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Hantavirose afeta os pulmões e pode ser confundida com gripe

Infecção viral é considerada doença emergente e tem sintomas iniciais inespecíficos, dificultando o diagnóstico precoce

Por Danielle SanchesPublicado em 11/11/2024, às 18:34 - Atualizado em 12/11/2024, às 14:24

Hantavirose

A ação do homem na natureza e sua cada vez maior proximidade com ambientes selvagens que antes eram intocados são fatores diretamente relacionados ao aumento de casos de zoonoses — doenças transmitidas de animais para pessoas – entre humanos. Uma dessas doenças é a hantavirose, infecção viral que afeta principalmente os pulmões (na sua forma cardiopulmonar) e tem alta taxa de mortalidade. Continue a leitura para entender mais sobre essa doença, suas causas e formas de prevenção.  

O que é hantavirose? 

A hantavirose é uma doença viral causada pelos hantavírus. Existem diferentes tipos de hantavírus; e no Brasil, já foram identificadas oito variantes dele. A gravidade da doença pode variar dependendo do subtipo e da região onde o contágio ocorre.  

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No Brasil, o tipo mais comum é que causa a Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus (SPH), que afeta os pulmões e pode causar insuficiência respiratória aguda. Já em outras regiões, como na Europa e Ásia, a hantavirose pode se manifestar como Febre Hemorrágica com Síndrome Renal (FHSR), que compromete os rins. 

Como se pega hantavirose? 

A principal forma de contágio da hantavirose ocorre pela inalação de aerossóis gerados pelas fezes, urina ou saliva de roedores que tenham o vírus. Esses animais podem carregar o patógeno por toda a vida sem adoecer.  

No Brasil, existem oito espécies de roedores consideradas reservatórios naturais de hantavírus, sendo alguns deles o rato de rabo peludo (presente no Cerrado paulista), o ratinho do arroz (residente da Mata Atlântica paulista) e o rato da mata (morador do Paraná. 

Ambientes rurais (como fazendas e plantações), armazéns ou casas de campo, especialmente nas regiões onde há grande presença de roedores, são áreas que apresentam maior risco para contrair a doença.  

Quais são os sintomas de hantavirose? 

Por atacar principalmente os pulmões, os sintomas da hantavirose podem ser confundidos com os de uma gripe comum nos estágios iniciais, o que torna o diagnóstico precoce um desafio. 

Os sintomas da hantavirose podem variar de pessoa para pessoa e geralmente aparecem de uma a cinco semanas após a exposição ao vírus. Na fase inicial, os sintomas incluem:  

  • Dor nas articulações e nas costas (lombar); 
  • Dor abdominal; 
  • Diarreia; 
  • Náusea e vômitos. 

Conforme a doença avança e os pulmões são mais gravemente afetados, os sintomas também incluem:  

  • Respiração acelerada; 
  • Batimentos cardíacos acelerados; 
  • Tosse seca; 
  • Pressão baixa; 
  • Dificuldade para respirar.  

É importante destacar que a falta de ar é um sintoma grave e pode indicar a doença numa forma bastante grave e tardia. Por isso, diante dos sintomas iniciais em áreas rurais em que há circulação do vírus, deve-se buscar atendimento médico imediato.  

Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico da hantavirose é feito por médicos (como clínicos e infectologistas) com base na análise dos sintomas apresentados, no histórico de exposição a áreas de risco, devendo ser confirmado por meio de exames laboratoriais.  

Atualmente, testes sorológicos e moleculares estão disponíveis para detectarem a presença de anticorpos contra o hantavírus no sangue do paciente. 

Hantavirose tem cura? 

Sim, a hantavirose pode ser curada. No entanto, isso depende do diagnóstico precoce e do atendimento médico imediato, oferecendo cuidados de suporte para os casos de insuficiência respiratória (como ventilação mecânica, por exemplo).  

No entanto, é importante reforçar que, no Brasil, estima-se que cerca de 41% dos pacientes contaminados por hantavírus morrem em decorrência da Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus (SPH) causada pelo vírus 

Tratamento para hantavirose 

Infelizmente, não existe tratamento específico para a hantavirose. O que é feito nesses casos é oferecer cuidados de suporte, ou seja, utilizar medicamentos para aliviar os sintomas – como febre e dor – e oxigênio nasal ou ventilação mecânica nos casos mais graves, em que há falta de ar. É necessário internação hospitalar para que o paciente receba cuidados intensivos até sua recuperação.  

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Fonte: Dra. Sumire Sakabe, médica infectologista do Hospital Nove de Julho (SP) 

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