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    Tudo sobre enxaqueca: tipos, causas e sintomas

    Doença incapacitante atinge mais da metade da população brasileira

    Por Raquel RibeiroPublicado em 04/10/2022, às 16:42 - Atualizado em 31/05/2023, às 17:07
    enxaquecaFoto: Shutterstock

    Uma dor latente, recorrente e que pode ser moderada ou intensa, na maioria das crises. Popularmente conhecida como dor de cabeça, a enxaqueca é uma das doenças mais incapacitantes do mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Afeta diretamente a vida social do indivíduo, muitas vezes impedindo-o de trabalhar e estudar, além de realizar outras atividades simples do dia a dia.

    Para se ter uma ideia, a enxaqueca faz parte da vida de cerca de 12% da população mundial. Mas apesar do alto índice, engana-se quem acredita que ter esse tipo de dor é algo normal.

    “Não é porque você desconhece a causa da enxaqueca que não há tratamento para ela. Sendo assim, não conviva com dor e nem se automedique, pois essa atitude pode piorar a sua dor de cabeça. O abuso de analgésicos é inclusive uma causa de dor de cabeça a longo prazo. Portanto, busque ajuda profissional para que você receba cuidado o quanto antes”, afirma Ana Paula Peña Dias, neurologista do Saúde Minuto.

    Veja a seguir, mais detalhes sobre o tema. Acompanhe!

    O que é enxaqueca?

    Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, enxaqueca é uma doença neurovascular que se caracteriza por crises repetidas de dor de cabeça. Ou seja, a enxaqueca é uma das possíveis causas de dor de cabeça. Essas dores podem ocorrer com crises ao longo da vida ou diversos episódios a cada mês; isso irá depender de cada pessoa.

    Também conhecida como migrânea, é uma dor que caracteristicamente envolve metade da cabeça e que costuma estar ligada à náusea, vômitos e desconforto quando a pessoa está em exposição a luz e sons altos. Uma crise pode durar até 72 horas. 

    Tipos de enxaqueca

    Em primeiro lugar, é importante esclarecer que existem mais de 300 tipos de dores de cabeça. As mais comuns são a enxaqueca e a tensional. Confira mais detalhes sobre algumas delas:

    Enxaqueca com aura

    Aura é o nome dado ao conjunto de sintomas neurológicos que podem iniciar antes ou junto com a dor de cabeça, tendo uma duração entre 5 e 60 minutos cada aura.

    Seus sintomas são ocasionados por sinais elétricos cerebrais. “Podemos ter o que chamamos de aura visual, onde a pessoa começa a ter alterações visuais e passa a enxergar como se fossem pontinhos luminosos e brilhantes na visão, ou de repente não enxergar parte do campo visual” explica Ana Paula.

    Ainda, pode ser manifestada da seguinte forma:

    • Pontos pretos na visão (escotomas);
    • Pontos brilhantes na visão (cintilação);
    • Imagens em zigue-zague (espectros de fortificação): surgem em uma parte do campo visual e pouco a pouco vão se espalhando e crescendo na visão;
    • Alterações sensitivas: se manifestam com formigamento ou dormência que costumam afetar apenas um lado do corpo e passam a se espalhar progressivamente;

    Dificuldade da fala/linguagem: a pessoa tem dificuldade em pronunciar algumas palavras ou ainda pensa no que quer dizer, mas ao tentar produzir as frases, os sons saem incompreensíveis.

    Enxaqueca crônica

    O que diferencia a enxaqueca crônica da enxaqueca comum é a duração. No caso mais grave, a dor intensa dura por mais de 15 dias e se repete por mais de três meses. Esse tipo de enxaqueca corresponde a 10% dos casos.

    Fatores genéticos como um membro próximo da família que também sofreu ou sofre com enxaqueca e irregularidades vasculares, como problemas com o fluxo sanguíneo para dentro do cérebro, podem ser precedentes que contribuem para a enxaqueca.

    Enxaqueca menstrual

    Trata-se de um tipo de enxaqueca que acontece dias antes do ciclo menstrual. Também pode ocorrer durante ou após o término do período. Deve-se ao fato de os níveis de estrógenos, um dos principais hormônios femininos, aumentarem ou flutuarem durante a menstruação.

    Quando as mulheres estão próximas da menopausa, ou seja, quando os níveis de estrogênio ficam instáveis, a enxaqueca também pode ser difícil de controlar.

    Enxaqueca oftálmica

    É o tipo de dor com origem oftalmológica. Em outras palavras, causada por problemas comuns na visão como miopia, quando objetos distantes parecem borrados, e astigmatismo, no qual objetos, tanto distantes quanto os que estão perto, parecem distorcidos.

    Nesse sentido, algumas pessoas costumam relatar dor pulsante em torno dos olhos, que pode vir acompanhada de linhas ou contornos e que acabam comprometendo a visão.

    Esse é um tipo de enxaqueca que se faz necessário um exame oftalmológico completo para a confirmação do diagnóstico. 

    Sintomas da enxaqueca

    Sua característica principal é a dor latejante e de forte intensidade (geralmente na metade do crânio). Outros sintomas comuns que podem estar relacionados ou não com esses são:

    enxaqueca

    Quais as causas da enxaqueca?

    A enxaqueca é uma doença que a gente chama de idiopática, ou seja, que ainda tem sua causa desconhecida. No entanto, existem fatores que cooperam para o seu aparecimento. 

    “Sabe-se que a enxaqueca tem uma característica genética e uma relação hormonal, que levam a uma predisposição maior a crises em mulheres. Mas ainda não se sabe ao certo o que ocasiona a doença. Em relação ao que chamamos de gatilhos de dor, podemos considerar o estresse, a ansiedade, falta de sono e o alto consumo de cafeína”, explica a neurologista. Por outro lado, dizer que essa condição tem esses gatilhos não quer dizer que não deva ser tratada pela simples presença dos gatilhos.

    Outros fatores desencadeantes da enxaqueca podem variar de uma pessoa para a outra, mas entre os principais estão:

    • Sono prolongado;
    • Ficar por um longo período sem comer;
    • Traumas cranianos;
    • Comer alimentos gordurosos, lácteos ou chocolate e laranja;
    • Privação da cafeína, por aqueles que consomem grandes quantidades de café durante a semana e não fazem no fim de semana;
    • Exposição a ruídos altos, odores fortes ou temperaturas elevadas.

    Diagnóstico

    Foto: Shutterstock

    O diagnóstico é predominantemente clínico. Ou seja, é feito baseado na história clínica e no exame físico que é feito para descartar algumas causas. Não existe um exame específico que comprove que o indivíduo sofre de enxaqueca.

    Alguns dos exames complementares de laboratório que podem ser feitos para descartar outras causas de dor de cabeça que não enxaqueca são:

    • Tomografia computadorizada: um exame de imagem não invasivo que funciona como uma espécie de raio-x que avalia 360º de alguma parte do corpo, neste caso da cabeça.
    • Ressonância magnética: também é um exame que permite a captação de imagens para identificar o que é água e o que é gordura, além de ter um maior grau de detalhamento em relação a tomografia.

    Vale ressaltar que esses exames devem ser feitos sempre sob prescrição médica, e que eles se prestam para a exclusão de outras causas de dor de cabeça. 

    Tratamento

    O tratamento se divide em preventivo e sintomático. O preventivo pode ser feito com medicamentos, como antidepressivos, antiepiléticos e anti-hipertensivos, e é utilizado para evitar que o indivíduo tenha novos episódios de dor. Já o sintomático serve para melhorar agudamente a dor. 

    Mais recentemente, o uso de substâncias injetáveis, que são específicas para prevenção de enxaqueca, chamadas de anticorpos monoclonais, remédios de origem biológica famosos pela precisão, têm sido usados para quem tem enxaqueca crônica. 

    Outra opção é a aplicação de toxina botulínica, que promove o  relaxamento do músculo da face, impedindo que os neurotransmissores levem os sinais de dor até o músculo. 

    Para quem já sofre de enxaqueca, o tratamento irá depender do grau de comprometimento das atividades do dia a dia do indivíduo. Pode ser feito pontualmente nas crises, quando elas são esporádicas ou espaçadas. 

    “Agora se as crises são muito frequentes, precisa também entrar com o tratamento preventivo para que o indivíduo tome algumas medicações antes de ter dor. Assim, ele terá um menor impacto em sua vida”, afirma Ana Paula.

    Contudo, saiba que é fundamental consultar um neurologista para o diagnóstico e tratamento correto de sua dor de cabeça.

    Acupuntura para enxaqueca

    Foto: Shutterstock

    Outra alternativa que tem se mostrado eficaz para o tratamento da enxaqueca é a acupuntura, terapia não medicamentosa em que  agulhas de espessura milimétrica são introduzidas em pontos específicos do corpo.

    Alguns estudos comprovaram uma redução, tanto na frequência quanto na intensidade, das crises por meio da acupuntura. Outro pesquisa com análises feitas durante três anos mostrou que o método se provou ainda mais eficiente que os tratamentos medicamentosos convencionais. 

    A modalidade, pode ser realizada em sessões com cerca de 20 minutos de duração, entre uma ou duas vezes por semana e visa estimular receptores nervosos, causando reações elétricas, bioquímicas e vasomotoras, as quais geram efeitos analgésicos, antiinflamatórios e de relaxamento muscular.

    “A técnica age reforçando mecanismos descendentes de analgesia e também produz neurotransmissores como a noradrenalina e serotonina, além de opioides endógenos (grupo de fármacos que atuam na terapia da dor crônica e aguda de alta intensidade), que contribuem para a melhora da dor e da frequência das crises em pessoas com a doença. Além disso, contribuem para a redução do uso de analgésicos no tratamento da enxaqueca”, explica Eline Barbosa, neurologista especialista em medicina do sono e membro do CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).

    Referência: Sociedade Brasileira de Cefaleia

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