Chip da beleza: veja como funciona e os riscos à saúde
Implante hormonal com gestrinona não é indicado por entidades médicas
Popularmente conhecido como “chip da beleza”, o implante hormonal com gestrinona (hormônio sintético da progesterona) vem ganhando adeptas em todo o Brasil. Este dispositivo se popularizou por ter ações anabolizantes e efeitos androgênicos, ou seja, pode contribuir com a diminuição de gordura, aumentar a massa muscular e o desejo sexual.
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Além disso, o chip da beleza também é usado para o tratamento de endometriose, quando há crescimento do endométrio fora da cavidade uterina, causando fortes dores no período menstrual.
No entanto, o seu uso ainda é bastante polêmico. Vale destacar que o uso da gestrinona no Brasil é aprovado apenas na forma oral (e não em implantes) e pode oferecer riscos, se for usado de forma indiscriminada, já que é um hormônio.
Como funciona o chip da beleza?
Trata-se de um dispositivo hormonal de uso subcutâneo, ou seja, fica embaixo da camada superficial da pele. Para isso, é realizado um corte leve (geralmente nas nádegas) e é inserido o “chip” no organismo, que se parece com uma haste flexível, ou seja, tem o formato de um pequeno tubo.
Os implantes de gestrinona, um hormônio sintético da progesterona, faz com que a testosterona (hormônio masculino) aumente. A duração varia de quatro meses até um ano no organismo.
Risco para a saúde e efeitos colaterais
Por ter um hormônio sintético derivado da 19-nortestosterona, o chip da beleza apresenta efeito androgênico e com potencial de aumentar os níveis de testosterona (hormônio masculino) no corpo da mulher.
Essa substância é reconhecida internacionalmente como anabolizante e está na lista de substâncias proibidas nas práticas esportivas pela Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês).
A SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), por exemplo, também não reconhece o implante como opção terapêutica para tratamento de endometriose ou para fins estéticos e aumento de desempenho físico.
De acordo com o posicionamento oficial da entidade, a indicação de hormônios para pessoas que não apresentam deficiências hormonais é contraindicada e pode provocar vários efeitos colaterais, tais como:
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Aparecimento de acne;
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Aumento de oleosidade de pele;
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Queda de cabelo;
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Aumento de pêlos;
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Mudança de timbre da voz;
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Aumento do clitóris;
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Complicações cardiovasculares;
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Óbitos.
E a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) também não recomenda o uso do chip da beleza com a finalidade de realizar a terapêutica hormonal da menopausa por escassez de dados de segurança, especialmente a longo prazo.
Vale destacar que há poucos estudos sobre a eficácia e segurança do chip da beleza, que também não é regulamentado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Isso indica que nenhum fabricante comprovou, perante o órgão, a segurança e a eficácia dessa substância.
Como não há padronização nas formulações, também aumentam os riscos na hora de identificar a dose ideal para cada pessoa.
Qual a diferença entre implante hormonal e chip da beleza?
O chip da beleza é um termo que se popularizou para identificar alguns implantes hormonais geralmente associados à ação anabólica, como gestrinona e testosterona. Alguns hormônios aumentam a massa muscular e diminuem a gordura subcutânea quando associado a um treino e alimentação saudável.
Já os implantes hormonais servem para fazer a reposição quando necessário, principalmente testosterona e estradiol, em pessoas que têm deficiências desses hormônios.
Quem pode usar?
O uso do chip da beleza não é recomendado por profissionais de saúde para fins estéticos. Quem deseja implantá-lo, deve procurar orientações de ginecologista ou endocrinologista para saber mais sobre os riscos e indicações.
Apesar de não ser recomendado, o chip da beleza não é proibido. Lembrando que qualquer terapia hormonal necessita de uma avaliação criteriosa e individual, além de acompanhamento médico.
O chip da beleza emagrece?
Até o momento, não há comprovação científica de que o uso do implante hormonal com gestrinona ajude a perder peso.
Fonte: Mônica Aribi, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Internacional da European Academy of Dermatology and Venereology.