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Chip da beleza: veja como funciona e os riscos à saúde

Implante hormonal com gestrinona não é indicado por entidades médicas

Por Samantha CerquetaniPublicado em 13/10/2022, às 17:05 - Atualizado em 13/10/2022, às 17:05
Créditos: Shutterstock

Popularmente conhecido como “chip da beleza”, o implante hormonal com gestrinona (hormônio sintético da progesterona) vem ganhando adeptas em todo o Brasil. Este dispositivo se popularizou por ter ações anabolizantes e efeitos androgênicos, ou seja, pode contribuir com a diminuição de gordura, aumentar a massa muscular e o desejo sexual. 

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Além disso, o chip da beleza também é usado para o tratamento de endometriose, quando há crescimento do endométrio fora da cavidade uterina, causando fortes dores no período menstrual.

No entanto, o seu uso ainda é bastante polêmico. Vale destacar que o uso da gestrinona no Brasil é aprovado apenas na forma oral  (e não em implantes) e pode oferecer riscos, se for usado de forma indiscriminada, já que é um hormônio. 

Como funciona o chip da beleza?

Trata-se de um dispositivo hormonal de uso subcutâneo, ou seja, fica embaixo da camada superficial da pele. Para isso, é realizado um corte leve (geralmente nas nádegas) e é inserido o “chip” no organismo, que se parece com uma haste flexível, ou seja, tem o formato de um pequeno tubo. 

Os implantes de gestrinona, um hormônio sintético da progesterona, faz com que a testosterona (hormônio masculino) aumente. A duração varia de quatro meses até um ano no organismo. 

Risco para a saúde e efeitos colaterais

Por ter um hormônio sintético derivado da 19-nortestosterona, o chip da beleza apresenta efeito androgênico e com potencial de aumentar os níveis de testosterona (hormônio masculino) no corpo da mulher. 

Essa substância é reconhecida internacionalmente como anabolizante e está na lista de substâncias proibidas nas práticas esportivas pela  Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês).

A SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), por exemplo, também não reconhece o implante como opção terapêutica para tratamento de endometriose ou para fins estéticos e aumento de desempenho físico.

De acordo com o posicionamento oficial da entidade, a indicação de hormônios para pessoas que não apresentam deficiências hormonais é contraindicada e pode provocar vários efeitos colaterais, tais como: 

  • Aparecimento de acne;  

  • Aumento de oleosidade de pele; 

  • Queda de cabelo; 

  • Aumento de pêlos; 

  • Mudança de timbre da voz;

  • Aumento do clitóris;

  • Complicações cardiovasculares; 

  • Óbitos.

E a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) também não recomenda o uso do chip da beleza com a finalidade de realizar a terapêutica hormonal da menopausa por escassez de dados de segurança, especialmente a longo prazo. 

Vale destacar que há poucos estudos sobre a eficácia e segurança do chip da beleza, que também não é regulamentado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Isso indica que nenhum fabricante comprovou, perante o órgão, a segurança e a eficácia dessa substância.

Como não há padronização nas formulações, também aumentam os riscos na hora de identificar a dose ideal para cada pessoa. 

Qual a diferença entre implante hormonal e chip da beleza?

O chip da beleza é um termo que se popularizou para identificar alguns implantes hormonais geralmente associados à ação anabólica, como gestrinona e testosterona. Alguns hormônios aumentam a massa muscular e diminuem a gordura subcutânea quando associado a um treino e alimentação saudável. 

Já os implantes hormonais servem para fazer a reposição quando necessário, principalmente testosterona e estradiol, em pessoas que têm deficiências desses hormônios. 

Quem pode usar?

O uso do chip da beleza não é recomendado por profissionais de saúde para fins estéticos. Quem deseja implantá-lo, deve procurar orientações de ginecologista ou endocrinologista para saber mais sobre os riscos e indicações. 

Apesar de não ser recomendado, o chip da beleza não é proibido. Lembrando que qualquer terapia hormonal necessita de uma avaliação criteriosa e individual, além de acompanhamento médico. 

O chip da beleza emagrece?

Até o momento, não há comprovação científica de que o uso do implante hormonal com gestrinona ajude a perder peso. 

Fonte: Mônica Aribi, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Internacional da European Academy of Dermatology and Venereology

 

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