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    Linfoma de Burkitt: câncer é agressivo, mas responde bem à quimioterapia

    Entenda como a doença se manifesta, suas causas, principais tipos e formas de tratamento

    Fonte: Dr. Israel BenditHematologista da Dasa GenômicaPublicado em 02/09/2025, às 15:03 - Atualizado em 02/09/2025, às 15:03

    linfoma de burkit

    O Linfoma de Burkitt, como o nome já diz, pertence a um grupo de tumores chamados de linfomas. No Brasil, eles já representam a oitava forma mais comum de câncer. A incidência combinada de seus dois tipos, Hodgkin e não Hodgkin, fica em torno de 6 casos para cada 100 mil habitantes. 

    Apesar de sua natureza agressiva, o Linfoma de Burkitt costuma responder muito bem aos tratamentos disponíveis. Se descoberto no início, as chances de cura da doença são altas.

    Linfoma não Hodgkin tipo Burkitt: o que é? 

    O Linfoma de Burkitt é um tipo de câncer do sistema linfático, responsável por ajudar a combater infecções. Dentre eles, o Burkitt é um linfoma não Hodgkin, que afeta um tipo de célula de defesa chamada linfócito B.

    A principal característica da doença é o crescimento tumoral extremamente acelerado. E essa agressividade faz com que o diagnóstico e o início do tratamento precisem acontecer o quanto antes. 

    O tumor pode aparecer em diversas partes do corpo, mas é mais comum nos ossos da face e da mandíbula, no intestino, nos rins, nos ovários e no sistema nervoso central. 

    Tipos de Linfoma de Burkitt 

    Existem três formas principais de Linfoma de Burkitt: 

    • Endêmico: acontece principalmente em crianças na África Equatorial. Ele está fortemente associado à malária crônica e a uma infecção prévia pelo vírus Epstein Barr. E, geralmente, o primeiro sinal é um tumor na mandíbula ou em outros ossos do rosto. 
    • Esporádico: é a variante mais comum em outras partes do mundo, como na América do Norte e na Europa. É mais frequente em crianças e adultos jovens, e costuma se desenvolver primeiro na região do abdômen. 
    • Associado à imunodeficiência: atinge principalmente pessoas com o sistema imunológico enfraquecido. E isso inclui pacientes com imunidade baixa por condições como a AIDS ou pessoas que fizeram um transplante de órgãos e usam medicamentos imunossupressores. 

    Causas 

    A principal associação do Linfome de Burkitt é com o vírus Epstein Barr, o mesmo causador da mononucleose, conhecida como “doença do beijo”. Este vírus é encontrado na maioria dos casos do tipo endêmico e em uma parcela dos outros tipos.

    Outro fator de risco importante é um sistema imunológico enfraquecido. Ou seja: pessoas com imunidade baixa têm mais chances de desenvolver a doença. É o caso de pacientes com o vírus HIV, que causa a AIDS, ou de pessoas que passaram por transplantes e precisam tomar remédios que diminuem a atividade das células de defesa. 

    Sintomas do linfoma de Burkitt 

    Os sintomas dependem muito da localização do tumor. Mas, de forma geral, o primeiro sinal costuma ser o inchaço de gânglios linfáticos, formando caroços que podem ser sentidos no pescoço, axilas ou virilha 

    Febre sem causa aparente e dor abdominal também são frequentes. Além disso, outros sinais que exigem atenção seriam: 

    • Perda de peso significativa e não intencional. 
    • Sudorese noturna, que são suores tão intensos a ponto de molhar a roupa de cama e o pijama. 
    • Inchaço rápido da mandíbula ou de ossos da face, principalmente no tipo endêmico. 
    • Náuseas e vômitos, caso o tumor esteja no abdômen. 

    Qual médico procurar? 

    Na suspeita de um linfoma, o médico responsável pelo diagnóstico e tratamento seria o hematologista ou o onco-hematologista. Esses profissionais são especializados em doenças do sangue e em cânceres hematológicos. E são os mais preparados para realizar o diagnóstico e definir a melhor estratégia de tratamento. 

    Como é feito o diagnóstico? 

    O diagnóstico do Linfoma de Burkitt é uma verdadeira “corrida contra o tempo” e o exame mais importante é a biópsia. Nela, um pequeno pedaço do tecido suspeito é retirado para análise em laboratório por um patologista. 

    Se a análise da biópsia confirmar que as células são cancerígenas, outros exames são necessários para saber a extensão da doença no corpo. E os mais comuns seriam: 

    • Tomografia computadorizada (TC) ou PET-CT (tomografia por emissão de pósitrons), para ver onde mais o linfoma pode estar localizado. 
    • Biópsia da medula óssea, para checar se o linfoma se espalhou para essa região. 
    • Exames de sangue para verificar as contagens de glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas. Isso porque alterações como plaquetas altas ou baixas podem indicar processos inflamatórios ou outras condições associadas.

    Agora, se houver suspeita de que o linfoma atingiu o sistema nervoso central, o médico pode colher uma amostra do líquido cerebrospinal para análise. 

    Painel Genético para Doenças Linfoproliferativas 

    Para um diagnóstico ainda mais preciso, os médicos podem usar o Painel Genético para Doenças Linfoproliferativas. O exame é feito a partir de uma amostra do próprio tecido tumoral retirado na biópsia. E avalia os principais genes ligados ao diagnóstico, ao prognóstico e ao direcionamento do tratamento de linfomas. 

     A técnica utilizada é o Sequenciamento de Nova Geração (NGS), que permite identificar mutações em 73 genes relacionados ao surgimento de cânceres como o Linfoma de Burkitt.  

    A análise genética é muito sensível e consegue detectar alterações em cerca de 5% das células, o que ajuda a ter um retrato fiel do tumor. 

    O painel genético é especialmente útil quando os métodos tradicionais não são conclusivos. Além de confirmar o tipo exato de linfoma, a identificação de mutações específicas ajuda o médico a definir o melhor tratamento.

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    Formas de tratamento 

    O principal tratamento para o Linfoma de Burkitt é a quimioterapia intensiva. Como o tumor cresce muito rápido, os médicos usam tratamento potentes e em ciclos curtos para combater as células cancerígenas de forma ágil e agressiva. 

    Além da quimioterapia administrada na veia, também pode ser necessária a quimioterapia intratecal. Nesse procedimento, o medicamento é aplicado diretamente no líquido que envolve a medula espinhal. O foco é tratar ou prevenir que o linfoma se espalhe para o cérebro e o sistema nervoso central. 

    O médico também pode considerar técnicas como imunoterapia, em que os medicamentos ajudam o próprio sistema imunológico do paciente a reconhecer e atacar as células do linfoma.

    E ainda a terapia celular, conhecida como CAR-T cell, que modifica as células de defesa do paciente em laboratório para que elas combatam o câncer.

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