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    Sífilis congênita: o pré-natal correto pode evitar a transmissão da doença para o bebê

    A doença pode causar de malformações ósseas a problemas neurológicos e até a morte. Mas a prevenção é simples, eficaz e disponível no SUS

    Fonte: Dra. Adriana Bittencourt CampanerGinecologistaPublicado em 24/06/2025, às 16:06 - Atualizado em 25/06/2025, às 14:08

    sifilis congenita

    A sífilis congênita representa um grande problema de saúde no Brasil. Dados do Ministério da Saúde apontam uma queda de 13,5% em bebês com menos de um ano em 2023. Mas a infecção ainda é vista como uma tragédia que poderia ser evitada.

    Em 90% dos casos de transmissão para o bebê, a mãe chegou a fazer o pré-natal. O que mostra que a falha muitas vezes está no diagnóstico tardio ou no tratamento inadequado durante a gestação. Saiba mais sobre a doença e como evitar a transmissão da mãe para o feto. 

    Sífilis Congênita: o que é? 

    A sífilis congênita é uma infecção passada da mãe para o bebê por meio da placenta, em qualquer momento da gestação ou da doença, inclusive durante o parto.   

    A sífilis é uma Infecção sexualmente transmissível (IST). Ela é causada pela bactéria Treponema pallidum e adquirida em relações sexuais desprotegidas. No caso da forma congênita, a bactéria passa da mãe para o feto. 

    A fase da infecção na mãe influencia muito o risco. Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de transmissão é de 70% a 100% em mulheres não tratadas nas fases primária e secundária. Nas fases latente e terciária, o risco cai para 30%. 

    Sem o diagnóstico e tratamento corretos na gestação, a infecção pode trazer graves consequências para a criança.  

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    Quais são as fases da sífilis no adulto? 

    A sífilis pode evoluir por estágios se não for tratada. Conheça a seguir as fases da doença.  

    Sífilis primária 

    Surge uma ferida única no local de entrada da bactéria (pênis, vagina, ânus ou boca). A ferida é chamada de cancro duro (trata-se de uma úlcera indolor). Ela não dói, não coça e desaparece sozinha, mesmo sem tratamento, dando a falsa impressão de cura. 

    Sífilis secundária 

    Aparecem manchas no corpo, principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés. Pode haver febre, mal-estar e queda de cabelo. Os sintomas também desaparecem sozinhos. 

    Sífilis latente 

    É uma fase assintomática, sem sinais visíveis da doença. Pode durar anos. A pessoa ainda tem a bactéria e pode transmiti-la. Esta fase é detectada apenas pelos exames de sorologia. 

    Sífilis terciária 

    Pode surgir anos ou décadas depois do início da infecção. É a fase mais grave, com sérios danos ao cérebro, coração, ossos e sistema nervoso. 

    Transmissão da sífilis congênita 

    A transmissão da sífilis acontece diretamente da gestante infectada para o bebê. Ou seja, em uma transmissão vertical. A bactéria Treponema pallidum consegue atravessar a placenta em qualquer fase da gestação. Lembrando que a placenta é o órgão que conecta a mãe ao feto, fornecendo nutrientes e oxigênio.  

    O risco de transmissão é maior se a mãe estiver nas fases iniciais da sífilis e sem tratamento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em mais da metade dos casos, a transmissão pode levar a resultados graves, como a morte do bebê. 

    Prevenção 

    A prevenção da sífilis congênita se baseia no diagnóstico e tratamento da gestante o mais cedo possível. E isso depende de um pré-natal de qualidade, que inclui testes para sífilis em momentos específicos da gestação.  

    A gestante deve fazer o teste rápido no primeiro e terceiro trimestre, no momento do parto e em eventual caso de aborto. Esses testes rápidos estão disponíveis nas unidades de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). E, idealmente, o parceiro também é testado e tratado, caso necessário.  

    Se o resultado for positivo, o tratamento com penicilina deve ser iniciado imediatamente. Esse tratamento cura a gestante e impede a transmissão da bactéria para o bebê. 

    Lembrando que o uso de preservativo em todas as relações sexuais previne a sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). 

    Exames que auxiliam no diagnóstico da sífilis congênita 

    O diagnóstico da sífilis é feito com exames de sangue, as chamadas sorologias. Os chamados testes treponêmicos são usados para confirmar a infecção. São exemplos: o teste rápido, o FTA-Abs e o de hemaglutinação para sífilis (TPHA).  

    Uma vez positivos, eles geralmente permanecem assim por toda a vida, mesmo após o tratamento, sendo chamados de “cicatriz sorológica”. 

    Já os estes não treponêmicos são usados para a triagem da população e para acompanhar a resposta ao tratamento. O mais conhecido é o VDRL 

    A recomendação é que a gestante faça o teste no início do pré-natal, no terceiro trimestre da gravidez e no momento do parto. O bebê também é testado logo após o nascimento. 

    É possível detectar a sífilis congênita durante a gestação? 

    Sim, é totalmente possível detectar o risco e prevenir a sífilis congênita durante a gestação. E a detecção é feita por meio de exames de sangue na mãe. 

     O Ministério da Saúde do Brasil e entidades internacionais, como o CDC dos Estados Unidos, recomendam a testagem de todas as grávidas. O primeiro teste deve ser feito na primeira consulta do pré-natal. 

    A testagem deve ser repetida por volta da 28ª semana de gestação (início do terceiro trimestre). Um último exame é indicado no momento da internação para o parto. Essa rotina garante que qualquer infecção adquirida durante a gravidez seja identificada. 

    Se a mãe for diagnosticada, o tratamento imediato previne a infecção no bebê.  

    Sequelas da sífilis congênita 

    As sequelas da sífilis congênita podem ser muito graves e permanentes.  Quando não tratada, a sífilis na gestante pode causar aborto espontâneo, parto prematuro ou o nascimento do bebê já sem vida (natimorto). 

    Para os bebês que nascem com a infecção, as consequências podem surgir logo após o nascimento ou se manifestar anos depois. Segundo o Ministério da Saúde, as principais sequelas são: 

    • Deformidades nos ossos e dentes; 
    • Anemia grave; 
    • Meningite (inflamação das membranas que cobrem o cérebro); 
    • Problemas de pele, com feridas e erupções; 
    • Icterícia (pele e olhos amarelados) e fígado aumentado; 
    • Surdez; 
    • Cegueira; 
    • Dificuldades de aprendizagem e outros problemas neurológicos. 

    Formas de Tratamento 

    O tratamento padrão para a sífilis é feito com o antibiótico penicilina. A penicilina benzatina é a única opção considerada segura e eficaz para tratar gestantes e prevenir a sífilis congênita. 

    O tratamento deve ser iniciado assim que a infecção é confirmada. A dosagem e o número de injeções dependem da fase da doença. Mas é essencial que o tratamento seja feito de forma correta e completa. 

    O parceiro sexual da gestante também precisa ser tratado. Isso evita que a mulher seja reinfectada e contribui para o controle da doença. 

    Após o nascimento, o bebê de mãe com sífilis passa por uma avaliação médica detalhada. Os médicos decidem se a criança também precisa receber tratamento com penicilina, com base nos exames da mãe e do próprio recém-nascido.

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