Escoliose: quando este desvio é preocupante?
Condição pode afetar pessoas de todas as idades; saiba mais
A escoliose é um desvio da coluna vertebral que atinge em torno de 2% da população do mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). A condição pode ter diversas causas e afetar pessoas de todas as idades. Saiba mais sobre a doença, os diferentes tipos, formas de diagnóstico e tratamento.
Neste artigo, você vai ler:
O que é escoliose?
A escoliose é uma condição em que a coluna vertebral apresenta uma curvatura anormal para um dos lados do tronco, em vez das curvaturas normais que sustentam o corpo. A escoliose pode fazer com que um dos ombros fique mais alto que o outro.
O que causa escoliose?
A causa pode estar relacionada a:
- Histórico familiar: presença de escoliose em membros da família.
- Má formação congênita: problemas de desenvolvimento das vértebras durante a gestação.
- Lesões na coluna: fraturas ou condições como osteoporose.
- Condições neurológicas: doenças como paralisia cerebral e ataxia (dificuldade ou incapacidade de manter a coordenação motora).
- Desequilíbrio muscular: problemas que afetam a força e simetria dos músculos.
- Tumores: presença de tumores na coluna vertebral.
Contudo, algo entre 65% e 80% dos casos de escoliose têm causa desconhecida. Essa é a escoliose idiopática, a mais comum.
Tipos de escoliose
- Escoliose idiopática: forma mais comum de escoliose, não tem causa específica e costuma aparecer após os 10 anos de idade.
- Escoliose congênita: tipo presente desde o nascimento, resulta de problemas nos ossos da coluna que surgem enquanto o bebê está crescendo no útero.
- Escoliose neuromuscular: associada a condições neuromusculares que afetam tanto os nervos quanto os músculos do corpo, impactando a força e o controle muscular. Alguns exemplos mais frequentes são a paralisia cerebral, amiotrofia espinal, distrofia muscular de Duchenne, ataxia, entre outros.
- Escoliose degenerativa: surge devido ao desgaste natural da coluna vertebral com o envelhecimento, afetando os idosos. A causa é a artrose da coluna vertebral, afetando principalmente a coluna lombar.
- Escoliose funcional: causada por desequilíbrios musculares, posturais ou assimetrias nas pernas. A curvatura é temporária e pode ser corrigida com fisioterapia.
Quais são os sintomas de escoliose?
Os sintomas de escoliose variam e nos casos leves às vezes não há nenhum sintoma perceptível, mas alguns dos mais comuns incluem:
- Desigualdade na altura dos ombros, em que um ombro pode parecer mais alto que o outro.
- Inclinação do corpo para um dos lados.
- Escápulas desalinhadas, ou seja, quando os ombros estão fora da posição correta.
- Um lado do quadril mais alto que o outro.
- Uma perna parece mais curta que a outra.
- Dificuldade para se manter ereto.
- Fraqueza ou dor muscular, cuja intensidade pode variar.
- Sensação de fadiga nas costas, especialmente após longos períodos em pé ou sentado.
Nos casos mais graves, a curvatura severa da coluna pode comprometer a capacidade dos pulmões de se expandir adequadamente, resultando em dificuldades respiratórias.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico precoce da escoliose é crucial para um tratamento eficaz, e inclui:
História clínica: o especialista faz perguntas sobre a história do paciente, incluindo histórico familiar de escoliose, desenvolvimento durante a infância e adolescência, e presença de sintomas como dor nas costas ou alterações na postura.
Exame físico: a coluna vertebral do paciente é examinada em várias posições. Pode ser realizado um exame físico conhecido como Teste de Adams, em que o paciente se inclina para frente, movimento que permite ao especialista identificar irregularidades no contorno vertebral e avaliar a presença de escoliose. Por meio dessas análises, o profissional observa assimetrias, inclinações laterais, desalinhamentos ou rotações.
Exames complementares: o ortopedista especializado em coluna pode solicitar exames complementares como raio-x, tomografia e ressonância magnética da coluna vertebral para determinar o tipo e o grau da escoliose no paciente, para planejar o tratamento adequado.
Escoliose tem cura?
Há formas de tratar, mas as chances de melhora dependem da idade e do grau da curvatura.
Como é feito o tratamento?
O foco do tratamento da escoliose é estabilizar a condição e reduzir os sintomas. De qualquer forma, ele deve ser adaptado à curvatura da coluna, à idade do paciente e a outros fatores específicos. A seguir, conheça mais detalhes de alguns deles.
Colete para escoliose
Em casos de escoliose moderada, especialmente durante o período de crescimento acelerado em crianças e adolescentes, coletes ortopédicos podem ser recomendados para controlar a progressão da curvatura. Na escoliose idiopática (sem causa conhecida), o colete tende a ser indicado para curvas entre 20 e 40 graus.
Cirurgia para escoliose
Em casos mais graves de escoliose, ou seja, ao ter inclinação de 40 a 50 graus ou risco de futuros problemas de saúde, a cirurgia é recomendada. Alguns benefícios que o paciente tem com a cirurgia incluem a diminuição da curvatura da coluna, a estabilização da deformidade e a prevenção de problemas cardiorrespiratórios e neurológicos. Além disso, a cirurgia melhora a aparência estética e a qualidade de vida do paciente.
Durante o procedimento, ganchos, hastes e parafusos de aço ou titânio são utilizados para corrigir a deformidade. No entanto, vale destacar que a necessidade e o tipo de cirurgia são sempre avaliados individualmente.
Exercícios para escoliose
O tratamento da escoliose começa com sessões de fisioterapia e atividades físicas supervisionadas, como musculação, alongamentos e até RPG (Reeducação Postural Global).
A fisioterapia, por exemplo, é recomendada para fortalecer os músculos ao redor da coluna vertebral, melhorar a postura e aliviar sintomas como dor nas costas.
Atualmente, o tipo de reabilitação que apresenta melhor evidência para o tratamento da escoliose leve e moderada é chamado de Exercícios Fisioterapêuticos Específicos para Escoliose.
Lordose, cifose e escoliose
A escoliose é um dos possíveis desvios da colina, mas há outros. Saiba quais são e entenda as diferenças entre essas condições:
Lordose: é a curvatura normal da coluna cervical e lombar vistas no perfil. Quando muito exagerada, a hiperlordose é caracterizada por um aumento da curvatura lombar em direção à frente do abdômen, resultando em glúteos mais proeminentes e uma barriga mais saliente.
Cifose: é a curvatura normal da coluna torácica vista no perfil. Quando exagerada, a hipercifose torácica é uma curvatura anormal da coluna vertebral, onde os ombros, pescoço e cabeça são projetados para frente, criando a aparência popularmente conhecida como “corcunda”.
Escoliose: diferentemente das duas primeiras, que são observáveis de perfil, a escoliose é uma curvatura anormal da coluna para um dos lados do tronco, causada pela rotação das vértebras. Pode ser identificada ao olhar uma pessoa de costas.
Fonte: Dr. Pedro Petersen, coordenador do pronto socorro de ortopedia do Hospital Nove de Julho