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    Endometriose: o que é e como tratar?

    Doença crônica é caracterizada por forte cólica menstrual

    Fonte: Dra. Adriana Bittencourt CampanerGinecologistaPublicado em 22/07/2025, às 16:57 - Atualizado em 31/10/2025, às 16:30

    endometriose

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    O endométrio é um tecido localizado no interior do útero. Todos os meses, ele descama e é expelido por meio da menstruação. No entanto, há alguns casos em que parte do tecido volta pelas trompas e acaba ficando na cavidade pélvica e abdominal. Esse quadro é conhecido como endometriose, e acomete em torno de 7 milhões de brasileiras, segundo o Ministério da Saúde.

    A patologia tem caráter inflamatório: mesmo fora do útero, o endométrio recebe estímulos hormonais em função do ciclo menstrual e sangra. O resultado consiste em uma reação inflamatória que gera aderências pélvicas e dor nas pacientes. Saiba mais sobre a doença. 

    O que é e qual a função do endométrio?

    O endométrio é a camada interna do útero, composta por um tecido que se renova a cada ciclo menstrual. Sua principal função é preparar o útero para a chegada de um embrião, tornando o ambiente ideal para a gravidez. Quando não ocorre a fertilização, o endométrio se descama, causando a menstruação, processo natural e essencial para a saúde reprodutiva da mulher.

    Endometriose: o que é?

    A endometriose é uma doença inflamatória causada pela presença de tecido semelhante ao endométrio em outras regiões do corpo. Esse tecido fora do lugar responde aos hormônios do ciclo menstrual, provocando dor, inflamação, aderências pélvicas e, em alguns casos, dificuldades para engravidar.

    É mais prevalente na pelve, onde pode afetar ovários, trompas e ligamentos uterinos, mas também pode acometer outros órgãos, como intestino, bexiga, diafragma e, em casos mais raros, pulmões e até mesmo o sistema nervoso central.

    Endometriose Profunda

    A endometriose profunda é a forma mais agressiva da doença. Ela acontece quando o tecido endometrial infiltra mais de 5 mm abaixo da superfície dos órgãos, podendo atingir estruturas como intestino, bexiga, ureteres, vagina ou ligamentos pélvicos.

    Em geral, ela causa dor intensa, especialmente durante a menstruação, nas relações sexuais ou para evacuar, e pode requerer cirurgia para retirada das lesões mais invasivas.

    Endometriose Intestinal  

    A endometriose intestinal ocorre quando o tecido semelhante ao endométrio se implanta na parede do intestino, geralmente no reto e sigmóide. Os sintomas mais comuns são:

    • Dor ao evacuar; 
    • Constipação; 
    • Diarreia; 
    • Sensação de inchaço abdominal;  
    • Presença de sangue nas fezes.

     O diagnóstico costuma exigir exames de imagem como colonoscopia com biópsia, ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal ou ressonância magnética pélvica. O tratamento pode envolver medicamentos ou cirurgia, dependendo da gravidade e dos sintomas. 

    O que causa a endometriose?

    Esta é uma pergunta que ainda está em estudo. Não há consenso dentro da comunidade médica quanto à origem do quadro, que é multifatorial. O que se sabe é que prematuridade, baixo peso ao nascer e menarca precoce (menstruar antes dos 12 anos) são os maiores fatores de risco para endometriose.

    Os médicos reconhecem também a importância da genética e, mais especificamente, da epigenética no assunto. Ou seja: aquilo que a mulher faz durante a vida e que pode causar alterações genéticas. É o caso da alimentação: um grande fator de risco é a ingestão aumentada de carne vermelha.

    Endometriose tem cura?

    A endometriose não tem cura, mas tem tratamento. O objetivo é controlar os sintomas, reduzir a inflamação e evitar complicações, como infertilidade e aderências.

    O tratamento pode incluir: 

    • Medicamentos hormonais, que interrompem o ciclo menstrual e impedem que o tecido endometrial continue crescendo fora do útero;  
    • Cirurgias, como a videolaparoscopia, para remover os focos da doença, especialmente em casos mais graves ou quando há desejo de engravidar;  
    • Mudanças no estilo de vida, como alimentação anti-inflamatória e exercícios físicos;  
    • Acompanhamento multidisciplinar, com ginecologista, nutricionista, psicóloga e fisioterapeuta pélvica.  

    Embora a endometriose possa voltar mesmo após a cirurgia, muitas pessoas conseguem viver sem dor e com qualidade de vida com o tratamento adequado.

    Sintomas da endometriose

    O sinal mais característico da doença é a cólica forte durante a menstruação. Este sintoma pode vir acompanhado de distensão abdominal e dor em outros momentos, como na relação sexual com penetração, ao urinar e ao evacuar.

    O principal alerta é a intensidade da dor pélvica: muito forte, todos os meses e, principalmente, relacionada à menstruação. Pode acontecer fora desse período, mas durante a menstruação se intensifica.  Outros indícios mais atípicos da endometriose incluem dor lombar ao longo do período pré-menstrual ou menstrual, no ombro e no diafragma.

    Como é feito o diagnóstico de endometriose?

    Atentar-se aos sintomas e comparecer a consultas ginecológicas rotineiras são dois passos fundamentais. Em algumas situações, é possível que uma boa anamnese (conversa do ginecologista com o paciente para entender queixas, histórico familiar e informações pessoais) e um exame físico bem-feito direcionem o especialista para um diagnóstico.

    A partir da suspeita clínica, recorre-se a exames de imagem para confirmar o quadro de endometriose e obter mais detalhes, como a extensão da doença. Os métodos mais utilizados são a ressonância magnética e o ultrassom transvaginal com preparo intestinal.

    A doença pode ter muitas apresentações nos exames de imagem. Desde pequenas manchas e pontinhos vermelhos no peritônio (membrana que reveste o interior do abdome) até grandes cistos e lesões. Além disso, não há correlação entre sintomas e a extensão da doença.

    Às vezes, lesões pequenas podem causar muita dor, enquanto lesões grandes podem gerar poucos sintomas. E, dependendo do caso, pode haver influência da pílula anticoncepcional, que inibe sintomas. É importante escolher instituições especializadas para a realização dos exames.

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    É possível engravidar com endometriose?

    Sim, mas a endometriose pode danificar a trompa, o útero e os ovários. E os cistos de endometriose, chamados de endometriomas, conseguem afetar tanto a quantidade quanto a qualidade dos folículos ovarianos da mulher. Outra adversidade é a contração do útero causada pela inflamação crônica da pele.

    Por isso, algumas mulheres são submetidas a um procedimento cirúrgico antes de engravidar, e outras, que têm uma endometriose mais grave, precisam recorrer à fertilização in vitro. Mas cada caso tem que ser investigado. Às vezes existem outras causas, e o parceiro também tem que ser examinado.

    Então, apesar de uma parcela das pacientes apresentar um quadro de infertilidade associado à endometriose, a maior parte das mulheres consegue engravidar (mesmo que encontre dificuldades nesse processo).

    Vale também esclarecer que a gravidez não cura a endometriose. O que pode acontecer é um cessar dos sintomas devido à mudança hormonal e, particularmente, o aumento da progesterona e a diminuição do estrogênio. A paciente tem essa falsa sensação de que está curada, mas ela deve lembrar que, depois da gestação, tem que voltar ao acompanhamento, visto se tratar de uma doença crônica.

    Quais são os tratamentos para endometriose?  

    Atualmente, a endometriose é uma doença para a qual não há cura. Cada caso deve ser avaliado de forma individualizada, levando em consideração o tipo e extensão das lesões e as consequências para a paciente, além do perfil da mulher.

    Uma das opções consiste no tratamento medicamentoso com o objetivo de aliviar a dor e reduzir os sintomas. Uma segunda alternativa é a cirurgia: de 15% a 20% das pacientes vão precisar operar. A intervenção costuma se dar pela videolaparoscopia.

     

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