Bicho geográfico: o que é, sintomas e tratamento
Dermatite é causada por larvas de parasitas que vivem no intestino de gatos e cachorros
Larva migrans cutânea, dermatite serpiginosa e dermatite pruriginosa. Todos esses termos são utilizados para descrever uma mesma condição, que muito provavelmente você conhece como bicho geográfico.
Neste artigo, você vai ler:
O que é bicho geográfico?
O bicho geográfico é uma dermatite, ou seja, uma inflamação cutânea. Ela é uma resposta do nosso corpo à penetração de vermes na pele.
Mais especificamente, os causadores da doença são larvas de parasitas das espécies Ancylostoma caninum e Ancylostoma brasiliensi que vivem no intestino de cachorros e gatos.
Esse quadro é mais comum em climas quentes e pode atingir tanto adultos como crianças. Na maioria das vezes, é leve. Existe até a possibilidade de haver melhora espontânea do bicho geográfico – no entanto, ela é incerta, então o recomendado é procurar tratamento médico.
Em casos mais raros, as eventuais complicações incluem episódios graves de alergia, tosse e falta de ar, que resultam da liberação de toxinas pelas larvas.
Transmissão
O contato entre o ser humano e os vermes do bicho geográfico ocorre por meio das fezes de cães e gatos, que contêm ovos dos parasitas. Ao eclodirem, os ovos liberam larvas que podem infectar pessoas. Isso acontece em solos quentes, úmidos e arenosos, nos quais esses animais defecam. É o caso de praias e parques.
Para que alguém adquira a doença, o contato entre o solo contaminado e a pele precisa ser direto. Geralmente, a larva migrans cutânea acomete quem anda descalço ou senta, sem proteção, em locais de risco. Por isso, as regiões do corpo mais afetadas costumam ser pés, mãos e nádegas.
Sintomas do bicho geográfico
Em um primeiro momento, o local pelo qual a larva penetra na pele fica avermelhado e causa coceira (prurido), como uma picada de inseto. A coceira, inclusive, é o principal sintoma do bicho geográfico.
Conforme a dermatite avança e o verme transita pelo tecido subcutâneo, o paciente consegue notar lesões que formam linhas irregulares similares a um mapa – daí o motivo de a larva migrans cutânea ser chamada popularmente de “bicho geográfico”. As lesões tendem a ser elevadas e avermelhadas, podendo estar acompanhadas de bolhas.
Como tratar bicho geográfico
O diagnóstico do bicho geográfico é essencialmente clínico, feito por um dermatologista. Em ocasiões mais raras e pontuais, o especialista pode solicitar uma biópsia cutânea.
Após confirmar o quadro, o médico estabelece um tratamento simples com medicamentos orais e/ou pomadas contra verminoses. Se necessário, medicações tópicas e orais voltadas para aliviar os sintomas também podem ser indicadas.
Além disso, aplicar gelo sobre a lesão (com uma camada protetora entre o gelo e a pele) pode auxiliar no alívio da coceira. Mas essa medida deve ser aderida com atenção: manter o gelo por muito tempo sobre a pele pode causar queimaduras.
Importante dizer que não se recomenda tentar eliminar o parasita em casa. O uso de pinça ou qualquer outro instrumento pode causar infecções secundárias e feridas. E, na verdade, nem é possível identificar a posição exata do verme no organismo.
Outro ponto relevante é a coceira: coçar exageradamente a lesão pode causar um novo dano cutâneo. Havendo uma ruptura na pele, fica mais fácil que outros microrganismos, como fungos e bactérias, entrem no nosso corpo.
Em boa parte das pessoas, isso não necessariamente é um grande problema. Indivíduos com sistema imunológico mais fraco, porém, podem desenvolver uma infecção mais preocupante.
Prevenção
A principal medida para evitar o bicho geográfico é não andar descalço ou sentar sem proteção em áreas de maior risco de contaminação (aquelas pelas quais passam muitos animais, especialmente soltos).
Vale ficar atento a praias – sobretudo nos pontos mais distantes do mar, onde a areia não se renova –, locais próximos de árvores e parques infantis com areia.
Para a prevenção do bicho geográfico, também é interessante que a areia de parques seja constantemente renovada e que as praias sejam mantidas limpas, sem lixo que possa atrair animais.
Fontes: Carla Rocha, médica dermatologista do Hospital das Clínicas da UFPE/Ebserh (Universidade Federal de Pernambuco); Egon Luiz Rodrigues Daxbacher, médico dermatologista coordenador do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).