A inteligência artificial no rastreio de doenças
Tecnologia influencia no tratamento e percurso da doença por meio de algoritmo
Já imaginou fazer um exame de tomografia para investigar se você tem pedra nos rins e descobrir, na verdade, que possui outra doença?
Neste artigo, você vai ler:
No primeiro momento pode soar assustador, mas considerando que essa descoberta pode possibilitar um tratamento precoce de uma doença grave, pode ser reconfortante. E, vou mais além: pode significar anos a mais na sua vida.
Em geral, é relativamente comum o indivíduo chegar ao hospital se queixando de alguma dor e o resultado dos exames não apresentar problemas graves de saúde.
No entanto, uma parcela dessas pessoas costuma apresentar gordura em excesso no abdome e isso quer dizer que ela está sob o risco de sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou infarto nos próximos 20 ou 30 anos.
E não se espante, pois não é só no Brasil que a pessoa sai do laboratório com laudo classificado como “dentro dos limites da normalidade”, mesmo apresentando gordura em excesso. Esse é o padrão de atendimento no mundo inteiro.
Mas ao presenciar tantos casos se repetindo dentro dos laboratórios da Dasa, a Dra. Fernanda Velloni, médica radiologista abdominal, visualizou a oportunidade para o rastreio oportunístico de doenças em nossas mãos. A partir daí, a inteligência artificial entra em ação.
O algoritmo e seu papel no rastreamento
Você já ouviu falar em algoritmo e inteligência artificial? O primeiro trata-se de uma sequência de regras e instruções responsáveis por executar uma tarefa. Já a inteligência artificial é basicamente quando os sistemas são capazes de realizar tarefas semelhantes às que são realizadas por cérebros humanos.
Nesse sentido, unimos o útil ao agradável e, após meses de estudos envolvendo diversos profissionais como cientistas de dados, engenheiros e médicos, criamos um algoritmo de inteligência artificial aplicada ao exame de Tomografia Computadorizada de Abdome.
Funciona da seguinte forma: o algoritmo analisa o exame por meio dos dados e classifica o que é gordura subcutânea, gordura visceral, gordura no fígado e também a saúde das vértebras da coluna lombar.
Em outras palavras, o que antes não era possível quantificar a olho nu, diga-se de passagem, por um radiologista, agora com o algoritmo é viável. Isso significa que com esses números conseguimos ter uma estimativa sobre o risco de o paciente ter uma doença no futuro.
Sabemos que, quanto maior a quantidade de gordura presente no exame, seja ela subcutânea, visceral ou hepática, maior é o risco de uma pessoa ter uma complicação cardiovascular, como um infarto agudo do miocárdio ou uma doença cerebrovascular, que é o caso do AVC.
Já em relação à vértebra lombar, é estimado o risco de a pessoa ter osteoporose, doença que é passível de prevenção ou controle quando descoberta ainda no início (conhecida por osteopenia).
Na prática, enquanto você aguarda o resultado, a inteligência artificial, por meio do algoritmo, já fez a sua parte e rastreou e qualificou possíveis doenças.
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Próximos passos
O desafio agora – que já está em estudo – é identificar a melhor forma de levar essa informação, que foi rastreada pelo algoritmo, para o paciente.
Queremos uma resposta para atuar com exatidão e a pergunta é: como conseguiremos atuar, tendo todos os dados em mãos, para reduzir o risco desse paciente ter um desfecho desfavorável no futuro? Ou seja, fazer com que ele tenha menos chances de sofrer um infarto ou AVC mais pra frente?
Enquanto evoluímos nos estudos para que isso venha a chegar aos pacientes, continuamos em ação para transformar, desenvolver e implementar outros algoritmos voltados à medicina diagnóstica que auxiliem na gestão da saúde de milhões de brasileiros.
E, antes de encerrar essa nossa conversa, preciso deixar aqui meu agradecimento aos colegas Fernanda Velloni e Marcelo Straus Takahashi, além de todo o time da Dasa Inova, laboratório de inteligência artificial da Dasa, que se debruçaram e fizeram esse projeto sair do papel, com extrema dedicação. Tudo em prol de um único objetivo: a qualidade de vida dos pacientes.