Linfoma de Burkitt: câncer é agressivo, mas responde bem à quimioterapia
Entenda como a doença se manifesta, suas causas, principais tipos e formas de tratamento

O Linfoma de Burkitt, como o nome já diz, pertence a um grupo de tumores chamados de linfomas. No Brasil, eles já representam a oitava forma mais comum de câncer. A incidência combinada de seus dois tipos, Hodgkin e não Hodgkin, fica em torno de 6 casos para cada 100 mil habitantes.
Apesar de sua natureza agressiva, o Linfoma de Burkitt costuma responder muito bem aos tratamentos disponíveis. Se descoberto no início, as chances de cura da doença são altas.
Neste artigo, você vai ler:
Linfoma não Hodgkin tipo Burkitt: o que é?
O Linfoma de Burkitt é um tipo de câncer do sistema linfático, responsável por ajudar a combater infecções. Dentre eles, o Burkitt é um linfoma não Hodgkin, que afeta um tipo de célula de defesa chamada linfócito B.
A principal característica da doença é o crescimento tumoral extremamente acelerado. E essa agressividade faz com que o diagnóstico e o início do tratamento precisem acontecer o quanto antes.
O tumor pode aparecer em diversas partes do corpo, mas é mais comum nos ossos da face e da mandíbula, no intestino, nos rins, nos ovários e no sistema nervoso central.
Tipos de Linfoma de Burkitt
Existem três formas principais de Linfoma de Burkitt:
- Endêmico: acontece principalmente em crianças na África Equatorial. Ele está fortemente associado à malária crônica e a uma infecção prévia pelo vírus Epstein Barr. E, geralmente, o primeiro sinal é um tumor na mandíbula ou em outros ossos do rosto.
- Esporádico: é a variante mais comum em outras partes do mundo, como na América do Norte e na Europa. É mais frequente em crianças e adultos jovens, e costuma se desenvolver primeiro na região do abdômen.
- Associado à imunodeficiência: atinge principalmente pessoas com o sistema imunológico enfraquecido. E isso inclui pacientes com imunidade baixa por condições como a AIDS ou pessoas que fizeram um transplante de órgãos e usam medicamentos imunossupressores.
Causas
A principal associação do Linfome de Burkitt é com o vírus Epstein Barr, o mesmo causador da mononucleose, conhecida como “doença do beijo”. Este vírus é encontrado na maioria dos casos do tipo endêmico e em uma parcela dos outros tipos.
Outro fator de risco importante é um sistema imunológico enfraquecido. Ou seja: pessoas com imunidade baixa têm mais chances de desenvolver a doença. É o caso de pacientes com o vírus HIV, que causa a AIDS, ou de pessoas que passaram por transplantes e precisam tomar remédios que diminuem a atividade das células de defesa.
Sintomas do linfoma de Burkitt
Os sintomas dependem muito da localização do tumor. Mas, de forma geral, o primeiro sinal costuma ser o inchaço de gânglios linfáticos, formando caroços que podem ser sentidos no pescoço, axilas ou virilha.
Febre sem causa aparente e dor abdominal também são frequentes. Além disso, outros sinais que exigem atenção seriam:
- Perda de peso significativa e não intencional.
- Sudorese noturna, que são suores tão intensos a ponto de molhar a roupa de cama e o pijama.
- Inchaço rápido da mandíbula ou de ossos da face, principalmente no tipo endêmico.
- Náuseas e vômitos, caso o tumor esteja no abdômen.
Qual médico procurar?
Na suspeita de um linfoma, o médico responsável pelo diagnóstico e tratamento seria o hematologista ou o onco-hematologista. Esses profissionais são especializados em doenças do sangue e em cânceres hematológicos. E são os mais preparados para realizar o diagnóstico e definir a melhor estratégia de tratamento.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do Linfoma de Burkitt é uma verdadeira “corrida contra o tempo” e o exame mais importante é a biópsia. Nela, um pequeno pedaço do tecido suspeito é retirado para análise em laboratório por um patologista.
Se a análise da biópsia confirmar que as células são cancerígenas, outros exames são necessários para saber a extensão da doença no corpo. E os mais comuns seriam:
- Tomografia computadorizada (TC) ou PET-CT (tomografia por emissão de pósitrons), para ver onde mais o linfoma pode estar localizado.
- Biópsia da medula óssea, para checar se o linfoma se espalhou para essa região.
- Exames de sangue para verificar as contagens de glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas. Isso porque alterações como plaquetas altas ou baixas podem indicar processos inflamatórios ou outras condições associadas.
Agora, se houver suspeita de que o linfoma atingiu o sistema nervoso central, o médico pode colher uma amostra do líquido cerebrospinal para análise.
Painel Genético para Doenças Linfoproliferativas
Para um diagnóstico ainda mais preciso, os médicos podem usar o Painel Genético para Doenças Linfoproliferativas. O exame é feito a partir de uma amostra do próprio tecido tumoral retirado na biópsia. E avalia os principais genes ligados ao diagnóstico, ao prognóstico e ao direcionamento do tratamento de linfomas.
A técnica utilizada é o Sequenciamento de Nova Geração (NGS), que permite identificar mutações em 73 genes relacionados ao surgimento de cânceres como o Linfoma de Burkitt.
A análise genética é muito sensível e consegue detectar alterações em cerca de 5% das células, o que ajuda a ter um retrato fiel do tumor.
O painel genético é especialmente útil quando os métodos tradicionais não são conclusivos. Além de confirmar o tipo exato de linfoma, a identificação de mutações específicas ajuda o médico a definir o melhor tratamento.
Formas de tratamento
O principal tratamento para o Linfoma de Burkitt é a quimioterapia intensiva. Como o tumor cresce muito rápido, os médicos usam tratamento potentes e em ciclos curtos para combater as células cancerígenas de forma ágil e agressiva.
Além da quimioterapia administrada na veia, também pode ser necessária a quimioterapia intratecal. Nesse procedimento, o medicamento é aplicado diretamente no líquido que envolve a medula espinhal. O foco é tratar ou prevenir que o linfoma se espalhe para o cérebro e o sistema nervoso central.
O médico também pode considerar técnicas como imunoterapia, em que os medicamentos ajudam o próprio sistema imunológico do paciente a reconhecer e atacar as células do linfoma.
E ainda a terapia celular, conhecida como CAR-T cell, que modifica as células de defesa do paciente em laboratório para que elas combatam o câncer.