Hematoma subdural: em geral, a condição é provocada por uma lesão na cabeça
Os sintomas podem surgir logo após o trauma ou de forma mais lenta, dias ou até semanas depois
O hematoma subdural é caracterizado pelo acúmulo de sangue entre o cérebro e uma de suas camadas protetoras. Trata-se de uma emergência médica que exige atendimento imediato para evitar complicações mais sérias e até fatais. Estima-se que cerca de 71% dos casos tenham origem traumática, sendo causados principalmente por pancadas na cabeça, acidentes ou quedas. Continue a leitura e saiba mais.
Neste artigo, você vai ler:
Hematoma subdural: o que é?
O hematoma subdural é uma condição grave em que ocorre o acúmulo de sangue no espaço entre a segunda camada das meninges, a camada aracnoide, e a dura-máter, a membrana mais externa que reveste o cérebro. Isso geralmente acontece após a ruptura de vasos sanguíneos, muitas vezes causada por um trauma na cabeça.
Diferença entre o hematoma subdural e hematoma epidural
Tanto o hematoma epidural quanto o subdural envolvem sangramentos dentro do crânio, mas eles ocorrem em locais diferentes e apresentam características distintas, conforme explicamos a seguir.
O Hematoma epidural é o acúmulo de sangue entre o crânio e a dura-máter, geralmente causado por sangramento arterial, frequentemente após fraturas na região temporal que rompem a artéria meníngea média.
Apesar de ser menos comum, esse tipo de hematoma pode evoluir rapidamente e causar sintomas como dor de cabeça intensa, confusão mental, convulsões e até perda da consciência. Um sinal clássico é o intervalo lúcido, em que o paciente perde a consciência, melhora temporariamente e depois piora de forma súbita.
Já o hematoma subdural é mais comum e ocorre no espaço abaixo da dura-máter, geralmente após traumas como quedas ou acidentes. É mais frequente em idosos, etilistas (transtorno de dependência pelo uso de álcool) e pessoas que usam anticoagulantes.
Nesse caso, o sangramento é geralmente venoso e pode se acumular lentamente, provocando sintomas como dor de cabeça, alterações cognitivas, convulsões e sinais de aumento da pressão intracraniana. Vale ressaltar que ambos exigem atendimento médico imediato.
Possíveis causas
O hematoma subdural é geralmente provocado por algum tipo de lesão na cabeça, como quedas, acidentes de trânsito, agressões físicas ou traumas durante a prática de esportes.
Mas há fatores de risco que aumentam a chance de desenvolver esse tipo de sangramento cerebral, mesmo após traumas leves, como:
Idade avançada: em idosos, o cérebro tende a encolher com o tempo, aumentando o espaço entre ele e o crânio. Isso faz com que vasos sanguíneos fiquem mais tensionados e vulneráveis a romperem, mesmo em impactos leves.
Uso de anticoagulantes ou antiplaquetários: medicamentos que afinam o sangue dificultam a coagulação, facilitando sangramentos internos após um trauma.
Consumo excessivo de álcool: uma vez que o álcool pode afetar a saúde dos vasos sanguíneos e causar atrofia cerebral, o que aumenta o risco de hematomas.
Doenças como epilepsia, hemofilia e aneurismas cerebrais: essas condições fragilizam os vasos ou alteram a coagulação, tornando o cérebro mais suscetível a sangramentos.
Vale mencionar que, em bebês e crianças pequenas, ele pode ser sinal de maus-tratos. A síndrome do bebê sacudido, por exemplo, é uma situação grave em que o ato de sacudir o bebê com força pode romper vasos cerebrais.
Sintomas de um hematoma subdural
Os sintomas do hematoma subdural variam de uma pessoa para outra e dependem da gravidade e da velocidade com que o sangramento se acumula no cérebro. Eles podem surgir logo após o trauma (forma aguda) ou de forma mais lenta, dias ou até semanas depois (forma crônica).
Sintomas mais comuns:
- Dor de cabeça intensa e persistente (geralmente latejante)
- Confusão mental
- Fala arrastada ou dificuldade para se comunicar
- Sonolência incomum
- Tonturas
- Convulsões
Outros sintomas:
- Alterações na visão
- Fraqueza ou paralisia em um lado do corpo (hemiparesia)
- Fadiga excessiva
- Vômitos ou enjoos persistentes
- Irritabilidade ou mudanças bruscas de comportamento
- Perda temporária da consciência
- Alterações de personalidade, como agressividade
Em bebês:
Nos bebês, os sinais podem ser mais sutis e muitas vezes confundidos com outras condições. Por isso, é importante ficar atento a sinais como:
- Aumento do volume da moleira (fontanela)
- Choro inconsolável ou irritabilidade excessiva
- Aumento anormal do tamanho da cabeça
- Convulsões
- Vômitos persistentes
- Sonolência fora do comum ou apatia
Como alguns sintomas podem demorar a aparecer, é fundamental procurar atendimento médico após qualquer lesão na cabeça, especialmente em idosos, bebês ou pessoas que fazem uso de anticoagulantes.
Qual médico procurar?
O médico mais indicado para procurar nos casos de hematoma subdural é o neurologista, mas o clínico geral também pode fazer o diagnóstico. É importante ressaltar que o hematoma subdural pode ser fatal e, por isso, é preciso buscar ajuda médica imediatamente.
Exames que auxiliam no diagnóstico do hematoma subdural
O diagnóstico do hematoma subdural é feito principalmente por meio de avaliação clínica complementada por exames de imagem, como TC (tomografia computadorizada). Esses exames permitem visualizar o acúmulo anormal de sangue intracraniano, identificar sua localização exata e avaliar o grau de compressão do encéfalo.
Além dos exames de imagem, o médico pode solicitar exames de sangue para analisar a capacidade de coagulação, o que é importante especialmente em pacientes que usam anticoagulantes ou possuem distúrbios hemorrágicos.
Tratamentos
O tratamento do hematoma subdural depende do tamanho do sangramento, da gravidade dos sintomas e das condições de saúde do paciente.
Em casos mais leves, onde o hematoma é pequeno e não há sintomas significativos, pode não ser necessário um tratamento imediato, pois o corpo pode reabsorver o sangue acumulado ao longo do tempo. No entanto, nesses casos, também é essencial manter um acompanhamento médico regular para monitorar a evolução.
Nos quadros mais graves, em que há pressão no cérebro ou risco de complicações, é indicado tratamento cirúrgico, que pode ser:
- Drenagem por perfuração do crânio: são feitos pequenos furos no crânio e a drenagem do sangue acumulado na região onde está o hematoma para aliviar a pressão rapidamente.
- Craniotomia: o médico remove temporariamente uma parte do osso do crânio para acessar o hematoma e retirar o sangue acumulado. Após a remoção do coágulo, o osso é recolocado no lugar e fixado. É um tipo de cirurgia indicada quando o sangramento é mais extenso ou quando há coágulos que não podem ser drenados por métodos menos invasivos.
- Craniectomia descompressiva: para casos mais complexos. É semelhante à craniotomia, mas com uma diferença importante: a parte do crânio retirada não é colocada imediatamente. Isso é feito para aliviar a pressão dentro do cérebro, permitindo que ele “inche” sem ser comprimido. É uma medida mais agressiva, geralmente utilizada em situações críticas, quando há risco de dano cerebral grave por aumento da pressão intracraniana.
Além da cirurgia, podem ser utilizados anticonvulsivantes, para prevenir crises e também diuréticos ou corticoides, para controlar o inchaço cerebral.
A recuperação varia bastante, podendo levar de semanas a anos, conforme a gravidade da lesão, a resposta ao tratamento e a idade do paciente.
Fontes: Dr. Diogo Haddad, neurologista da Dasa.
Com colaboração de: Dr. Antônio Rocha, neurorradiologista da Dasa.