Gravidez depois dos 50 anos: como é possível?

A notícia de que a atriz Claudia Raia está grávida aos 55 anos causou surpresa entre fãs e seus seguidores no Instagram. Ela já é mãe de Enzo, de 25 anos, e Sofia, de 19, frutos de seu casamento com o também ator Edson Celulari. 

Há três anos, a atriz se casou com o também ator Jarbas Homem de Mello e nunca escondeu o desejo de aumentar a família, mesmo já tendo mais de 50 anos. 

Mas, afinal, a gravidez nessa idade é possível? 

Gravidez tardia: como ela acontece?

Pode parecer um choque para muitos, mas, a partir dos 35 anos, a gravidez da mulher é considerada tardia. 

Isso porque, biologicamente falando, é quando a capacidade reprodutiva da mulher entra em um declínio mais acentuado. 

Funciona assim: toda mulher nasce com um número fechado de óvulos que vão sendo disponibilizados ao longo da vida para a fertilização. 

Com o avanço da idade, esses óvulos também vão envelhecendo. Por isso, tanto a quantidade como a qualidade deles vai se deteriorando – um processo que se acelera a partir dos 35 anos. 

Daí considerar a gravidez “tardia” para quem consegue gestar uma criança após essa idade. Hoje, no entanto, com a técnica de congelamento de óvulos – também chamada de “preservação de fertilidade” – e procedimentos como a FIV (fertilização in vitro), a gestação para mulheres mais velhas se tornou uma realidade. 

A FIV também pode ser feita utilizando um óvulo de doadora anônima. A opção é considerada quando a mulher não tem mais óvulos viáveis para a fertilização e precisa, portanto, de um gameta feminino “emprestado” para ser fertilizado e implantado no útero. 

É uma opção bastante procurada especialmente por quem deseja engravidar, não guardou óvulos próprios e já passou da menopausa (ou seja, não tem mais óvulos viáveis). 

Embora não tenha deixado claro se a sua gravidez foi natural, Claudia Raia já declarou, há alguns anos, que havia entrado na menopausa e que tinha óvulos congelados.

É possível engravidar naturalmente após os 50?

De acordo com o médico geneticista Ciro Martinhago, head de reprodução humana e medicina fetal da Dasa Genômica, impossível não é. No entanto, é algo extremamente raro, considerando que a maioria das mulheres, nessa idade, já está na menopausa – como é chamada a última menstruação, indicando o fim do período reprodutivo feminino. 

Isso quer dizer que, biologicamente, os hormônios e todos os processos químicos que permitiam à mulher engravidar e manter a gestação não ocorrem mais, dando lugar a uma nova fase no corpo delas. 

“A chance de gravidez natural em uma mulher nessa idade é muito pequena, menos de 1%”, afirma o especialista. 

Ele lembra ainda que, como o corpo da mulher já está além da sua capacidade reprodutiva com a idade avançada, as chances de abortamento também são grandes. “O risco é alto, pode chegar a mais de 90%”, avalia.

Quais os cuidados durante a gestação tardia?

Quem tem mais de 30 anos sabe que nada, absolutamente nada, é igual após a barreira dos 30. E isso vale também para a gestação: afinal, a forma como o corpo encara uma gravidez aos 25 vai ser bem diferente do que será aos 35, aos 45 e, principalmente, aos 55. 

Isso porque, como qualquer organismo, o corpo feminino envelhece. E, com isso, os processos hormonais que regem o ciclo reprodutivo delas também vão se modificando. 

As maiores alterações ocorrem na produção do estrogênio, responsável pela ovulação, e da progesterona, que controla a menstruação. Por isso, mulheres que já passaram da menopausa e engravidaram precisam de acompanhamento específico para, se necessário, repor alguns hormônios para seguir com a gestação. 

Entre mulheres consideradas mais velhas para gestar, é mais comum observar os seguintes problemas: 

• Maior risco de aborto espontâneo, especialmente nos três primeiros meses de gravidez;
• Anomalias cromossômicas;
• Maior risco de complicações no parto e pós-parto;
• Pré-eclâmpsia;
• Diabetes gestacional.

Além disso, há ainda questões como a maior propensão a ter hipertensão arterial e problemas cardiovasculares após a menopausa. Por isso, fazer um check-up cardiológico pode ser interessante para ter certeza de que tudo está bem com a saúde da mulher. 

Por fim, vale dizer que mulheres que já tenham histórico de doenças como pressão alta, diabetes e outros problemas de saúde devem considerar com cautela a gravidez após os 50 anos, já que os riscos para a saúde podem ser altos. 

Assim, é recomendado que a mulher que deseja seguir em frente busque um profissional de confiança e que tenha um acompanhamento especializado e próximo durante toda a gravidez.