Sinusite aguda e crônica: como identificar e tratar estes quadros
Sintomas menos óbvios, como tosse noturna e mau hálito, ajudam a compor o diagnóstico

Sabe aquela gripe que não termina nunca ou aquela crise alérgica que não passa? Muita gente convive com elas por semanas, sem saber que está com sinusite. Extremamente comum, a condição é uma inflamação que acontece em cavidades ósseas que temos no rosto, conhecidas como seios da face.
Mas o que causa essa inflamação? Por que é passageira para uns e um tormento para outros? Siga a leitura para entender as causas, os tipos e os tratamentos mais eficazes para a sinusite.
Neste artigo, você vai ler:
Sinusite: o que é?
A sinusite é a inflamação da mucosa que reveste os seios da face, espaços ocos localizados nos ossos do crânio, ao redor do nariz, nas maçãs do rosto e na região dos olhos.
Também chamados de cavidades paranasais, eles ajudam a aquecer e umidificar o ar que respiramos e produzem muco para limpar as vias aéreas de poeira e outras partículas – muco este normalmente escoado pelo nariz.
Quando a mucosa inflama por alguma razão, ela incha e produz mais secreção. E esse inchaço pode bloquear a drenagem natural dos seios da face. Com o muco preso, vírus e bactérias podem se multiplicar, aumentando a inflamação e gerando os sintomas clássicos de dor e pressão.
Tipos de sinusite
A sinusite pode ser classificada pela sua duração e, principalmente, pelo que a causou. Conheça os principais tipos.
Sinusite aguda
Ela é caracterizada pela sua curta duração: em média, menos de 12 semanas. Os sintomas costumam ser intensos, com dor de cabeça, cansaço, febre e nariz entupido. A dor no rosto pode ser forte e latejante, e causa mais comum é uma infecção por vírus ou bactéria.
Sinusite crônica
Já a sinusite crônica é mais persistente e se arrasta por mais de 12 semanas. Os sintomas são parecidos com os da forma aguda, como congestão nasal e secreção espessa, mas podem variar em intensidade. Uma diferença importante é que a febre geralmente não aparece na forma crônica da sinusite.
Sinusite viral
Este é o tipo mais comum e costuma acompanhar gripes e resfriados. A sinusite viral dura em média de 7 a 10 dias. Os sintomas clássicos são coriza, nariz entupido e um dor mais leve no rosto.
Sinusite bacteriana
Neste caso, bactérias causam a inflamação e o uso de antibióticos costuma ser indicado. Mas atenção: só deve ser feito com a devida orientação médica. Muitas vezes, a sinusite bacteriana surge como uma complicação de um resfriado que não foi curado corretamente. Os sintomas são mais fortes, com dor facial intensa, febre alta e, por vezes, pus na secreção nasal.
Sinusite alérgica
Como o nome diz, este tipo é disparado por alergias, como a rinite alérgica. Fatores como poeira, pólen, poluição e pelos de animais inflamam a mucosa dos seios da face. E os sintomas mais comuns são congestão nasal, espirros, coceira nos olhos e coriza.
Sinusite fúngica
A sinusite fúngica é uma forma mais rara, causada pela ação de fungos. Ela acontece com mais frequência em pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, como pacientes com HIV ou que estão em tratamento quimioterápico. Os sintomas mais comuns são congestão e secreção espessa.
Sinusite odontogênica
Poucos sabem, mas a sinusite pode começar na boca. Este tipo é resultado de problemas dentários, como uma infecção em um dos dentes de cima, que estão próximos aos seios maxilares. E também pode acontecer depois de um procedimento dentário. Para resolver a sinusite, é preciso tratar a causa da infecção no dente.
Causas
A causa mais frequente da sinusite aguda é uma infecção viral. Ou seja, ela geralmente é uma complicação de uma gripe ou resfriado comum. O vírus agride a mucosa nasal, que inflama e bloqueia a drenagem dos seios da face.
Mas outras condições e fatores também podem levar ao problema:
- Infecções bacterianas: uma sinusite viral que não melhora pode evoluir para uma infecção por bactérias, que se aproveitam do muco acumulado.
- Crises alérgicas: a rinite alérgica causa uma inflamação recorrente no nariz, sendo um importante gatilho para a sinusite.
- Alterações anatômicas: condições como o desvio de septo (a parede que divide o nariz) podem dificultar a drenagem dos seios da face.
- Adenoide aumentada: conhecida popularmente como “carne esponjosa”, a adenoide aumentada pode obstruir a passagem de ar e secreção, principalmente em crianças.
- Pólipos nasais: são pequenos crescimentos anormais de tecido na mucosa do nariz.
- Infecções dentárias: uma infecção em um dente superior pode se espalhar para o seio da face mais próximo.
- Fatores ambientais: a exposição a poluentes, fumaça de cigarro e ar seco (especialmente pelo uso de ar-condicionado) pode irritar as vias aéreas.
Sinusite e rinite: quais são as diferenças?
A rinite é a inflamação da mucosa do nariz e, a sinusite, da mucosa dos seios da face. Mas, embora sejam condições diferentes, elas estão intimamente ligadas.
Uma crise de rinite alérgica, por exemplo, provoca espirros, coriza e, principalmente, o nariz entupido. Essa obstrução nasal impede que o muco produzido nos seios da face seja drenado corretamente. E esse acúmulo de secreção cria um ambiente ideal para a proliferação de agentes infecciosos, resultando na sinusite.
Por isso, é muito comum que uma pessoa com rinite desenvolva quadros de sinusite. Muitos médicos, inclusive, usam o termo “rinossinusite”, já que a inflamação do nariz e dos seios da face quase sempre acontece em conjunto.
Sintomas de sinusite
Os sintomas mais conhecidos da sinusite são a dor de cabeça forte e a sensação de pressão ou peso na face, principalmente na testa, nas maçãs do rosto e ao redor dos olhos.
Mas muitos pacientes também relatam que ficam com o nariz entupido e com uma secreção de cor amarelada ou esverdeada.
O quadro ainda pode vir acompanhado de outros sintomas como:
- Tosse que piora durante a noite, quando a pessoa se deita;
- Febre;
- Mau hálito (halitose);
- Redução ou perda do olfato e do paladar;
- Cansaço e sensação de mal-estar geral;
- Dor de garganta;
- Dores no ouvido.
Exames que auxiliam no diagnóstico e tratamento da sinusite
Na maioria dos casos de sinusite aguda, basta a avaliação feita pelo médico. Na própria consulta, o otorrinolarisgologista pode inclusive fazer uma nasofibrolaringoscopia.
Nela, um tubo fino e flexível com uma pequena câmera na ponta é inserido pelo nariz, permitindo que ele veja a mucosa nasal, os pontos de drenagem dos seios da face e a presença de problemas como pólipos ou desvio de septo.
O médico ainda pode solicitar uma tomografia de seios da face. Este exame cria imagens detalhadas das cavidades e das estruturas ósseas, podendo confirmar um diagnóstico de sinusite crônica, avaliar a extensão da inflamação e até guiar o tratamento cirúrgico, se for o caso.
Autocuidados para sinusite
Algumas medidas simples ajudam a fluidificar e eliminar a secreção acumulada, aliviando a pressão e a dor. São elas:
- Lavagem nasal ao acordar e antes de dormir. Isso ajuda a remover o excesso de muco, hidrata a mucosa e alivia a congestão.
- Fazer inalação para umidificar as vias aéreas.
- Beber bastante líquido, especialmente com água e chás, para deixar o muco mais fino e fácil de ser eliminado.
- Usar umidificadores ou mesmo uma bacia com água no quarto, principalmente em locais com ar-condicionado ou muito secos.
Além disso, aplicar uma toalha morna sobre o rosto pode ajudar a aliviar a dor e a sensação de pressão nos seios da face.
Formas de tratamento
Nos casos mais comuns, de origem viral, o que se pode fazer é aliviar os sintomas, com lavagens, inalação e, eventualmente, analgésicos e anti-inflamatórios. Já no caso da sinusite causada por bactérias, o tratamento pode incluir o uso de antibióticos.
Para quadros alérgicos ou quando a inflamação é muito intensa, os médicos podem indicar medicamentos corticoides, na forma de spray nasal ou, em alguns casos, comprimidos. Como são anti-inflamatórios, eles ajudam a desobstruir as vias aéreas.
Já quando a sinusite crônica é recorrente, e está ligada a um desvio de septo ou pólipos, a cirurgia pode ser a solução para corrigir o problema. Mas isso deve ser avaliado por um especialista que irá avaliar os prós e os contras de uma eventual cirurgia.
Vale ainda ressaltar que o diagnóstico final de todas as rinossinusites, assim como a definição do tipo de tratamento e sua duração deve ser feita por um médico. A automedicação pode agravar o quadro e retardar o início do tratamento correto.