de óvulos, determinada de reserva ovariana. Tal reserva diminui com o passar o tempo, sendo observada uma queda mais acentuada após os 35 anos de idade.
Além da idade, outras condições podem afetar a capacidade de engravidar, como alterações uterinas e ovarianas. A endometriose é uma das alterações uterinas mais comuns, sendo caracterizada pelo crescimento do endométrio (tecido que reveste o útero) fora da cavidade uterina.
Outras alterações comuns na população seriam a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e a obstrução das trompas.
E ainda temos fatores como:
- Desequilíbrios hormonais que afetam a ovulação;
- Miomas ou pólipos no útero;
- Malformações no sistema reprodutor;
- Alteração nos fatores de coagulação;
- Fatores relacionados ao estilo de vida.
Formas de diagnosticar a infertilidade
O diagnóstico da infertilidade começa na consulta médica: a mulher, com o ginecologista e, o homem, com o urologista. E o principal sinal de alerta é a dificuldade de engravidar no prazo esperado.
Depois dessa conversa inicial, o médico pode solicitar os primeiros exames. Para o homem, o mais importante é o espermograma, onde é avaliada a quantidade, a motilidade e o formato dos espermatozoides.
Para a mulher, seriam os exames de sangue para dosagens hormonais e a ultrassonografia para avaliar os ovários e o útero.
Podem ainda ser pedidos outros exames de imagem, como a histerossalpingografia, para checar as trompas e o exame de sangue para a dosagem do hormônio antimülleriano (AMH), que ajuda a estimar a reserva ovariana da mulher.
Em alguns casos, a investigação genética se torna necessária.
Painel genético para infertilidade masculina
Quando há suspeita de uma causa genética, o médico pode indicar o painel genético. Este exame analisa mais de 250 genes ligados à infertilidade masculina, usando uma tecnologia chamada sequenciamento de nova geração (NGS).
O objetivo é encontrar alterações genéticas que possam explicar o problema. Além disso, ajuda a definir as melhores opções de tratamento para alcançar a gravidez.
Painel genético para infertilidade feminina
O painel genético também utiliza a tecnologia NGS para analisar mais de 150 genes associados a problemas de fertilidade feminina. Esse teste pode identificar a raiz genética da dificuldade de engravidar.
O resultado poderá ajudar a guiar o casal e a equipe médica. E facilitar a tomada de decisões sobre os próximos passos e tratamentos.
Aconselhamento genético preconcepção
O aconselhamento genético nada mais é do que uma conversa com um profissional especializado em genética. Ele é recomendado para casais que planejam ter filhos e querem entender os riscos genéticos.
Nessa consulta, o especialista ajuda a interpretar os resultados de testes genéticos, assim como explica as chances de transmissão de uma condição hereditária aos filhos, calculando riscos de ocorrência de recorrência de uma condição genética. Dessa forma, o casal pode tomar decisões mais conscientes sobre o planejamento familiar.
Formas de tratamento para infertilidade
São várias as formas de tratamento para a infertilidade: a escolha depende da causa, da idade do casal e de outros fatores de saúde. E os tratamentos são divididos em baixa e alta complexidade.
Os tratamentos de baixa complexidade são, geralmente, as primeiras opções. O coito programado é o mais simples: ele consiste em monitorar o ciclo menstrual, muitas vezes com o auxílio de medicamentos para indução da ovulação, para identificar o melhor momento para o casal ter relações sexuais.
Outra alternativa é a inseminação intrauterina, também chamada de inseminação artificial. Nela, o sêmen é preparado em laboratório e inserido diretamente no útero, para encurtar o caminho dos espermatozoides até o óvulo.
Quando as técnicas mais simples não funcionam, ou em casos mais específicos, o casal pode recorrer à reprodução assistida de alta complexidade. A mais conhecida e eficaz é a fertilização in vitro (FIV).
Além dela, a doação de óvulos ou espermatozoides é uma alternativa importante. Ela é indicada em casos de falência ovariana, ausência de espermatozoides ou para evitar a transmissão de doenças genéticas.
Fertilização in vitro
Na fertilização in vitro, ou FIV, o encontro do óvulo com o espermatozoide acontece em laboratório, sendo um processo com várias etapas.
Primeiro, a mulher usa medicamentos para estimular os ovários a produzir mais óvulos. Depois, esses óvulos são coletados e, em seguida, fecundados com os espermatozoides no laboratório, formando os embriões. Depois de alguns dias de desenvolvimento, um ou mais embriões são transferidos para o útero da mulher.
É importante alinhar as expectativas sobre as chances de sucesso do tratamento. A taxa de sucesso da FIV fica, em média, em torno de 40%. Essa porcentagem, no entanto, varia muito. O principal fator que influencia o resultado é a idade da mulher.
Mulheres mais jovens geralmente têm taxas maiores. Por isso, a FIV é uma grande aliada da medicina, mas não representa uma garantia de gravidez.
Além disso, durante o processo de FIV é possível a realização de análises genéticas nos embriões, permitindo a identificação daqueles que possuam uma alteração genética cromossômica e/ou gênica que poderiam resultar em perdas gestacionais, falhas de implantação ou no nascimento de um bebê afetado.
Tais exames são conhecidos como PGT-A (teste pré-implantacional para aneuploidias), PGT-SR (teste pré-implantacional para rearranjos estruturais) e PGT-M (teste pré-implantacional para doenças monogênicas). Para saber mais sobre essas investigações, entre em contato com seu médico ou nossos canais oficiais.