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    eGFR: um importante indicador da saúde dos rins

    Esse número pode revelar problemas renais antes que os sintomas se manifestem

    Fonte: Dra. Ana Letícia Dahermédica patologista clínicaPublicado em 13/06/2025, às 14:13 - Atualizado em 13/06/2025, às 14:13

    eGFR baixo

    A taxa de filtração glomerular estimada (TFGe ou eGFR, do inglês estimated Glomerular Filtration Rate) representa o volume de sangue que os rins conseguem filtrar por minuto para remover resíduos e excesso de fluidos do corpo. Essa taxa é calculada a partir dos níveis de creatinina no sangue, idade, sexo e, por vezes, etnia, usando fórmulas específicas. Quando alterado, pode ser um indicador de problemas nos rins que, se não tratados, podem evoluir para complicações graves.

    eGFR baixo: o que significa? 

    Uma eGFR baixa significa que os rins não estão funcionando com a capacidade esperada para remover resíduos do sangue, indicando uma perda da função renal. De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e as diretrizes internacionais, uma eGFR abaixo de 60 mL/min/1,73m² por três meses ou mais é um dos critérios para o diagnóstico de doença renal crônica (DRC) 

    Vale mencionar que, embora a eGFR tenda a diminuir com a idade, um valor baixo não deve ser automaticamente atribuído ao envelhecimento sem uma investigação, que deve considerar o contexto clínico completo do paciente.

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    Qual valor é considerado normal para os níveis de eGFR? 

    Os valores da eGFR são utilizados para classificar os estágios da doença renal crônica (DRC), conforme as diretrizes internacionais: 

    1. Estágio 1: eGFR ≥ 90 mL/min/1,73m² – Função renal normal. O diagnóstico de DRC neste estágio é feito se houver outras evidências de lesão renal (por exemplo, presença de proteínas na urina, alterações estruturais nos rins). 
    1. Estágio 2: eGFR 60–89 mL/min/1,73m² – Diminuição leve da função renal. Assim como no Estágio 1, é necessário haver outros sinais de lesão renal para o diagnóstico de DRC. 
    1. Estágio 3a: eGFR 45–59 mL/min/1,73m² – Diminuição leve a moderada da função renal. 
    1. Estágio 3b: eGFR 30–44 mL/min/1,73m² – Diminuição moderada a grave da função renal. 
    1. Estágio 4: eGFR 15–29 mL/min/1,73m² – Diminuição grave da função renal. 
    1. Estágio 5: eGFR < 15 mL/min/1,73m² – Insuficiência renal terminal ou falência renal, exigindo diálise ou transplante renal para a manutenção da vida. 

    Para que uma eGFR baixa seja classificado como DRC, ele deve ser persistente por pelo menos três meses.

    Sintomas de eGFR baixo

    Geralmente, a doença renal crônica é assintomática em seus estágios iniciais. Os sintomas geralmente se manifestam quando a perda da função renal é significativa, geralmente nos estágios mais avançados: 3b, 4 e 5. Entre os possíveis sintomas de insuficiência renal, temos:

    1. Cansaço e fadiga persistentes. 
    1. Inchaço nos pés, tornozelos, pernas e, às vezes, rosto (edema). 
    1. Náuseas, vômitos e perda de apetite. 
    1. Cãibras musculares. 
    1. Pele seca e com coceira. 
    1. Necessidade de urinar com mais frequência, especialmente à noite, ou, ao contrário, diminuição do volume de urina. 
    1. Dificuldade para dormir. 
    1. Concentração diminuída ou confusão mental. 
    1. Falta de ar. 
    1. Anemia. 
    1. Dor nos ossos ou articulações (em casos mais avançados). 

    Importante lembrar que a presença de um volume urinário normal não significa necessariamente que a função renal esteja adequada.

    Qual exame avalia os níveis de eGFR baixo?

    O exame para estimar a eGFR é o exame de sangue para medir a creatinina sérica. A partir do valor da creatinina, juntamente com a idade, sexo e, em algumas fórmulas, a etnia do paciente, a eGFR é calculada. As fórmulas mais utilizadas globalmente são a CKD-EPI (Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration) e a MDRD (Modification of Diet in Renal Disease).

    Além do teste de creatinina, outros exames importantes para a avaliação da função renal e o diagnóstico da DRC são:

    1. Exame de urina tipo 1 (urinálise): para detectar a presença de albuminúria (proteína na urina), que é um marcador precoce de lesão renal, mesmo com eGFR normal. 
    1. Relação albumina/creatinina na urina (RAC): um exame mais específico para quantificar a perda de albumina na urina. 
    1. Ultrassonografia renal: para avaliar o tamanho dos rins, a presença de cistos, cálculos ou obstruções. 
    1. Biópsia renal: em casos específicos, pode ser necessária para determinar a causa exata e a extensão da doença renal.
       

    Além dos exames focados diretamente na função de filtração, outros podem ser solicitados para complementar a avaliação da saúde renal. O hemograma, por exemplo, pode indicar a presença de anemia, uma condição frequente em pacientes com DRC, pois os rins doentes produzem menos eritropoetina, um hormônio essencial para a produção de glóbulos vermelhos.

    Qual médico procurar?

    Para a avaliação, diagnóstico e tratamento de uma eGFR baixa e da DRC (doença renal crônica), o especialista mais indicado é o nefrologista. Este profissional é o especialista na saúde dos rins e em condições como insuficiência renal, hipertensão de causa renal, doenças glomerulares, distúrbios eletrolíticos e outros quadros que afetam os rins.

    Em casos de problemas no trato urinário que exigem intervenção cirúrgica (como cálculos renais obstrutivos, tumores na bexiga ou próstata), o urologista é o especialista a ser consultado.

    eGFR baixo: como melhorar?

    A “melhora” da eGFR em casos de DRC significa, na maioria das vezes, estabilizar a função renal e retardar sua progressão, evitando que o paciente chegue à diálise ou ao transplante. As estratégias de tratamento são:

    H3> Controle rigoroso das doenças de base

    Os quadros que com maior frequência necessitam de tratamento são:

    1. Diabetes Mellitus: manter os níveis de glicose no sangue rigorosamente controlados é essencial, pois o diabetes é a principal causa de DRC no Brasil. 
    1. Hipertensão arterial: o controle da pressão arterial é crucial. Medicamentos como inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores do receptor de angiotensina (BRA) são frequentemente utilizados por seus efeitos protetores renais, além de controlarem a pressão.
       

    Também é necessário tratar doenças cardiovasculares, doenças autoimunes e outras condições que possam danificar os rins. 

    Mudanças na dieta

    Com a orientação do nefrologista e de um nutricionista especializado em nefrologia, um novo plano alimentar deve ser elaborado para o paciente. Habitualmente são incluídas as seguintes medidas:

    1. Redução de sódio: diminuir o consumo de sal para ajudar no controle da pressão arterial e na redução do inchaço. 
    1. Controle de proteínas: a ingestão de proteínas pode ser ajustada para não sobrecarregar os rins, dependendo do estágio da DRC. 
    1. Controle de potássio e fósforo: em estágios mais avançados, pode ser necessária a restrição de alimentos ricos nesses minerais para evitar acúmulos tóxicos. 

    Medicamentos específicos

    Além dos medicamentos para pressão e diabetes, o médico pode prescrever diuréticos para o inchaço, quelantes de fósforo, suplementos de cálcio e vitamina D, eritropoetina para anemia e outros, conforme a necessidade.

    O paciente deve evitar o uso indiscriminado de certos medicamentos como os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), que podem ser prejudiciais aos rins.

    Estilo de vida saudável

    Impreterivelmente, o paciente deverá aderir a um novo estilo de vida que contempla:

    1. Parar de fumar, já que o hábito acelera a progressão da DRC e aumenta o risco de doenças cardiovasculares. 
    1. Atividade física regular adaptada à capacidade do paciente, o que ajuda no controle do peso e da pressão, além da manutenção da saúde em geral. 
    1. Controle do peso corporal, o que é importante para a saúde renal. 
    1. Evitar o consumo excessivo de álcool. 

     Consultas regulares com o nefrologista e exames de acompanhamento são essenciais para monitorar a função renal e ajustar o tratamento conforme necessário. O paciente precisa aderir rigorosamente às medicações e recomendações médicas.

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