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    Cranioestenose: entenda o que é o fechamento precoce das suturas do crânio em bebês

    Na condição, o crânio não cresce normalmente e a cabeça do bebê pode ficar com um formato incomum

    Fonte: Dr. Cássio JovemNeurorradiologistaPublicado em 12/08/2025, às 11:44 - Atualizado em 10/09/2025, às 15:36

    cranioestenose

    Na condição, o crânio não cresce normalmente e a cabeça do bebê pode ficar com um formato incomum 

    Alguns bebês nascem com um formato de cabeça um pouco diferente (assimétrico) ou o adquirem durante os primeiros dias ou meses de vida. Muitas vezes, a causa é a posição em que o bebê fica deitado por muito tempo. Em outros casos, a alteração pode ser um sinal de cranioestenose. 

    Essa condição, que é o fechamento precoce das suturas do crânio, pode ser assustadora para os pais – especialmente os de primeira viagem -, mas tem tratamento e um bom prognóstico, principalmente se identificada nos primeiros meses de vida. 

    Estudos estimam que a cranioestenose aconteça em cerca de 1 a cada 2.500 nascimentos nos Estados Unidos, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).  

    Continue a leitura e saiba mais sobre essa condição, como ela se manifesta e como garantir o desenvolvimento saudável da criança.

    Cranioestenose: o que é? 

    A cranioestenose é uma condição em que uma ou mais suturas do crânio de um bebê se fecham antes do tempo. Essas suturas são espaçamentos que separam os ossos da cabeça, e que se ossificam ao avançar da idade. Com o fechamento precoce, o crânio não cresce normalmente e a cabeça do bebê pode ficar com um formato incomum, assimétrico. 

    Vamos entender melhor. O crânio precisa se expandir para dar espaço ao cérebro, que cresce rapidamente nos primeiros 2 anos de vida ano. Quando esse crescimento é restringido em uma direção, o crânio compensa crescendo em outra. E isso causa as diferentes formas de cabeça associadas à condição. 

    O que são as suturas cranianas? 

    As suturas cranianas são faixas de um tecido fibroso e flexível que conectam as diferentes placas ósseas que formam o crânio. No crânio de um recém-nascido, elas são abertas e móveis. E essa flexibilidade tem duas funções: facilitar a passagem da cabeça pelo canal do parto e, o mais importante, dar espaço para o cérebro crescer rapidamente durante os primeiros anos de vida. 

    Existem várias suturas no crânio de um bebê, como a sagital, a coronal, a lambdoide e a metópica. O esperado é que elas se fechem e endureçam de forma gradual, um processo que só termina na vida adulta. Na cranioestenose, essa fusão acontece muito antes do tempo, restringindo o crescimento do cérebro e modificando consequentemente o formato da cabeça. 

    Tipos de cranioestenose 

    A cranioestenose é classificada de acordo com a sutura que se fecha precocemente. Os mais comuns são a escafocefalia, a trigonocefalia, as plagiocefalias e braquicefalias coronais. 

    Plagiocefalia 

    A plagiocefalia anterior acontece quando uma das suturas coronais, que vão de cada orelha até o topo da cabeça, se fecha. Isso causa um achatamento na testa e na sobrancelha do lado afetado. O olho desse lado do rosto pode parecer mais alto e a orelha pode ser empurrada para a frente. 

    Vale aqui diferenciar a plagiocefalia relacionada a cranioestenose  unilateral da sutura coronal, da plagiocefalia posicional. A segunda é muito mais comum e não envolve a fusão de suturas. Ela é causada pela pressão constante em uma parte da cabeça, como quando o bebê dorme sempre na mesma posição. 

    Braquicefalia 

    A braquicefalia acontece quando as duas suturas coronais se fecham precocemente. Isso impede o crescimento do crânio para a frente e para trás. E, para compensar, a cabeça cresce para os lados e para cima. O resultado é uma cabeça larga, curta e alta, com uma testa achatada e proeminente. 

    Escafocefalia 

    A escafocefalia é o tipo mais comum de cranioestenose. Ela é causada pelo fechamento precoce da sutura sagital, que fica no topo da cabeça, indo da moleira (fontanela anterior) até a parte de trás. Com essa fusão, a cabeça não consegue se alargar. E ela cresce para a frente e para trás, tornando-se longa e estreita. 

    Trigonocefalia 

    A trigonocefalia acontece por causa do fechamento prematuro da sutura metópica, que vai do nariz até a moleira (fontanela anterior). Com isso, a testa fica pontuda, com uma crista visível no meio, e os olhos podem parecer mais próximos um do outro. A cabeça, vista de cima, tem um formato triangular. 

    O que causa a cranioestenose? 

    Na maioria dos casos, a condição parece acontecer por acaso. Há uma chance de que fatores genéticos e ambientais possam influenciar o surgimento da condição, mas a ligação ainda não é clara. 

    Em uma parcela menor dos casos, a condição é genética e está associada a síndromes como a de Apert, Crouzon ou Pfeiffer. Nesses casos, além do fechamento precoce das suturas, a criança pode ter outras características físicas ou atrasos no desenvolvimento. Frequentemente, a causa são mutações em genes específicos, como os da família FGFR (receptor do fator de crescimento de fibroblastos). 

    Sintomas e características da cranioestenose 

    O primeiro e mais evidente sinal da cranioestenose é um formato incomum de cabeça. Dependendo de qual sutura se fechou, a cabeça pode parecer mais longa, mais chata, triangular ou assimétrica. Essa mudança na aparência é o principal alerta para os pais e pediatras. 

    Outro sinal importante está na moleira (ou fontanela anterior), aquele espaço macio no topo do crânio. Em bebês com a condição, essa área pode parecer menor que o normal, estar totalmente ausente ou firme ao toque, quando ainda deveria estar aberta e macia. 

    Durante as consultas de rotina, outros dois sinais podem ficar evidentes. Um deles é a falta de crescimento da cabeça. O pediatra mede o perímetro cefálico em toda visita, e um alerta aparece se a cabeça para de crescer ou cresce muito lentamente.  

    Além disso, ao tocar o couro cabeludo do bebê, é possível sentir uma linha dura e elevada, como um calombo, que se forma sobre a sutura fechada. 

    A condição também pode deixar um lado do rosto diferente do outro. Por exemplo: um olho pode parecer mais alto ou mais saltado, uma orelha pode estar desalinhada, a testa ou a bochecha podem ser mais proeminentes de um lado. 

    Em casos mais raros, quando a cranioestenose causa aumento da pressão dentro do crânio, outros sintomas podem aparecer. São eles: irritabilidade excessiva, sonolência, vômitos em jato e problemas de visão. E eles exigem atenção médica imediata. 

    Como é feito o diagnóstico da cranioestenose? 

    No exame físico, o pediatra vai medir a cabeça do bebê e apalpar as suturas e fontanelas. Um formato de cabeça suspeito ou uma crista óssea já levantam suspeitas. 

    Para confirmá-las, o bebê é encaminhado a um especialista, como um neurocirurgião pediátrico. E ele deve pedir uma tomografia computadorizada (TC) com reconstrução 3D para visualizar os ossos do crânio e as suturas fechadas. 

    Em situações específicas, o médico pode pedir uma ressonância magnética do crânio para avaliar o cérebro e verificar se há sinais de pressão elevada ou outras anomalias cerebrais associadas. 

     Além disso, testes genéticos podem ser solicitados se houver suspeita de uma síndrome. Exames como o Sequenciamento Completo do Gene FGFR3 por NGS podem identificar mutações ligadas a certas formas de cranioestenose sindrômica.

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    Possíveis complicações 

    Se não for tratada, a cranioestenose pode levar a complicações sérias, como o aumento da pressão intracraniana. O cérebro em crescimento precisa de espaço, e um crânio restrito pode comprimi-lo, causando danos cerebrais permanentes. 

    As demais possíveis complicações são: 

    • Atrasos no desenvolvimento cognitivo e motor. 
    • Problemas de visão, incluindo inchaço do nervo óptico (papiledema). 
    • Dores de cabeça persistentes. 
    • Problemas respiratórios, especialmente em alguns tipos sindrômicos. 
    • Questões de autoestima relacionadas à aparência. 

    Por isso, o diagnóstico e o tratamento precoces são tão importantes. Eles ajudam a prevenir essas complicações e permitem que o cérebro da criança se desenvolva normalmente. 

    Tratamentos para a cranioestenose 

    O principal tratamento para a cranioestenose é a cirurgia.  Medidas como uso de capacetes ortopédicos moldáveis e técnicas de reposicionamento na cama são mais efetivas nos casos em que não há fechamento das suturas, as plagiocefalias posicionais.  

    A cirurgia visa corrigir o formato da cabeça, aliviar a pressão sobre o cérebro e permitir seu crescimento normal. E as abordagens cirúrgicas mais comuns são a cirurgia endoscópica e a cirurgia aberta.  

    A cirurgia endoscópica é menos invasiva, sendo ideal para bebês com menos de 6 meses. Nela, o cirurgião faz pequenas incisões e usa um endoscópio para abrir a sutura fechada. Após o procedimento, o bebê geralmente precisa usar um capacete ortopédico por vários meses para moldar o crescimento do crânio. 

    Já a cirurgia aberta (remodelação craniana) é um procedimento mais extenso, geralmente feito em bebês mais velhos. O cirurgião reposiciona as partes do crânio para criar um formato mais normal, usando ou não fixadores na calota. 

    O tipo de cirurgia e o momento em que ela é feita dependem da idade do bebê e do tipo de cranioestenose. 

    O mais importante em todos os casos é o rápido diagnóstico, pois quanto mais precoce é feito o diagnóstico e a intervenção, melhor é o resultado do formato craniano.

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