Fibromialgia: é a síndrome da dor crônica
A condição tem controle e atinge de 2% a 3% dos brasileiros, segundo estimativas

A fibromialgia é uma síndrome crônica marcada por dores difusas pelo corpo. Fadiga persistente e um padrão de sono que não repara as energias, são sintomas comuns, além da chamada “névoa mental”, ou seja, uma dificuldade de concentração e de memória.
A síndrome é reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e possui um código próprio na Classificação Internacional de Doenças (CID M79.7). Recentemente, uma lei brasileira (15.176/25) ampliou as diretrizes de tratamento no SUS, e abriu caminho para que a fibromialgia seja caracterizada como uma deficiência, após avaliação médica multidisciplinar.
O diagnóstico é um desafio. Não existem exames de sangue ou de imagem que consigam detectá-la, o que exige uma avaliação e investigação clínica cuidadosa.
Neste artigo, você vai ler:
Fibromialgia: o que é?
A fibromialgia é uma síndrome crônica marcada por dor generalizada, que afeta músculos, tendões e articulações. Não é uma doença inflamatória nem autoimune, como a artrite.
O que acontece é que o cérebro e a medula passam a processar os estímulos de dor de forma diferente. É como se o “termostato” da dor estivesse desregulado. E, por causa disso, a pessoa sente dor com mais intensidade. Estímulos que não seriam dolorosos, como um leve toque ou um abraço, podem causar muito desconforto.
O que causa a fibromialgia?
A medicina ainda não encontrou uma causa específica para a fibromialgia, mas ela parece estar relacionada a um aumento na sensibilização central da dor, além de um desequilíbrio nos neurotransmissores, como a serotonina, que regulam o sono, o humor e a dor. E há hipóteses para a causa desses desequilíbrios.
A síndrome é mais comum em pessoas da mesma família. E isso sugere uma predisposição familiar. O estresse crônico é outra possível causa, já que viver sob tensão constante pode alterar a percepção da dor. Traumas físicos (como acidentes) ou traumas psicológicos também podem desencadear o quadro.
Sintomas
O principal sinal é a dor generalizada e crônica, ou seja, que dura mais de três meses. E, quase sempre, essa dor vem acompanhada de fadiga intensa (um cansaço que não passa), alterações no sono e cognitivas.
A dor pode ser sentida no corpo todo ou em partes específicas. Para o diagnóstico, o médico leva em conta a presença de pontos dolorosos de forma generalizada envolvendo quatro a cinco regiões dolorosas por tempo igual ou superior a 3 meses. São necessários um mínimo de 13 pontos e um máximo de 31 pontos. Também é comum haver uma sensibilidade extrema ao toque.
Além desse trio (dor, fadiga e sono ruim), outros sintomas são frequentes:
- Dificuldade para se concentrar e falhas de memória;
- Quadros de ansiedade e depressão;
- Dores abdominais, cólicas ou câimbras na barriga;
- Sentir o corpo rígido, principalmente pela manhã;
- Dores de cabeça e crises de enxaqueca.
Qual médico procurar?
O médico especialista em fibromialgia é o reumatologista. Este profissional é o mais indicado para fazer o diagnóstico da condição. Mas, depois disso, o tratamento deve envolver outros profissionais de saúde como fisioterapeutas, educadores físicos, psicólogos e psiquiatras.
Como é feito o diagnóstico de fibromialgia?
O diagnóstico da fibromialgia é 100% clínico. Não existe nenhum exame de sangue ou de imagem que comprove a doença. O médico se baseia na história contada pelo paciente e nos sintomas.
Exames laboratoriais (como exames de sangue) ou de imagem (como raios-X) podem ser pedidos para descartar outras doenças. Isso porque muitas condições podem ter sintomas parecidos com os da fibromialgia. Por exemplo: hipotireoidismo, artrite reumatoide ou lúpus.
Antigamente, usava-se um critério de 18 pontos dolorosos (tender points) pelo corpo. O médico pressionava esses pontos. Se 11 deles doessem, fechava o diagnóstico. Mas ele caiu em desuso. Hoje, o foco maior é na dor generalizada (por mais de 3 meses) e na presença de sintomas como fadiga, alterações cognitivas e sono não restaurador.
Fibromialgia tem cura?
A fibromialgia tem controle. Ela é considerada uma síndrome crônica, assim como o diabetes ou a hipertensão. Mas isso não significa que a pessoa sentirá dor para sempre. O tratamento existe e é muito eficaz.
Com a abordagem correta, é possível reduzir a dor, melhorar o sono e a fadiga e, sim, ter uma vida normal. Para tanto, a participação ativa do paciente no tratamento é fundamental.
Formas de tratamento
O tratamento da fibromialgia se baseia em três pilares principais: medicamentos, exercícios físicos e terapias psicológicas.
O tratamento farmacológico (remédios) ajuda a modular a dor. O médico pode prescrever antidepressivos (que ajudam no equilíbrio químico do cérebro) ou anticonvulsivantes (que reduzem a sensibilidade do sistema nervoso). Analgésicos comuns também podem ser usados, mas sempre com orientação médica.
Já a atividade física regular (aeróbica, musculação, pilates, natação) ajuda o corpo a liberar neurotransmissores que são analgésicos naturais. E isso melhora a dor, o sono e a fadiga.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é muito indicada pelos médicos. Ela ajuda o paciente a entender a dor e a mudar a forma de lidar com ela. Também ajuda a tratar a ansiedade e a depressão associadas.
Técnicas de relaxamento, mindfulness (atenção plena) e acupuntura também podem ser recomendadas.