Sarcoma: tratamento passa por cirurgia
Inchaço, sensibilidade e nódulos dolorosos estão entre os principais sintomas
O sarcoma é uma doença que pode afetar tanto crianças quanto adultos. Apesar de sua raridade, representando cerca de 1% dos casos de câncer em adultos, sua gravidade e complexidade demandam atenção especial.
Continue a leitura e saiba mais sobre a doença, suas possíveis causas, métodos de diagnóstico e opções de tratamento disponíveis.
Neste artigo, você vai ler:
O que é sarcoma?
Sarcoma é um tipo raro de tumor maligno que pode afetar diversas partes do corpo, incluindo a pele, ossos, órgãos internos e tecidos moles, como músculos, tendões, ligamentos, gordura, vasos sanguíneos e nervos periféricos, bem como os ossos.
O que causa um sarcoma?
As causas dos sarcomas não são totalmente compreendidas, mas eles se desenvolvem devido a mutações ou alterações genéticas nas células, que se tornam malignas e se multiplicam descontroladamente.
Alguns fatores que podem aumentar o risco de sarcoma incluem:
- Doenças genéticas hereditárias como a síndrome de Li-Fraumeni, polipose adenomatosa familiar ou neurofibromatose tipo 1;
- Infecção pelo herpesvírus tipo 8;
- Infecção pelo HIV / AIDS;
- Linfedema crônico;
- Tratamentos anteriores com quimioterapia ou radioterapia;
- Exposição a substâncias tóxicas, como cloreto de polivinila (PVC) ou arsênico.
Além disso, alguns sarcomas, como o rabdomiossarcoma, podem surgirdurante a gravidez, fazendo com que a criança nasça com células malignas, exigindo tratamento imediato pelo oncopediatra após o nascimento.
Tipos de sarcoma
A seguir, saiba mais sobre os principais tipos de sarcoma.
Sarcoma ósseo (Osteossarcoma)
Osteossarcoma é um tipo raro e agressivo de câncer que se origina nos ossos. Ele geralmente afeta crianças e adolescentes em fase de crescimento, mas também pode ocorrer em adultos. Esse tumor maligno desenvolve-se nas células que formam o osso e é mais comum nos ossos longos das pernas e braços.
Os sintomas típicos incluem dor localizada, inchaço e, em alguns casos, fraturas ósseas. O tratamento geralmente envolve uma combinação de cirurgia para remover o tumor, quimioterapia para combater as células cancerígenas e, em alguns casos, radioterapia. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são cruciais para melhorar as chances de recuperação.
Sarcoma de Ewing
O sarcoma de Ewing é o segundo tipo de tumor ósseo mais comum entre crianças e adolescentes. É conhecido por sua agressividade e pode também se desenvolver em tecidos moles como músculos e cartilagens.
Graças aos avanços nos tratamentos, as perspectivas para os pacientes melhoraram significativamente. Hoje, a taxa de sobrevivência para aqueles com a doença localizada varia entre 70% e 80%.
Os primeiros sintomas do sarcoma de Ewing incluem o surgimento de uma massa ou inchaço na região afetada, dor óssea que pode piorar à noite, febre sem motivo aparente, perda de peso e cansaço.
Sarcoma de partes moles
Os sarcomas de partes moles são tumores raros que surgem nos tecidos moles do corpo, como músculos e gordura. Nesse sentido, manifestam-se como nódulos, que podem causar dor se pressionarem órgãos ou nervos.
Nos membros, por exemplo, podem causar nódulos que crescem lentamente e, muitas vezes, sem dor. Já no retroperitônio (parede posterior do abdome), podem causar dor e bloquear o estômago ou intestinos, além de provocar sangramentos. Sendo assim, os sintomas variam conforme a localização e nem sempre aparecem nos estágios iniciais, resultando em diagnósticos tardios.
Existem mais de 50 tipos de sarcomas de partes moles, afetando tanto crianças quanto adultos, podendo surgir em qualquer parte do corpo, mas 60% dos casos ocorrem nos braços e pernas.
Sarcoma sinovial
O sarcoma sinovial é um tipo de câncer que se desenvolve em vários tecidos moles. Geralmente aparece nos braços, pernas ou pés, especialmente perto das articulações, como pulsos ou tornozelos, mas também pode surgir nos tecidos moles dos pulmões e do abdômen.
Cerca de um terço dos pacientes com sarcoma sinovial será diagnosticado antes dos 30 anos, e ele é um pouco mais comum em homens.
Os sintomas variam conforme a localização do tumor, que inicialmente costuma ser percebido como um nódulo indolor. Se o tumor estiver próximo a um nervo, pode causar dor ou dormência à medida que cresce.
Sarcoma de Kaposi
O sarcoma de Kaposi é um tipo raro de câncer de pele associado à deficiência do sistema imunológico. Ele é mais comum em pessoas com imunidade comprometida, como aquelas em tratamento com imunossupressores, mas pode ocorrer em qualquer pessoa, independentemente de sua saúde geral.
Essa condição se manifesta por meio de nódulos ou manchas roxas ou vermelhas e inchaços em diferentes áreas da pele.
Quais são os sintomas dos sarcomas?
Os sintomas dos sarcomas podem variar bastante, pois este tipo de câncer pode aparecer em qualquer parte do corpo. Geralmente, incluem:
- Surgimento de uma massa, que pode ou não provocar dor;
- Inchaço na região afetada;
- Alteração da sensibilidade na área;
- Desconforto local com um nódulo em crescimento.
Há ainda sintomas que são mais raros, mas que podem surgir, como febre, perda de peso e falta de apetite.
Como é feito o diagnóstico?
Após uma consulta médica e na presença de sintomas e suspeita clínica, será feita uma biópsia, geralmente por aspiração utilizando uma agulha ou com uma cirurgia. De qualquer forma, a escolha da técnica adequada para coletar o material será baseada em exames de imagem, como ressonância magnética e tomografia computadorizada, solicitados pelo médico.
Se a suspeita for confirmada, os resultados dos exames de imagem são utilizados para determinar o estágio da doença (processo conhecido como estadiamento) e para planejar o tratamento.
Os médicos avaliam várias características para definir a melhor abordagem, como:
- Tamanho e localização do tumor primário: especialmente em relação à fáscia muscular, que é o tecido fibroso que envolve os músculos.
- Grau de malignidade histológica: que indica a agressividade e o ritmo de crescimento do tumor. Tumores de baixo grau são menos agressivos e têm menor risco de metástase, enquanto os de alto grau são mais agressivos e têm maior risco de disseminação.
- Presença de metástases linfonodais: ou seja, quando a doença já afetou os linfonodos, parte do sistema linfático responsável pela produção de anticorpos. Contudo, essa forma de metástase é rara.
- Metástases à distância: que ocorre quando o tumor já se espalhou para outros órgãos, sendo o pulmão o órgão mais frequentemente afetado pelos sarcomas nesta fase.
Exames genéticos para sarcoma
Os testes genéticos (moleculares) são ferramentas importantes no diagnóstico e tratamento dos sarcomas. Esses testes analisam o DNA ou o RNA das células tumorais para identificar alterações genéticas específicas. Essas alterações podem auxiliar os médicos a confirmar o tipo exato de sarcoma, bem como escolher tratamentos mais direcionados e eficazes, adaptados às características genéticas do tumor.
Existem vários tipos de testes moleculares que podem ser utilizados nos sarcomas, como, por exemplo, a hibridização in situ, a reação em cadeia da polimerase em tempo real (rtPCR), até testes mais avançados, como os painéis de sequenciamento genético e a análise do perfil de metilação do DNA. Este último método, amplamente utilizado para o diagnóstico de tumores cerebrais, também pode ser empregado para aumentar a acurácia diagnóstica de sarcomas ósseos e de partes moles.
Sarcoma tem cura?
Sim, alguns tipos de sarcomas podem ser curados. No entanto, as chances de cura variam conforme o tipo específico e o estágio em que o tumor é diagnosticado. Quanto antes for detectado, mais chances de sucesso no tratamento, por isso a importância do diagnóstico precoce, preciso e amparado pelas características genéticas do tumor.
H2> Como é feito o tratamento para sarcomas?
O tratamento para sarcomas deve ser orientado por um oncologista e varia conforme o tipo e o estágio do tumor. As principais opções de tratamento incluem:
- Cirurgia: geralmente, é o primeiro passo no tratamento, visando remover completamente o sarcoma e uma parte do tecido saudável ao redor.
- Radioterapia: frequentemente aplicada após a cirurgia para eliminar quaisquer células tumorais remanescentes e prevenir a recidiva do tumor.
- Quimioterapia: indicada principalmente quando o tumor se espalhou para outras partes do corpo, formando metástases, para destruir as células cancerígenas.
- Terapia alvo: utiliza medicamentos específicos que ajudam o sistema imunológico a identificar e atacar as células do sarcoma, causando mínimos efeitos nas células normais do corpo.
Contudo, em casos em que o sarcoma é extenso, a quimioterapia pode ser administrada antes da cirurgia ou radioterapia para reduzir o tamanho do tumor, ou em conjunto com a radioterapia para potencializar seus efeitos.
Fonte: Dr. Felipe D’Almeida Costa, Coordenador Médico de Educação da Patologia Dasa