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    Fibromialgia: é a síndrome da dor crônica

    A condição tem controle e atinge de 2% a 3% dos brasileiros, segundo estimativas

    Fonte: Dra. Danieli AndradeReumatologista e assessora científica na DasaPublicado em 06/11/2025, às 16:12 - Atualizado em 06/11/2025, às 16:15

    A fibromialgia é uma síndrome crônica marcada por dores difusas pelo corpo. Fadiga persistente e um padrão de sono que não repara as energias, são sintomas comuns, além da chamada “névoa mental”, ou seja, uma dificuldade de concentração e de memória. 

    A síndrome é reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e possui um código próprio na Classificação Internacional de Doenças (CID M79.7). Recentemente, uma lei brasileira (15.176/25) ampliou as diretrizes de tratamento no SUS, e abriu caminho para que a fibromialgia seja caracterizada como uma deficiência, após avaliação médica multidisciplinar.

    O diagnóstico é um desafio. Não existem exames de sangue ou de imagem que consigam detectá-la, o que exige uma avaliação e investigação clínica cuidadosa.

    Fibromialgia: o que é? 

    A fibromialgia é uma síndrome crônica marcada por dor generalizada, que afeta músculos, tendões e articulações. Não é uma doença inflamatória nem autoimune, como a artrite.

    O que acontece é que o cérebro e a medula passam a processar os estímulos de dor de forma diferente. É como se o “termostato” da dor estivesse desregulado. E, por causa disso, a pessoa sente dor com mais intensidade. Estímulos que não seriam dolorosos, como um leve toque ou um abraço, podem causar muito desconforto. 

    O que causa a fibromialgia? 

    A medicina ainda não encontrou uma causa específica para a fibromialgia, mas ela parece estar relacionada a um aumento na sensibilização central da dor, além de um desequilíbrio nos neurotransmissores, como a serotonina, que regulam o sono, o humor e a dor. E há hipóteses para a causa desses desequilíbrios. 

    A síndrome é mais comum em pessoas da mesma família. E isso sugere uma predisposição familiar. O estresse crônico é outra possível causa, já que viver sob tensão constante pode alterar a percepção da dor. Traumas físicos (como acidentes) ou traumas psicológicos também podem desencadear o quadro. 

    Sintomas 

    O principal sinal é a dor generalizada e crônica, ou seja, que dura mais de três meses. E, quase sempre, essa dor vem acompanhada de fadiga intensa (um cansaço que não passa), alterações no sono e cognitivas. 

    A dor pode ser sentida no corpo todo ou em partes específicas. Para o diagnóstico, o médico leva em conta a presença de pontos dolorosos de forma generalizada envolvendo quatro a cinco regiões dolorosas por tempo igual ou superior a 3 meses. São necessários um mínimo de 13 pontos e um máximo de 31 pontos. Também é comum haver uma sensibilidade extrema ao toque. 

    Além desse trio (dor, fadiga e sono ruim), outros sintomas são frequentes: 

    • Dificuldade para se concentrar e falhas de memória; 
    • Quadros de ansiedade e depressão; 
    • Dores abdominais, cólicas ou câimbras na barriga; 
    • Sentir o corpo rígido, principalmente pela manhã; 

    Qual médico procurar? 

    O médico especialista em fibromialgia é o reumatologista. Este profissional é o mais indicado para fazer o diagnóstico da condição. Mas, depois disso, o tratamento deve envolver outros profissionais de saúde como fisioterapeutas, educadores físicos, psicólogos e psiquiatras. 

    Como é feito o diagnóstico de fibromialgia? 

    O diagnóstico da fibromialgia é 100% clínico. Não existe nenhum exame de sangue ou de imagem que comprove a doença. O médico se baseia na história contada pelo paciente e nos sintomas. 

    Exames laboratoriais (como exames de sangue) ou de imagem (como raios-X) podem ser pedidos para descartar outras doenças. Isso porque muitas condições podem ter sintomas parecidos com os da fibromialgia. Por exemplo: hipotireoidismoartrite reumatoide ou lúpus.  

    Antigamente, usava-se um critério de 18 pontos dolorosos (tender points) pelo corpo. O médico pressionava esses pontos. Se 11 deles doessem, fechava o diagnóstico. Mas ele caiu em desuso. Hoje, o foco maior é na dor generalizada (por mais de 3 meses) e na presença de sintomas como fadiga, alterações cognitivas e sono não restaurador. 

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    Fibromialgia tem cura? 

    A fibromialgia tem controle. Ela é considerada uma síndrome crônica, assim como o diabetes ou a hipertensão. Mas isso não significa que a pessoa sentirá dor para sempre. O tratamento existe e é muito eficaz. 

    Com a abordagem correta, é possível reduzir a dor, melhorar o sono e a fadiga e, sim, ter uma vida normal. Para tanto, a participação ativa do paciente no tratamento é fundamental. 

    Formas de tratamento 

    O tratamento da fibromialgia se baseia em três pilares principais: medicamentos, exercícios físicos e terapias psicológicas.  

    O tratamento farmacológico (remédios) ajuda a modular a dor. O médico pode prescrever antidepressivos (que ajudam no equilíbrio químico do cérebro) ou anticonvulsivantes (que reduzem a sensibilidade do sistema nervoso). Analgésicos comuns também podem ser usados, mas sempre com orientação médica. 

    Já a atividade física regular (aeróbica, musculação, pilates, natação) ajuda o corpo a liberar neurotransmissores que são analgésicos naturais. E isso melhora a dor, o sono e a fadiga. 

    A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é muito indicada pelos médicos. Ela ajuda o paciente a entender a dor e a mudar a forma de lidar com ela. Também ajuda a tratar a ansiedade e a depressão associadas. 

    Técnicas de relaxamento, mindfulness (atenção plena) e acupuntura também podem ser recomendadas.

     

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