Polidipsia: saiba quais fatores podem causar sede excessiva
Problema pode estar associado a doenças, processos fisiológicos ou questões psicológicas
A ingestão de líquidos é fundamental para o funcionamento do organismo. A quantidade adequada a cada indivíduo depende de aspectos como peso, atividade física, temperatura ambiente, entre outros. Mas, para se ter uma ideia, o consumo esperado de líquidos para adultos gira em torno de 2.000 mL (para mulheres) e 2.500 mL (para homens) por dia. Se o consumo passa a ser significativamente maior, vale a pena investigar se existe polidipsia.
Neste artigo, você vai ler:
Polidipsia (sede excessiva): o que é?
Polidipsia é uma sensação de sede excessiva que leva os pacientes a consumirem líquido em volumes maiores do que o normal. Esse quadro pode estar atrelado a doenças (principalmente diabetes), processos fisiológicos ou questões psicológicas.
Tipos de polidipsia
Os principais tipos de polidipsia que requerem tratamento são:
- Polidipsia do diabetes mellitus;
- Polidipsia primária (consumo compulsivo de água);
- Polidipsia por deficiência de vasopressina (diabetes insipidus central);
- Polidipsia por resistência à vasopressina (diabetes insipidus nefrogênico).
Abaixo, esses tipos de polidipsia serão detalhados.
O que causa a polidipsia?
Vários fatores podem causar polidipsia. Existem alguns que são fisiológicos – ou seja, uma resposta do organismo à perda de água em situações não patológicas. Isso pode ocorrer, por exemplo, devido à baixa ingestão prévia de líquidos e/ou após a realização de exercícios excessivos, especialmente em ambientes quentes. Nesses cenários, a polidipsia é temporária, visando repor a quantidade de líquidos necessária ao organismo.
Outros fatores associados à polidipsia representam condições físicas ou psicológicas que exigem atenção e investigação. É o caso de polidipsia do diabetes mellitus, polidipsia primária, polidipsia por deficiência de vasopressina e polidipsia por resistência à vasopressina.
Polidipsia do diabetes mellitus
A polidipsia do diabetes mellitus decorre da glicose elevada no sangue. Quando essa doença ainda não foi diagnosticada ou ainda não está bem controlada, é comum haver sede excessiva, pois parte da glicose elevada no sangue é eliminada pelos rins, levando junto a água. Dessa forma, primeiro ocorre a poliúria (produção excessiva de urina pelos rins) e, em seguida, a polidipsia (que visa compensar essa perda aumentada de líquidos).
Polidipsia primária
Na polidipsia primária, geralmente não há uma causa física diagnosticada, mas a pessoa bebe água além do que seria necessário. Isso leva ao excesso de água no organismo e, consequentemente, poliúria.
Nem sempre esse consumo compulsivo de água tem uma causa clara. Às vezes, ocorre por medos (de desidratação, por exemplo) ou devido à crença de que a água melhore a saúde. A polidipsia primária pode ou não estar acompanhada de ansiedade ou outra alteração psicológica. E, em alguns casos, também pode haver uma doença subjacente.
Polidipsia por deficiência de vasopressina
A polidipsia por deficiência de vasopressina, mais conhecida como diabetes insipidus central, ocorre devido à deficiência do hormônio arginina vasopressina (AVP), que é secretado pela glândula hipófise.
Em condições normais, a AVP é liberada em resposta à diminuição da água no organismo e age nos rins, concentrando a urina com a finalidade de preservar água no corpo. No diabetes insipidus, a falta desse hormônio faz com que haja perda excessiva de urina, com poliúria e polidipsia compensatória (ou seja, para compensar as perdas de líquido).
Polidipsia por resistência à vasopressina
Já na polidipsia por resistência à vasopressina, também chamada de diabetes insipidus nefrogênico, o hormônio AVP é produzido normalmente, mas não consegue exercer a sua função de concentrar a urina nos rins, levando assim à perda aumentada de urina e desencadeando a polidipsia compensatória.
Quando procurar por um médico?
A polidipsia costuma chamar atenção quando é acompanhada de poliúria – condição que se dá quando o paciente elimina quantidades excessivas de urina. Em crianças, a poliúria corresponde a urinar mais do que 2 a 2,5 litros por dia e, em adultos, mais do que 3 litros por dia. Sempre que houver essa suspeita, recomenda-se procurar um médico (como um clínico geral ou um endocrinologista).
Exames que auxiliam no diagnóstico das causas para a polidipsia
Em primeiro lugar, o médico reúne informações sobre sintomas e histórico de saúde do paciente, além de conduzir um exame físico. Esse profissional também pode solicitar que o indivíduo meça a quantidade de líquidos que toma e/ou que urina, durante alguns dias, para confirmar se realmente há ingestão ou micção excessivas de acordo com as características da pessoa.
Uma vez confirmada a ingestão de líquidos excessiva, existem exames complementares que podem ser solicitados, conforme as particularidades de cada caso. Entre esses, alguns exames iniciais são a glicose e a hemoglobina glicada para investigar diabetes mellitus, pois essa é uma doença que incide sobre parte significativa da população.
Se for excluído o diabetes mellitus, investiga-se outras causas, que são mais raras. Exames de sangue e de urina (como osmolalidade, sódio e outros eletrólitos) podem auxiliar no diagnóstico. Atualmente, a dosagem de copeptina também tem sido relevante para o diagnóstico diferencial entre as várias formas de polidipsia que não o diabetes mellitus (polidipsia primária, polidipsia por deficiência de vasopressina e polidipsia por resistência à vasopressina).
Formas de tratamento para a polidipsia
A abordagem mais adequada para tratar polidipsia varia conforme a causa básica deste sintoma, devendo ser individualizada e prescrita por um médico. No caso do diabetes mellitus, a poliúria e polidipsia cessam com o bom controle da doença – que tende a ser feito com o auxílio de medicamentos e a adoção de um estilo de vida saudável (com prática regular de atividade física e alimentação equilibrada).
Para as demais causas, podem ser necessários outros tratamentos farmacológicos, como a administração do acetato de desmopressina (um análogo do hormônio AVP que atua como antidiurético). Para alguns pacientes, é preciso suspender medicações que possam ter alterado a resposta do organismo ao AVP.
Vale mencionar ainda que, a depender do caso, pode ser indicado o suporte psicológico e psiquiátrico.
Formas de prevenir
A melhor maneira de evitar a polidipsia é tratar a sua causa básica. Portanto, a prevenção envolve sobretudo o controle de quadros de diabetes, que é feito pela administração de medicamentos e pela implantação de hábitos saudáveis (incluindo prática regular de atividade física e alimentação equilibrada).
Cabe dizer que aderir a um estilo de vida saudável é benéfico não apenas para o tratamento de diabetes, mas também para ajudar a diminuir os riscos de desenvolvimento da doença em pessoas não diabéticas.
Além disso, para evitar fatores fisiológicos que podem levar à polidipsia, deve-se manter um consumo adequado de água. Em geral, a orientação é não permanecer longos períodos sem hidratação. É importante que o consumo de líquidos seja frequente – mas não exagerado –, havendo atenção especial em momentos de exercício físico e em situações de temperaturas elevadas.
Fonte: Dra. Rosita Fontes – médica endocrinologista