Dedo em gatilho: atividades repetitivas podem desencadear o problema
Aprenda a identificar os primeiros sinais dessa condição e como tratar o problema
O dedo em gatilho é uma condição que afeta os tendões das mãos, causando dor e dificuldade de movimento nos dedos. Caracteriza-se por um bloqueio ou estalido ao tentar estender ou flexionar o dedo afetado, como se estivesse “travado” em uma posição dobrada.
Neste artigo, você vai ler:
Dedo em gatilho: o que é?
O dedo em gatilho, ou tenossinovite estenosante, ocorre quando o tendão responsável pelo movimento de um dedo sofre inflamação ou irritação. Essa inflamação provoca o estreitamento da bainha que envolve o tendão, dificultando seu deslizamento suave durante os movimentos. Como resultado, o dedo pode ficar preso em uma posição dobrada e, ao ser estendido, pode ocorrer um estalido semelhante ao acionamento de um gatilho.
Fatores de risco
O principal fator de risco para o desenvolvimento do dedo em gatilho é a realização repetitiva de movimentos que exigem força ou destreza manual, como apertar ferramentas, digitar ou tocar instrumentos musicais. Essas atividades podem sobrecarregar os tendões das mãos, levando à inflamação e ao surgimento da condição.
Além disso, algumas condições médicas aumentam a predisposição para o dedo em gatilho. Pessoas com diabetes mellitus têm maior risco devido às alterações metabólicas que afetam os tecidos tendíneos. Doenças inflamatórias, como artrite reumatoide, também podem contribuir para o desenvolvimento da condição, pois promovem inflamação nas articulações e tendões.
Outros fatores seriam a idade avançada, já que o desgaste natural dos tecidos ocorre com o envelhecimento, e o gênero, sendo mais comum em mulheres. Histórico familiar de doenças tendíneas e a presença de outras tendinopatias também podem aumentar o risco.
Prevenção
A forma mais eficiente de prevenir o dedo em gatilho é evitar ou minimizar atividades repetitivas que sobrecarregam os tendões das mãos. Se a sua profissão não permite que você evite esses movimentos, então faça pausas regulares durante o trabalho para que os tendões descansem e se recuperem.
Além disso, manter uma boa ergonomia no ambiente de trabalho é fundamental. Ajustar a altura de cadeiras e mesas, utilizar ferramentas adequadas e posicionar corretamente os equipamentos podem reduzir a tensão nos tendões. O uso de suportes pode ajudar a manter o alinhamento adequado das mãos e dedos durante atividades específicas.
Exercícios de alongamento e fortalecimento dos músculos e tendões das mãos também são recomendados. Um fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional pode orientar sobre os exercícios mais adequados para cada indivíduo, ajudando a manter a flexibilidade e a força necessárias para prevenir lesões.
Sintomas do dedo em gatilho
O principal sintoma do dedo em gatilho é a sensação de estalido ou bloqueio ao tentar mover o dedo afetado. Inicialmente, pode-se notar uma rigidez ou desconforto, especialmente ao acordar. Com a progressão da condição, o dedo pode ficar preso em uma posição dobrada e, ao ser estendido, ocorre um estalido doloroso.
Outros sintomas que costumam ser relatados por pacientes são:
- Dor na base do dedo ou polegar;
- Sensibilidade ao toque na região afetada;
- Formação de um nódulo palpável na palma da mão.
Em casos mais graves, o dedo pode ficar permanentemente dobrado, limitando as atividades diárias e a funcionalidade da mão.
Qual médico procurar?
Ao apresentar sintomas de dedo em gatilho, é recomendável procurar um ortopedista, médico especializado no sistema musculoesquelético. O ortopedista possui o conhecimento necessário para diagnosticar e tratar condições que afetam ossos, músculos, tendões e ligamentos.
Além disso, o ortopedista pode avaliar a gravidade da condição e indicar o tratamento mais adequado, seja conservador ou cirúrgico. Em alguns casos, o encaminhamento para um fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional pode ser necessário para auxiliar na reabilitação e prevenção de recorrências.
Exames utilizados no diagnóstico
O diagnóstico do dedo em gatilho geralmente começa com uma avaliação clínica detalhada. O médico realiza um exame físico, observando os movimentos dos dedos e identificando sinais de bloqueio, estalido ou dor. A palpação da palma da mão pode revelar a presença de nódulos ou áreas de sensibilidade.
Quando o diagnóstico não é claro ou para excluir outras condições, exames de imagem podem ser solicitados. A ultrassonografia e a ressonância magnética são úteis para visualizar os tecidos moles, incluindo tendões e bainhas, permitindo identificar inflamações ou outras alterações estruturais. Já a ultrassonografia pode ser utilizada para avaliar de forma dinâmica a excursão e/ou o travamento do tendão durante o movimento.
Tratamentos para o dedo em gatilho
O tratamento do dedo em gatilho varia conforme a gravidade dos sintomas. Em casos leves, medidas conservadoras são preferíveis. Entre elas, podemos destacar:
- Repouso, fundamental para reduzir a inflamação;
- Evitar atividades que sobrecarregam o tendão;
- O uso de órteses ou talas para imobilizar o dedo temporariamente;
- Aplicação de compressas frias na área dolorida para reduzir o inchaço e a dor;
- Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para aliviar a inflamação e o desconforto.
Em casos mais persistentes, injeções de corticosteroides na bainha do tendão podem ser consideradas. Este tratamento visa reduzir a inflamação local e facilitar o deslizamento do tendão. Mas, vale mencionar que o uso repetido de corticosteroides deve ser avaliado com cautela devido aos possíveis efeitos colaterais.
Quando os tratamentos conservadores não proporcionam alívio ou em casos graves, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. A cirurgia, conhecida como liberação do dedo em gatilho, envolve a abertura da bainha do tendão para ampliar o espaço e permitir o movimento livre do tendão. Este procedimento geralmente é realizado em regime ambulatorial e apresenta altas taxas de sucesso.
Exercícios para dedo em gatilho
Exercícios específicos são fundamentais na reabilitação do dedo em gatilho. Eles ajudam a manter a mobilidade, fortalecer os músculos e tendões e prevenir a rigidez. Um fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional é o profissional indicado para orientar e supervisionar esses exercícios, garantindo que sejam realizados de forma segura.
Fonte: Dr. Abdalla Skaf – diretor de ortopedia