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Ateromatose aórtica: a condição é séria e requer cuidados

Hipertensão arterial, obesidade e colesterol alto estão entre os fatores de risco

Fonte: Dr. Fabrício Assami BorgesMédico cardiologista do Hospital Santa PaulaPublicado em 14/08/2024, às 16:01 - Atualizado em 15/08/2024, às 11:15

ateromatose aortica

A ateromatose é uma condição frequente, que aumenta de incidência com a idade. Caracterizada pelo acúmulo de placas nas paredes da aorta, a principal artéria do corpo, a ateromatose aórtica pode levar a graves complicações se não for adequadamente diagnosticada, monitorada e tratada.  

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O que é ateromatose aórtica? 

A ateromatose aórtica é uma doença crônica e progressiva dos vasos sanguíneos (artérias) em que há acúmulo de gordura e formação de placas. Trata-se de forma de aterosclerose que ocorre especificamente na aorta, a maior artéria do corpo.

Nesta doença, placas de gordura se acumulam nas paredes da aorta com um processo inflamatório local, levando a um acúmulo de cálcio com o passar do tempo. Esse acúmulo é progressivo e pode causar o endurecimento e estreitamento da artéria, afetando o fluxo sanguíneo e aumentando o risco de eventos cardiovasculares. Pode acometer concomitantemente as artérias que irrigam o coração e o cérebro podendo levar a um infarto e a um acidente vascular cerebral (AVC), respectivamente.   

Graus 

A ateromatose aórtica é geralmente classificada em diferentes graus, dependendo da quantidade e extensão das placas presentes na aorta. Os graus podem variar de leve a grave, com base no impacto das placas sobre o fluxo sanguíneo e na presença de sintomas. 

  • Leve: Pequenas áreas de acúmulo de placas, geralmente assintomáticas. 
  • Moderada: A presença de placas mais extensas, com possível impacto no fluxo sanguíneo e risco aumentado de complicações. 
  • Grave: Placas extensas e densas que podem causar obstrução significativa do fluxo sanguíneo, levando a sintomas graves e risco elevado de eventos cardiovasculares.  

O que Ateromatose pode causar?

Dependendo do grau e do local de comprometimento, a ateromatose pode levar a complicações, como: 

  • Doença Arterial Coronariana (DAC): a ateromatose na aorta pode estar associada à formação de placas nas artérias coronárias que fornecem sangue ao coração. Isso pode levar à angina (dor no peito) e aumentar o risco de infarto do miocárdio (ataque cardíaco).
     
  • Acidente Vascular Cerebral (AVC): as placas na aorta podem liberar fragmentos ou coágulos que viajam pela corrente sanguínea até o cérebro, bloqueando artérias e causando um AVC isquêmico ou, assim como ocorre no coração, a ateromatose pode acometer vasos que irrigam o cérebro também aumentando risco de AVC isquêmico.  
  • Aneurisma da aorta: a ateromatose pode enfraquecer as paredes da aorta, levando à formação de aneurismas (dilatações). Se um aneurisma se romper, pode causar uma hemorragia interna grave e potencialmente fatal sem não for tratada cirurgicamente em caráter de emergência.
     
  • Insuficiência Cardíaca: O acometimento das artérias do coração e consequentemente a ocorrência do infarto é a principal causa de enfraquecimento do musculo do coração levando a insuficiência cardíaca.
     
  • Doença Arterial Periférica (DAP): se a ateromatose também afetar as artérias periféricas (como as artérias ilíacas e femorais), pode resultar em dor nas pernas ao caminhar (claudicação intermitente), redução da circulação sanguínea nas extremidades e, em casos graves, isquemia crítica dos membros, que pode levar à necessidade de amputação.
     
  • Dissecção Aórtica: a ateromatose aumenta a fragilidade da parede da aorta e pode aumentar o risco de dissecção, uma condição em que a camada interna da aorta se rasga, permitindo que o sangue flua entre as camadas da parede arterial. Isso pode causar dor intensa e é uma emergência médica que requer tratamento imediato.
     
  • Embolia Sistêmica: fragmentos de placas ou coágulos sanguíneos podem se desprender da aorta e viajar para outras partes do corpo, causando obstrução de vasos sanguíneos em órgãos vitais, como os rins, intestinos e membros.
     
  • Isquemia mesentérica: a ateromatose aórtica pode afetar as artérias que fornecem sangue aos intestinos, levando à isquemia mesentérica, que é a redução do fluxo sanguíneo para o intestino. Isso pode causar dor abdominal grave e, em casos graves, levar à morte do tecido intestinal.  

Ateromatose aorto-ilíaca 

A ateromatose aorto-ilíaca é definida como a que afeta tanto a aorta quanto as artérias ilíacas, que são ramificações importantes da aorta que fornecem sangue para as extremidades inferiores.

Essa condição pode causar sintomas como claudicação intermitente (dor nas pernas ao caminhar) e aumentar o risco de isquemia crítica dos membros, uma condição grave que requer intervenção médica imediata.  

Ateromatose em idosos 

A ateromatose é mais comum em idosos devido ao processo natural de envelhecimento e ao acúmulo progressivo de placas ao longo dos anos. A idade avançada é um fator de risco significativo, e a condição pode ser exacerbada por outros fatores de risco cardiovasculares, como hipertensão, diabetes, tabagismo e dislipidemia.

Em idosos, a ateromatose aórtica pode levar a complicações graves e impactar significativamente a qualidade de vida.  

O que causa ateromatose aórtica? 

A ateromatose aórtica é causada pelo acúmulo gradual de placas de ateroma nas paredes da aorta. Diversos fatores contribuem para esse processo, incluindo: 

  • Idade: o risco aumenta com a idade; 
  • Níveis elevados de colesterol LDL (o chamado “ruim”): o colesterol LDL pode se depositar nas paredes arteriais, formando placas; importante que a meta de controle de colesterol é individualizada e deve ser menor em pacientes com ateromatose. 
  • Hipertensão: a pressão alta pode danificar as paredes arteriais, facilitando o acúmulo de placas; 
  • Tabagismo: fumar contribui para a formação de placas e danos arteriais; 
  • Diabetes: o controle inadequado do diabetes pode aumentar o risco de aterosclerose; 
  • Sedentarismo: a falta de atividade física aumenta o risco de doenças cardiovasculares; 
  • Obesidade: o excesso de peso está associado a diversos problemas de saúde, incluindo a aterosclerose; 
  • Histórico familiar: a predisposição genética pode aumentar a probabilidade de desenvolver ateromatose aórtica.  

Quais são os sintomas de ateromatose aórtica? 

Na extensa maioria dos casos, a ateromatose aórtica é assintomática nos estágios iniciais. À medida que a condição progride, os sintomas podem surgir e eles dependem das artérias que são acometidas. Alguns deles são: 

  • Dor no peito (angina), causada pela redução do fluxo sanguíneo para o coração. 
  • Falta de ar, devido ao fluxo sanguíneo inadequado. 
  • Dor nas pernas (claudicação intermitente), especialmente se a ateromatose afeta as artérias ilíacas. 
  • Tontura ou desmaios, se a circulação sanguínea para o cérebro estiver comprometida.

Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico da ateromatose aórtica pode ser feito através de vários exames de imagem e testes, desde exames extremamente simples como uma radiografia de tórax até exames invasivos incluindo: 

  • Ultrassonografia / ecocardiograma: exame não invasivo que usa ondas sonoras para visualizar as placas na aorta. 
  • Tomografia Computadorizada (Angiotomografia): fornece imagens detalhadas da aorta e das placas e suas complicações através do uso de contraste iodado. 
  • Ressonância Magnética (Angioressonância): utilizada para avaliar a extensão e a localização das placas e eventuais complicações como aneurismas. 
  • Angiografia: exame invasivo que envolve a injeção de um corante contrastante para visualizar as artérias.   

Qual é o tratamento para ateromatose aórtica? 

O tratamento da ateromatose aórtica envolve uma combinação de mudanças no estilo de vida, medicação e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas. As abordagens incluem: 

  • Mudanças no estilo de vida: adotar uma dieta saudável, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis, além de praticar exercícios regularmente, controle adequado do peso, não fumar e não abusar de bebidas alcoólicas. 
  • Medicação: existem diversas medicações para controle de colesterol sendo as estatinas as mais utilizadas. Já os anti-hipertensivos são usados para controlar a pressão arterial e os hipoglicemiantes, para controle do diabetes. Nos pacientes que já tiveram algum evento como infarto ou AVC, são usados medicamentos para “afinar o sangue” que atuam nas plaquetas: são os antiplaquetários, como a aspirina. 
  • Intervenções cirúrgicas: em casos graves, procedimentos como angioplastia, colocação de stents ou cirurgia de revascularização podem ser necessários para restaurar o fluxo sanguíneo.  

Qual médico procurar? 

Para o diagnóstico e tratamento da ateromatose aórtica, é importante consultar um cardiologista, que é o especialista da saúde do coração. Ele pode realizar os exames necessários, fornecer um diagnóstico preciso e recomendar o tratamento mais adequado individualmente.

Além disso, um angiologista ou cirurgião vascular pode ser envolvido no tratamento, especialmente no caso da necessidade de intervenções cirúrgicas ou não.  

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