Ceratocone: o que é, causas, sintomas e tratamento
Ceratocone é uma alteração degenerativa da camada mais externa do globo ocular, a córnea, que se torna fina e deformada no formato de um cone.
Neste artigo, você vai ler:
Fonte: Luiza Manhezi, oftalmologista especialista em Córnea e Cirurgia Refrativa do hospital Nove de Julho (SP)
Ceratocone é uma doença ocular que surge principalmente adolescentes e jovens entre 13 e 18 anos. Nessa condição, a córnea (a parte frontal do olho) adquire uma forma anormal, tornando-se mais fina e curvada em formato de cone.
Isso faz com que a superfície da córnea não seja plana e arredondada como o normal. Em vez disso, ela se projeta para fora, o que pode causar problemas na visão.
Nesse sentido, o ceratocone pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, causando baixa visão. Isso pode afetar a autonomia, a mobilidade e a capacidade de realizar atividades diárias.
Continue a leitura e fique por dentro das causas prováveis, sintomas e as opções de tratamento para o quadro.
O que é ceratocone?
Ceratocone é uma alteração degenerativa da camada mais externa do globo ocular, a córnea, que se torna fina e deformada.
Como consequência dessa alteração, a entrada da luz no olho é distorcida, colaborando para o surgimento de altos graus de astigmatismo, condição que deixa a visão embaçada ou distorcida.
O que causa ceratocone?
A causa exata do ceratocone não é estabelecida, mas o que se sabe é que a doença está relacionada a fatores como:
Hereditariedade: observa-se uma maior incidência de ceratocone em famílias onde vários membros têm a condição. Sendo assim, a influência genética pode ser uma das causas, embora ainda não se saiba exatamente quais genes estão envolvidos no ceratocone.
Alergia ocular: o hábito de coçar os olhos tende a enfraquecer a córnea e aumentar o risco de deformação da sua estrutura. Além disso, fazer pressão sobre os olhos durante o sono, com a mão ou o travesseiro pressionado contra os olhos, também pode agravar a doença.
Quais são os sintomas de ceratocone?
Alguns dos sintomas que podem ser identificados são:
- Visão borrada ou distorcida;
- Visualização de halos (círculo de luz que se forma ao redor das luzes);
- Sensibilidade à luz.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico pode ser realizado em um exame oftalmológico de rotina, onde um oftalmologista observa a córnea em um microscópio especial que pode detectar alterações estruturais.
A confirmação é feita com exames de imagem que mapeiam o formato da córnea, como a topografia da córnea, um procedimento não invasivo que gera um mapa detalhado da superfície corneana.
Ceratocone tem cura?
Ceratocone não tem cura, mas o tratamento pode impedir a progressão da doença e possibilitar ao indivíduo uma melhor qualidade de visão.
Tratamento
É importante ressaltar que o tratamento visa controlar a progressão da doença. Desse modo, envolve administrar fatores como alergia e questões ambientais e, em alguns casos, pode incluir o uso de radiação.
Medicações: geralmente com o uso de colírios ou pomadas para aliviar os sintomas e melhorar a saúde ocular.
Medidas ambientais: com o intuito de prevenir crises de alergia e coceira, recomenda-se evitar contato com fatores desencadeantes das crises de alergia, como poeira, ácaros, pelos de animais, mofo, pólen. Além disso, manter a casa e o ambiente de trabalho sempre limpos e com boa ventilação. O cuidado com perfumes e maquiagens também deve ser tomado. Uma boa medida é dar preferência para produtos hipoalergênicos.
Tratamento de radiação: quando o oftalmologista detecta que a córnea continua a mudar sua espessura e formato, existe o crosslinking, um tratamento com radiação ultravioleta, visando enrijecer a córnea e impedir a progressão do ceratocone.
Também é válido ressaltar que em alguns casos iniciais, onde a córnea não está tão danificada, é possível ter uma melhora na visão com o uso de óculos.
Já nos moderados, geralmente são indicadas lentes de contato rígidas personalizadas para o formato específico da córnea irregular. Por outro lado, também pode-se realizar uma cirurgia para um implante de um anel biocompatível no interior da córnea para regularizar o seu formato, melhorando a visão.
Já nos casos mais avançados, em que essa estrutura já está extremamente fina ou com cicatrizes, pode ser necessário o transplante de córnea.
Hoje existem técnicas modernas de transplante que possibilitam a troca de apenas parte da córnea, sem retirada completa do órgão, diminuindo consideravelmente a chance de rejeição na região transplantada.
Contudo, lembre-se que cada caso deve ser avaliado de maneira individual. Somente o oftalmologista poderá indicar o melhor tratamento de acordo com o estágio da doença.