Lésbicas e bissexuais vão menos ao ginecologista
Medo de sofrer preconceito e de exames invasivos são as principais causas
Realizar uma consulta anualmente com um ginecologista é uma atitude comum e necessária para a saúde feminina. No entanto, de acordo com o Ministério da Saúde, apenas 47% das mulheres lésbicas e bissexuais têm esse costume.
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No entanto, os exames preventivos, como mamografia, papanicolau, ultrassom da pelve e exames de sangue devem ser realizados regularmente para prevenir doenças e detectar problemas de saúde de forma precoce.
Por que isso acontece?
Não existe apenas um motivo para que as mulheres lésbicas frequentem menos os ginecologistas.
É comum, por exemplo, que muitas se sintam inseguras, com receio dos exames mais invasivos ou tenham medo de serem discriminadas pelos profissionais de saúde.
Além disso, existe a ideia equivocada de que a consulta ginecológica não é necessária para quem não teve relação sexual com homens. Por esse motivo, mulheres lésbicas acabam não fazendo o acompanhamento ginecológico.
Acolhimento e adaptação de exames
Vale destacar a importância do acolhimento dos médicos: o profissional de ginecologia precisa ficar de olho nas práticas sexuais adotadas por suas pacientes, independente de sua orientação sexual.
Por isso, é fundamental que a mulher busque um ginecologista com atendimento humanizado e se sinta bem durante a consulta.
Nesse momento, o especialista precisa orientar sobre a importância da regularidade das consultas e os exames recomendados de acordo com a faixa etária.
A consulta ginecológica também é o momento que a mulher tem para discutir sobre inclusão, estilo de vida, aceitação do corpo, gravidez e menopausa.
É possível realizar adaptações nos exames para evitar desconfortos físicos e emocionais. O toque vaginal, por exemplo, pode ser realizado apenas com um dedo, caso a paciente se sinta desconfortável ou com dor durante o exame.
Já durante o papanicolau, podem ser usados espéculos menores, lubrificantes e movimentos delicados para que o exame seja confortável enquanto se analisa a vagina e o colo do útero.
Orientação sobre ISTs
Um grande erro é acreditar que as mulheres lésbicas, bissexuais e homens trans correm menos risco de desenvolver ISTs (infecções sexualmente transmissíveis).
Lembrando que as doenças ocorrem por meio de contágio entre mucosa oral e vaginal. Portanto, as mulheres podem ter sífilis, gonorreia, hepatites e herpes, entre outras condições.
O uso de acessórios compartilhados, como vibradores, também ajudam a disseminar e transmitir agentes infecciosos.
Durante a consulta ginecológica, os especialistas devem orientar sobre a forma de transmissão de doenças e reforçar a importância de práticas de prevenção, como o uso de preservativos.
Fontes: Danielle Imperador, ginecologista do Hospital 9 de Julho e Monica Nascimento, analista de laboratório pleno e líder facilitadora do Grupo Prisma de afinidade LGBTQIA+ da Dasa.
Referências: Ministério da Saúde e Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).