Esclerose múltipla: doença danifica os nervos
Condição não tem cura, mas pode ser controlada com acompanhamento do médico neurologista e hábitos saudáveis

A esclerose múltipla pode afetar cada pessoa de uma forma diferente. Essa é uma doença neurológica que tem a capacidade de prejudicar a visão, a coordenação motora, a locomoção, a função urinária, entre outros aspectos do organismo – causando quadros clínicos variados e se manifestando com maior ou menor gravidade.
Neste artigo, você vai ler:
Esclerose múltipla: o que é?
A esclerose múltipla é uma doença do sistema nervoso central, ou seja, atinge o cérebro e a medula espinhal.
Ela é considerada autoimune e inflamatória, pois o próprio sistema de defesa do organismo passa a atacar estruturas do corpo. No caso da esclerose múltipla, o alvo é a mielina – uma espécie de “capa protetora” que envolve os nervos e garante a boa comunicação entre cérebro e corpo.
Também é uma condição crônica, o que significa que acompanha a pessoa por toda a vida.
O que causa a esclerose múltipla?
Em pacientes com esclerose múltipla, o sistema imunológico ataca a bainha de mielina (membrana protetora que reveste os nervos do cérebro e da medula espinhal). Por isso, a doença é caracterizada como desmielinizante. Consequentemente, há formação de um tecido cicatricial denominado esclerose, que prejudica a transmissão de impulsos elétricos entre os nervos e pode levar a uma série de sintomas.
Não se sabe com exatidão o que desencadeia esse ataque do sistema imunológico à mielina, mas os especialistas acreditam que ele seja influenciado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
Observa-se que a esclerose múltipla é mais frequente em adultos entre 20 e 50 anos de idade e em mulheres. Dados indicam ainda que a doença é mais comum em pessoas que moram em latitudes elevadas, mais distantes da linha do Equador (possivelmente devido a baixos níveis de vitamina D que podem ser resultado da menor exposição solar).
Sintomas da esclerose múltipla
Os sintomas da esclerose múltipla variam conforme a região acometida e podem ter intensidades diferentes a depender da gravidade do quadro. Em geral, os pacientes podem apresentar:
- Problemas oftalmológicos (como baixa visão e visão dupla);
- Fraqueza nos braços e nas pernas;
- Desequilíbrio e dificuldade para coordenar movimentos;
- Parestesia (sensação de formigamento ou dormência);
- Dificuldade para falar ou engolir;
- Perda de memória;
- Fadiga (cansaço extremo);
- Problemas urinários (como incontinência urinária).
Tipos de esclerose múltipla
É comum que as manifestações da esclerose múltipla (EM) tenham períodos de maior atividade e de remissão, ou seja, a doença pode se apresentar “em crises”. Elas podem aparecer de forma repentina e durar por alguns dias, semanas ou meses e, depois, melhorar ou até desaparecer – para, posteriormente, surgir outra vez.
Com base nisso, classifica-se a doença em três tipos principais:
- EM remitente recorrente: essa é a forma mais comum, em que há períodos de crises (surtos) seguidos de períodos de remissão (melhora);
- EM secundariamente progressiva: depois de anos de crises e remissões em um quadro de EM remitente recorrente, os sintomas passam a ser mais contínuos, caracterizando então um quadro de EM secundariamente progressiva.
- EM primariamente progressiva: desde o início, os sintomas estão sempre presentes (sem haver períodos de remissão) e pioram aos poucos.
Qual médico procurar?
O neurologista é o médico especializado em distúrbios que afetam o sistema nervoso, estando apto a conduzir uma investigação e diagnosticar a esclerose múltipla.
Muitas vezes, o tratamento requer a atuação de uma equipe multidisciplinar. Portanto, além do neurologista, podem participar outros médicos (como o urologista) e profissionais da saúde (incluindo fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e psicólogo), dependendo das necessidades de cada paciente.
Exames que auxiliam no diagnóstico da esclerose múltipla
O diagnóstico da esclerose múltipla envolve a história clínica do indivíduo e uma avaliação física conduzida pelo médico, além de exames complementares.
Geralmente são utilizadas a ressonância magnética de crânio e de coluna para investigar a presença de lesões na bainha de mielina, e a coleta de líquor para avaliar as características do líquido cefalorraquidiano (que envolve o cérebro e a medula) e buscar por sinais de inflamação.
Como não existe um exame específico para detectar a esclerose múltipla, o diagnóstico é feito por exclusão – ou seja, descartando outras possíveis causas dos sintomas após uma análise detalhada do caso.
Esclerose múltipla tem cura?
Atualmente, não existe cura para a esclerose múltipla. No entanto, existem tratamentos eficazes que podem auxiliar a controlar a evolução da doença e, assim, oferecer mais autonomia e melhor qualidade de vida aos indivíduos.
Tratamentos para a esclerose múltipla
O tratamento da esclerose múltipla visa retardar a progressão da doença, por meio de fármacos específicos que modulam o sistema imunológico, e amenizar os sintomas, com o auxílio de medicamentos corticosteroides e também medicamentos de outras classes.
Além disso, pode ser importante aderir a sessões de fisioterapia (para trabalhar a mobilidade e a força), terapia ocupacional (para aprender a realizar tarefas do cotidiano com autonomia e maior facilidade) e psicoterapia (para cuidar da saúde mental).
Recomenda-se ainda manter um estilo de vida saudável, com prática regular de atividades físicas, alimentação diversificada e equilibrada, boas noites de sono e interrupção do tabagismo.