Afinal, o que é ser uma mulher saudável?
Dormir bem, fazer check-ups e se alimentar adequadamente contribuem com a saúde da mulher
Você sabia que as mulheres trabalham cerca de três horas a mais por semana do que os homens? Geralmente, além do trabalho remunerado, cabe a elas a grande maioria dos chamados afazeres domésticos e também cuidar de outras pessoas. Com tantas tarefas, a saúde e o bem-estar, na maioria das vezes, ficam em segundo plano.
Neste artigo, você vai ler:
“As mulheres são educadas a cumprir determinados papéis sociais, como o de cuidar. Trata-se de uma construção social que possui implicações culturais e mecanismos que estruturam a desigualdade entre homens e mulheres. Construir relações igualitárias é uma responsabilidade coletiva”, destaca Jucimeri Silveira, socióloga e professora do curso de pós-graduação em Políticas Públicas e Direitos Humanos da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).
Para ela, a pandemia agravou a situação social das mulheres, e o acúmulo de tarefas domésticas e de trabalho fez com que muitas ficassem doentes. Vale destacar que a OMS (Organização Mundial de Saúde) classifica a saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças.
Por isso, fica a pergunta: afinal, o que é ser uma mulher saudável hoje? Sabemos que cada mulher possui necessidades específicas. Mas é possível traçar alguns pilares para a saúde da mulher e também estratégias para vencer as barreiras mais comuns. Vamos lá?
Qual é a importância de dormir bem?
Quantas horas você conseguiu dormir ontem? Insônia, síndrome das pernas inquietas e apneia são alguns dos transtornos mais comuns que atrapalham o sono das mulheres. Sem contar o estresse, a ansiedade e, para quem é mãe, os filhos pequenos. No entanto, um sono reparador ajuda no funcionamento cerebral, além de melhorar o humor, a concentração e a prevenção de doenças—e deve ser prioridade também.
De acordo com Andrea Bacelar, neurologista, especialista em Medicina do Sono e diretora da ABSono (Associação Brasileira do Sono), a insônia é mais frequente em mulheres devido a questões biológicas, ambientais e sociais.
“Há influência dos hormônios, além do fato de as mulheres terem um sistema nervoso mais propenso a ficar em alerta para acordar. E o sono também é afetado pelo fato de que elas desempenham múltiplas tarefas, como a de mãe, dona de casa e profissional, gerando sobrecarga de trabalho e estresse”, completa.
Uma forma de manejar a insônia é realizar a higiene do sono, ou seja, mudar os hábitos antes de deitar. Entre as principais indicações estão:
Se a insônia persistir por mais de três meses e causar cansaço, sonolência ou mau humor, é a hora de buscar ajuda. Um especialista em sono vai avaliar seu caso e tratar a insônia adequadamente.
O desafio da alimentação saudável
Com a correria do dia a dia, nem sempre é fácil realizar refeições saudáveis e sem pressa. No caso das mulheres, ainda há dois fatores extras que dificultam uma relação saudável com a comida.
Primeiro: há uma pressão maior para que consigam o tal “corpo ideal”. Por causa disso, muitas acabam cedendo ao apelo das dietas restritivas que, no longo prazo fracassam e afetam a saúde e a autoestima. Além disso, é comum que os alimentos se tornem uma válvula de escape para problemas emocionais.
Por isso, o primeiro passo para comer melhor é entender que dietas restritivas não funcionam e que é preciso trabalhar a relação com a comida, seja com um nutricionista comportamental ou até mesmo com um terapeuta.
“É importante ter mais equilíbrio e menos julgamento com a comida. Vale a pena ficar atento às sensações de fome e saciedade. Além de um olhar neutro pelos alimentos, sem julgamentos”, recomenda Nadia Haubert, nutróloga e membro da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).
Comer deve envolver a mente e os sentidos para que seja um momento prazeroso. “É importante comer devagar, observar o que está sentindo, quando está saciada e degustar os alimentos com calma, se atentando para as texturas e aromas”, completa Haubert.
Há ainda algumas mudanças simples que você pode fazer na sua rotina para ganhar saúde:
Exercícios para a saúde do corpo e da mente
Preguiça, falta de tempo, falta de vontade mesmo. São muitos os obstáculos, ainda mais quando falamos de mulheres que trabalham fora e em casa e precisam escolher entre passar um tempinho com os filhos ou se exercitarem.
Mas há bons motivos para a gente tentar remodelar a agenda: além da perda de peso (objetivo de muitas), ajuda na regulação de hormônios, melhora o humor e previne doenças.
De acordo com Páblius Braga, médico especialista em Medicina do Esporte e diretor do Hospital Nove de Julho, há diversas modalidades e o mais importante é encontrar uma que traga prazer e, assim, mantenha a motivação.
Mas como fazer da atividade física um hábito diário? A seguir, veja algumas dicas:
Estratégias para manter a saúde mental
Uma reunião de trabalho online, o filho chorando, a roupa acumulando, o horário de almoço chegando… A cena pode parecer bastante familiar para a maioria das mulheres. Com a correria do dia a dia e a pressão para dar conta de tudo, é comum que elas fiquem ansiosas – e até deprimidas.
De acordo com Christiane Ribeiro, psiquiatra e membro da Comissão de Estudos e Pesquisa da Saúde Mental da Mulher da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), as mulheres apresentam risco aumentado de ter depressão e ansiedade ao longo da vida, quando comparadas com os homens.
“Há oscilações hormonais, fatores ambientais, genéticos e estressores que poderiam contribuir para esses maiores índices. As mulheres possuem maior exposição à violência doméstica e ao abuso sexual, e são responsáveis pelos cuidados da casa e dos filhos, ficando sobrecarregadas na maior parte do tempo”, reforça.
Praticar algum esporte, dormir e se alimentar adequadamente, além de contar com o apoio social da família, contribuem bastante para melhorar o quadro. Mas, quando não houver energia para nada e a tristeza for limitante, é hora de buscar ajuda.
“Solicitar apoio é um direito. Quando a mulher se cuida, se olha e tem autocompaixão, aumenta a autoestima e se torna natural fazer escolhas que são melhores para ela”, afirma Camila Muniz de Souza, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Veja abaixo algumas estratégias que podem contribuir com a saúde mental.
Além do prazer: a importância do sexo para a saúde
Quando foi a última vez que você teve um orgasmo? Não é novidade que as mulheres apresentam mais dificuldades para sentir prazer. Mas, a OMS considera a saúde sexual um pilar para a qualidade de vida, assim como trabalho, família e lazer. Fazer sexo melhora a qualidade do sono, a imunidade, diminui o nível de estresse e pode até aliviar dores.
Segundo Teresa Embiruçu, ginecologista, sexóloga do ambulatório de sexualidade feminina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a questão é cultural, uma vez que, normalmente o sexo está associado a algum aspecto negativo e vem carregado de “culpa”.
“As mulheres aprendem desde crianças que não devem se tocar, devem andar de pernas fechadas. Na adolescência, aprendem que sexo pode causar doenças e uma gravidez não planejada. Depois, ouvem que na primeira relação sexual vão sentir dor. Não existe educação sexual, não se fala nada de positivo relacionado ao sexo”, diz.
Vale destacar que uma vida sexual insatisfatória contribui para uma autoestima baixa. Muitas mulheres associam a sexualidade à sua capacidade de se relacionar com o outro. Além disso, de acordo com a especialista, por muito tempo o orgasmo feminino não tinha importância porque o sexo servia apenas para procriar.
A seguir, algumas dicas podem ser úteis para explorar a sexualidade feminina.
Exames preventivos podem salvar vidas!
Você já conseguiu colocar em dia os seus exames de rotina? Agendar um check-up anual pode detectar possíveis problemas de saúde precocemente. E, em alguns casos, até salvar vidas.
“Mesmo sem sintomas é importante que as mulheres realizem alguns exames para averiguar a sua saúde ginecológica, principalmente. A maioria das mulheres sabe da necessidade de ter um tempo para se cuidar. Os médicos precisam dar apoio e entender a rotina atribulada”, destaca Fernando Asanuma, ginecologista do Hospital Nove de Julho.
Há alguns exames preventivos considerados mais comuns, que são solicitados com frequência pelos especialistas de saúde. No entanto, como cada mulher é única, a lista solicitada pode ser diferente, já que é preciso levar em conta seu estado de saúde e também o histórico clínico da família.
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