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    Hanseníase: sintomas, transmissão e tratamento

    Diagnóstico precoce é essencial para evitar o comprometimento do sistema nervoso periférico

    Por Tiemi OsatoPublicado em 04/11/2022, às 13:35 - Atualizado em 04/11/2022, às 13:35
    Imagem: Shutterstock

    A hanseníase é uma doença bem antiga. Em alguns lugares, como nos Estados Unidos, ela é considerada rara. Em outros, como no Brasil, ela ainda circula – e bastante.

    De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), nós somos o segundo país com o maior número de casos de hanseníase, ficando atrás somente da Índia.

    Mas é importante ressaltar que existe uma série de diferenças na comparação com o passado. Se antes a hanseníase era amplamente temida, hoje nós conseguimos lidar muito melhor com a doença. Sabemos que essa condição não é facilmente transmitida e que ela pode, sim, ser tratada.

    O que é hanseníase

    A hanseníase é uma doença infecciosa e bacteriana, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, também conhecido como bacilo de Hansen.

    Uma vez no organismo, esse patógeno ataca principalmente os nervos periféricos (aqueles que ficam fora do cérebro e da medula espinhal). Além disso, também pode afetar a pele e as mucosas.

    Tipos de hanseníase

    A doença é dividida em quatro categorias de apresentação clínica: indeterminada, tuberculoide, dimorfa e virchowiana.

    As duas primeiras são as formas paucibacilares da hanseníase, nas quais os pacientes têm poucos bacilos. Já as duas últimas são multibacilares – nelas, os pacientes têm muitos bacilos).

    A hanseníase indeterminada é a fase inicial do quadro. O ideal é fazer o diagnóstico nesse momento. Quanto mais precoce a detecção, menor o risco de sequelas.

    Se a imunidade do indivíduo contra o Mycobacterium leprae for boa, é comum que a condição passe para a hanseníase tuberculoide. Nesse caso, as lesões são poucas e o comprometimento do sistema nervoso periférico é menor.

    Se a imunidade da pessoa contra a bactéria for baixa, a evolução acontece na direção da hanseníase virchowiana. Essa é a forma mais grave da doença.

    Se a imunidade for intermediária, o paciente pode ter a hanseníase dimorfa. Ela não chega a ser grave como a virchowiana, mas gera mais lesões que a tuberculoide.

    Sintomas da hanseníase

    Um paciente com hanseníase geralmente apresenta queixas neurológicas e dermatológicas. Os sintomas mais comuns são:

    Arte: Andrea Petkevicius

    Essas manifestações podem demorar a surgir. Isso porque o período de incubação da bactéria varia, em média, de 2 a 5 anos. No entanto, existem pessoas que podem demorar mais de 10 anos para ter uma apresentação clínica.

    É importante ficar atento aos sintomas e procurar ajuda profissional ao menor sinal de hanseníase. Se a doença demorar a ser diagnosticada e tratada, ela pode deixar sequelas permanentes.

    A hanseníase pode, inclusive, ser incapacitante. Os pacientes podem ter, por exemplo, deformidades e perda dos movimentos nas mãos e nos pés, lesões nos olhos, destruição do septo intranasal e osteomielite (infecção dos ossos).

    Como ocorre a transmissão da hanseníase

    A hanseníase é transmitida pela secreção de vias aéreas superiores – ou seja, tosse e espirro. Vale ressaltar que, para pegar a doença, também é necessário manter contato íntimo e prolongado (por muitos meses) com uma pessoa infectada pela forma multibacilar e sem tratamento.

    Não é possível contrair hanseníase por contatos casuais e pontuais, como sentar perto de um paciente, abraçá-lo ou usar o mesmo objeto que ele.

    Além disso, nem todo mundo que entra em contato com a bactéria causadora da hanseníase desenvolve a doença. Muitas pessoas têm uma imunidade capaz de eliminar o bacilo de Hansen.

    Diagnóstico

    O diagnóstico da hanseníase é clínico, de caráter dermatológico e neurológico. Basicamente, o especialista faz testes de sensibilidade, palpa os nervos, avalia a força muscular e analisa a pele em busca de lesões.

    Existem exames como a baciloscopia e a sorologia que podem auxiliar no diagnóstico da hanseníase. Esses métodos, porém, muitas vezes só identificam a condição em estágio avançado. Por isso, os médicos geralmente optam por uma detalhada avaliação clínica.

    Uma vez feito o diagnóstico do paciente, também é recomendado fazer uma busca ativa. Isso significa examinar periodicamente as pessoas com quem o paciente teve contato próximo e prolongado, para, se necessário, fazer um diagnóstico precoce e, assim, diminuir a circulação do Mycobacterium leprae.

    Tratamento para hanseníase

    O tratamento tradicionalmente indicado para hanseníase é a poliquimioterapia (PQT), baseada no uso dos antimicrobianos rifampicina, dapsona e clofazimina.

    No caso de pessoas com as formas multibacilares da doença (hanseníase dimorfa e hanseníase virchowiana), os medicamentos devem ser tomados por cerca de 12 meses. Com o início do tratamento, a doença para de ser transmitida.

    Para indivíduos com as formas paucibacilares (hanseníase indeterminada e hanseníase tuberculoide), a duração do tratamento é de 6 meses.

    Há também aqueles pacientes mais resistentes à poliquimioterapia, que podem precisar de outros medicamentos e de um tratamento mais longo do que o padrão.

    Fontes: Claudio Guedes Salgado, dermatologista presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia; Márcio Gaggini, infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Hansenologia.

    Referências: Hansen’s Disease, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos; Hanseníase, do Ministério da Saúde; Hanseníase, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

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