Câncer infantojuvenil: quais os tipos mais comuns?
Diagnóstico precoce da doença pode levar à cura em até 80% dos casos; entenda
Em 2021, com apenas um ano de idade, a pequena Lua, filha do apresentador Tiago Leifert com a jornalista Daiana Garbin, foi diagnosticada com um tumor nos olhos (na retina) chamado retinoblastoma.
Neste artigo, você vai ler:
A doença da menina trouxe luz para o câncer infantojuvenil, um tema tão importante que tem até um dia para ser lembrado: 27 de novembro. No mesmo ano em que Lua recebeu seu diagnóstico, mais 17.127 casos de câncer entre indivíduos de 0 a 19 anos foram computados no Brasil, de acordo com o Datasus.
“O câncer infantojuvenil compreende um grupo de doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais, podendo acontecer em qualquer local do organismo”, afirma Alessandra Araujo Gomes, médica da área de onco-hematologia pediátrica do Hospital Nove de Julho, em São Paulo.
De fato, dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer) mostram que em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos pela doença podem ser curados. Para isso, no entanto, um detalhe é fundamental: o diagnóstico precoce, justamente por sua natureza de crescimento mais acelerada.
“É a melhor arma que temos”, afirma José Henrique Silva Barreto, secretário do Departamento Científico de Oncologia da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).
“O câncer infantojuvenil se multiplica muito rápido em questão de dias e, por isso, quanto antes iniciarmos o tratamento, maiores são as chances de cura sem sequelas”, afirma o especialista.
Para ele, hoje o maior desafio é justamente realizar o diagnóstico cedo. “O pediatra precisa considerar em seu atendimento que sintomas suspeitos, como palidez, anemia e hematomas no corpo sem causa aparente podem, sim, ser câncer”, alerta.
Câncer infantojuvenil: quais os tipos mais comuns?
Diferente do câncer que acontece na vida adulta, a doença, quando surge na infância e na adolescência, geralmente afeta as células do sangue e os tecidos de sustentação. Por outro lado, como costumam ser de natureza embrionária, as células dos tumores nessa faixa etária são indiferenciadas, o que costuma aumentar a chance de sucesso durante o tratamento.
Os três tipos de câncer mais prevalentes em crianças e adolescentes são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), tumores no sistema nervoso central e os linfomas (que acometem o sistema linfático).
Outros tipos de câncer que também são comuns nessa faixa etária são:
- Neuroblastoma (geralmente encontrado nas glândulas adrenais);
- Tumor de Wilms (que acomete o rim);
- Retinoblastoma (afeta a retina);
- Tumor de células germinativas (das células que originam ovários e testículos);
- Osteossarcoma (tumor ósseo);
- Sarcomas (tumores que surgem em partes moles).
Quais os sintomas e sinais de câncer em crianças e adolescentes?
Como dissemos, o diagnóstico precoce é um dos desafios no câncer infantojuvenil, já que muitos dos sintomas apresentados no início da doença são parecidos com enfermidades comuns nessa época da vida.
Assim, é sempre importante que os pais estejam atentos para sintomas que persistem mesmo após o tratamento indicado pelo médico,mantendo contato com o pediatra para que ele possa avaliar a necessidade de encaminhamento para um especialista em oncologia o mais breve possível.
Os sintomas mais comuns e que devem ser acompanhados de perto são:
- Palidez, hematoma e/ou sangramentos;
- Dor óssea sem traumas;
- Caroços ou inchaços (principalmente quando não há dor, febre ou sinais de infecção);
- Perda de peso ou febre sem explicação;
- Tosse persistente e falta de ar;
- Sudorese noturna;
- Alteração nos olhos (como estrabismo, manchas brancas, perda visual, hematomas ou inchaço ao redor dos olhos);
- Inchaço abdominal;
- Dores de cabeça persistentes e fortes;
- Vômitos pela manhã e que pioram ao longo do dia;
- Dor e inchaço em membros, sem traumas.
Como é feito o tratamento?
De acordo com Gomes, o tratamento para os cânceres infantojuvenis é feito de acordo com o diagnóstico e pode envolver uma ou mais terapias – a depender do que o médico especialista julgar melhor para aquele tipo de tumor.
“Na leucemia linfoblástica aguda, por exemplo, o tipo de câncer mais comum da infância, o tratamento é realizado exclusivamente com quimioterapia, de acordo com os protocolos já estabelecidos”, afirma a oncologista do Hospital Nove de Julho.
Já a imunoterapia foi o campo que mais apresentou avanços nos últimos anos para tratar tumores tanto em adultos como em crianças e adolescentes. “A tecnologia das CAR-T cells, que utilizam linfócitos T do próprio paciente modificados geneticamente para atacar o tumor, têm apresentado bons resultados para tratar leucemias e linfomas”, complementa Gomes.
* com informações do Ministério da Saúde