O que é tenossinovite e por que movimentos repetitivos podem causá-la?
Inchaço, dor e estalos nas articulações envolvidas são os principais sintomas

A tenossinovite é uma inflamação que pode interferir bastante no dia a dia se não tratada corretamente. Ela costuma ser confundida com a tendinite – e muitas vezes aparece junto com ela -, mas são condições diferentes.
A tenossinovite afeta a bainha sinovial, uma espécie de túnel que protege os tendões, garantindo que eles deslizem suavemente. Quando essa bainha inflama, o movimento se torna doloroso e limitado.
Siga a leitura e conheça melhor a condição, desde causas e sintomas até as melhores abordagens terapêuticas.
Neste artigo, você vai ler:
Tenossinovite: o que é?
A tenossinovite é uma inflamação da bainha sinovial, um tecido fino que envolve os tendões. Essa bainha produz um líquido lubrificante, permitindo que os tendões deslizem sem atrito durante os movimentos. Quando ela inflama, o espaço fica mais apertado e o deslize, mais difícil e doloroso.
Enquanto a tendinite é a inflamação do tendão em si, a tenossinovite é a inflamação da “capa” que o protege. Muitas vezes, as duas condições podem acontecer ao mesmo tempo, o que intensifica o quadro de dor e desconforto.
Uma das formas mais conhecidas de tenossinovite é o dedo em gatilho. Nele, a inflamação da bainha sinovial prende o tendão flexor de um dos dedos, causando um estalo ou travamento doloroso ao tentar esticá-lo.
Tenossinovite de quervain
Um dos tipos mais comuns é a tenossinovite de Quervain. Ela afeta especificamente os tendões que passam pelo punho e vão até a base do polegar. E que são responsáveis por esticar e afastar o dedo, movimentos que fazemos o tempo todo.
A inflamação deixa essa região do punho dolorida e inchada, principalmente quando tentamos agarrar algo, girar o pulso ou fechar a mão.
A condição é frequente em mulheres entre 30 e 50 anos, e muitas vezes está associada a fatores hormonais ou a tarefas repetitivas. É comum, por exemplo, em mães de bebês pequenos, justamente pelo esforço de segurar a criança.
Regiões mais afetadas
As regiões que mais sofrem com o problema são as articulações que usamos com mais frequência e intensidade no dia a dia, como:
- Mãos;
- Punhos;
- Pés;
- Tornozelos.
Causas
A principal causa da tenossinovite é o esforço repetitivo. Ou seja: movimentos contínuos e excessivos que sobrecarregam os tendões e suas bainhas, levando à inflamação.
Por isso, a condição é frequentemente classificada como uma lesão por esforços repetitivos (LER) ou distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT).
Mas outros fatores também podem favorecer o surgimento do problema:
- Traumas ou lesões diretas na região do tendão.
- Doenças sistêmicas que causam inflamação no corpo, como gota, diabetes e, principalmente, a artrite reumatoide.
- Alterações anatômicas ou hormonais, que podem explicar a maior incidência em mulheres.
Processos infecciosos também pode ser uma causa, embora seja mais raro.
Sintomas da tenossinovite
Os primeiros sinais da tenossinovite costumam ser a dor e o inchaço na região afetada. Mas o desconforto pode piorar com o movimento e, em alguns casos, a fraqueza muscular pode dificultar tarefas simples, como digitar ou segurar um copo.
Além disso, fique atento a estes outros sinais:
- Sensibilidade ao toque na área inflamada.
- Vermelhidão e sensação de calor no local.
- Dificuldade para movimentar a articulação.
- Sensação de crepitação ou estalos ao mover o tendão.
É importante não confundir a tenossinovite com outras condições. A dor no punho, por exemplo, pode ser parecida com a da síndrome do túnel do carpo, que envolve a compressão de um nervo e não a inflamação do tendão. Por isso, a avaliação médica é essencial.
Quando procurar por um médico?
É recomendado procurar ajuda médica se os sintomas persistirem. Se você ignorar a dor, a inflamação pode piorar e a limitações de movimento podem ficar mais sérias. Seja uma dor no punho que não melhora ou uma dor no joelho de origem desconhecida, o ideal é não esperar.
O profissional mais indicado para avaliar o quadro é o médico ortopedista, especialista em problemas do sistema locomotor. Mas, em casos associados a doenças autoimunes, um reumatologista também pode contribuir no diagnóstico e tratamento.
Exames que auxiliam no diagnóstico da tenossinovite
Na maioria das vezes, o diagnóstico da tenossinovite é clínico. Na consulta, além da conversa, o médico apalpa a área e pede que o paciente faça alguns movimentos para identificar a origem da dor.
No caso da tenossinovite de Quervain, por exemplo, existe um teste específico: a manobra de Finkelstein. Nele, o paciente fecha a mão, formando um punho, mas com o polegar dobrado para dentro, “escondido” sob os outros dedos.
Em seguida, com a mão nessa posição, o punho é inclinado para baixo, em direção ao dedo mínimo. O teste é considerado positivo se esse movimento causar uma dor aguda e intensa na base do polegar e na lateral do punho.
Em alguns casos, o médico pode solicitar exames de imagem como o ultrassom (para visibilizar a inflamação na bainha sinovial e a condição do tendão) e a ressonância magnética, que mostra, além da inflamação, outras possíveis alterações nos tecidos moles ao redor, como nos músculos e ligamentos.
A ressonância magnética pode ajudar a diferenciar a tenossinovite de outros problemas com sintomas parecidos.
Tratamentos para a tenossinovite
O tratamento inicial quase sempre envolve repouso da articulação afetada e a aplicação de gelo no local por cerca de 10 minutos, algumas vezes ao dia.
Se a dor não melhorar, o médico pode prescrever medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos. Pode também recomendar o uso de talas ou órteses para manter a articulação em repouso, acelerando a recuperação.
A fisioterapia costuma fazer parte do plano, já que ajudar a fortalecer a musculatura, alongar os tendões e recuperar a amplitude dos movimentos, além de prevenir que o problema volte.
Em casos de dor mais intensa e persistente, a infiltração (injeção de medicamentos corticoides) na bainha sinovial pode controlar a inflamação.
Se houver alguma doença sistêmica relacionada à tenossinovite, como diabetes descompensado, importante o tratamento dessa condição para melhora da inflamação da articulação afetada.
A cirurgia seria indicada apenas para os casos graves que não respondem aos outros tratamentos. O procedimento consiste em liberar o tendão, abrindo um espaço maior na bainha para que ele possa deslizar livremente.