Enterocolite: saiba tudo sobre essa inflamação intestinal
Nos casos de enterocolite necrosante ou complicações graves, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica
A enterocolite é uma condição caracterizada pela inflamação simultânea do intestino delgado e do cólon. Ela pode afetar pessoas de todas as idades, causando desconforto e comprometendo a qualidade de vida. Siga a leitura para saber mais sobre a enterocolite, suas causas, sintomas, diagnóstico e tratamentos disponíveis.
Neste artigo, você vai ler:
O que é enterocolite?
Enterocolite é uma condição inflamatória que afeta simultaneamente o intestino delgado e o cólon, parte do sistema digestivo responsável pela absorção de nutrientes e pela eliminação de resíduos.
A inflamação pode ser causada por uma série de fatores, incluindo infecções bacterianas, virais, parasitárias ou até mesmo reações alérgicas e doenças autoimunes.
Entre os tipos mais conhecidos está a enterocolite necrosante, que afeta principalmente recém-nascidos prematuros, especialmente aqueles muito abaixo do peso (menos de 1500 gramas). Contribuem para o quadro – que é uma emergência médica – a imaturidade intestinal, o desequilíbrio do tônus vascular, a colonização anormal intestinal e fatores imunológicos locais da parede intestinal.
Já os recém-nascidos a termo (acima de 37 semanas) que desenvolvem enterocolite geralmente apresentam fatores de risco relacionados à hipoperfusão mesentérica (diminuição da oxigenação intestinal), cardiopatia congênita, hipotensão arterial e policitemia.
Em adultos, a condição pode variar em gravidade, indo desde um desconforto leve até sintomas severos que requerem internação hospitalar.
O que causa enterocolite?
Entre as principais causas de enterocolite estão:
- Infecções bacterianas, virais ou parasitárias: organismos como Salmonella, Escherichia coli, Shigella, rotavírus e giárdia são responsáveis por muitos casos de enterocolite infecciosa, também conhecida como infecção intestinal.
- Uso prolongado de antibióticos: pode levar a um desequilíbrio na microbiota intestinal, favorecendo o crescimento de bactérias oportunistas, como o Clostridium difficile, que causa enterocolite pseudomembranosa.
- Doenças inflamatórias intestinais (DII): Condições como a Doença de Crohn e a colite ulcerativa podem desencadear inflamações severas no intestino.
- Alimentação contaminada ou inadequada: a ingestão de alimentos mal-cozidos ou de água não tratada aumenta o risco de infecções gastrointestinais que evoluem para enterocolite.
- Isquemia intestinal: a redução no fluxo sanguíneo para o intestino, comum em idosos ou pacientes com problemas cardiovasculares, pode causar danos e inflamação.
Vale lembrar ainda que pacientes com sistemas imunológicos comprometidos estão mais suscetíveis a infecções que podem causar enterocolite.
Quais são os sintomas de enterocolite?
Os sintomas da enterocolite podem variar dependendo da causa subjacente e da gravidade da inflamação. No entanto, alguns sintomas comuns incluem:
- Diarreia: frequentemente aquosa e, em alguns casos, pode conter sangue.
- Dor abdominal: geralmente localizada no abdômen inferior, podendo ser intensa.
- Febre: indicativa de uma resposta inflamatória ou infecciosa.
- Náuseas e vômitos: comuns em casos de infecção intestinal.
- Perda de apetite: devido ao desconforto abdominal.
- Desidratação: resultante da perda de fluidos pela diarreia.
Em casos graves, a enterocolite pode levar a complicações como a perfuração intestinal ou a sepse, que necessitam de cuidados médicos urgentes.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de enterocolite geralmente envolve uma combinação de avaliação clínica e exames laboratoriais e de imagem. O médico inicia com um histórico detalhado do paciente, incluindo informações sobre a duração dos sintomas, histórico de viagens, dieta e uso de medicamentos.
Entre os exames que são comumente solicitados estão o de fezes, para identificar agentes infecciosos, como bactérias, vírus ou parasitas e os de sangue, que podem mostrar sinais de infecção, inflamação ou anemia.
A endoscopia e colonoscopia podem ser indicadas em casos mais graves ou persistentes para avaliar diretamente a mucosa intestinal e coletar amostras para biópsia. Já a tomografia computadorizada (TC) ajudaria a identificar inflamações extensas, abscessos ou complicações como perfurações.
Nos casos de enterocolite necrosante em recém-nascidos, o diagnóstico pode incluir radiografias abdominais para detectar sinais de necrose ou obstrução intestinal.
Enterocolite tem cura?
Sim, a maioria dos casos de enterocolite tem cura, especialmente quando o diagnóstico e o tratamento adequado são feitos precocemente. No entanto, a cura depende diretamente da causa subjacente.
A enterocolite infecciosa, por exemplo, geralmente, resolve-se com tratamento apropriado, como antibióticos, hidratação e repouso.
Em casos relacionados a doenças inflamatórias intestinais, o objetivo é controlar os sintomas e evitar recaídas, uma vez que essas condições não têm cura definitiva.
Casos graves, como enterocolite necrosante podem necessitar de intervenções cirúrgicas e têm um risco maior de complicações, mas muitos pacientes conseguem se recuperar completamente com tratamento intensivo.
Tratamento para enterocolite
O tratamento da enterocolite visa controlar os sintomas, combater a infecção (se presente) e tratar a causa subjacente. Medicamentos podem ser utilizados para controlar a diarreia, aliviar a dor e combater a infecção. Além disso, é fundamental manter o corpo hidratado (para evitar a desidratação causada pela diarreia) e fazer repouso, permitindo que o intestino se recupere.
Em casos de infecção bacteriana, os antibióticos são essenciais. Já os corticosteroides podem ser utilizados para reduzir a inflamação em casos de doenças inflamatórias intestinais e, os imunossupressores, em casos de doenças autoimunes.
Nos casos de enterocolite necrosante ou complicações graves, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica para remover as partes afetadas do intestino.
É fundamental evitar a automedicação, especialmente com medicamentos antidiarreicos, que podem agravar a condição em certos casos. O acompanhamento médico é essencial para garantir o tratamento correto e evitar complicações.
Fonte: Dra. Ana Amélia Fialho, pediatra da Maternidade Brasília